O presidente mexicano Enrique Peña Nieto anunciou uma modernização em larga escala das Forças Armadas nacionais. O processo, que será concluído até 2030, prevê três fases; na última delas, entre 2025 e 2030, serão adquiridos 24 caças.

Embora não tenha sido especificado qual aeronave irá substituir os atuais modelos norte-americanos F-5 Tiger II, a abertura de uma licitação para a compra de caças leves supersônicos pode resultar na compra de MIG-35 russos.

Segundo os projetistas, o MiG-35 (na foto acima nas cores do Egito) é mais seguro, mais eficaz e 50% mais barato do que o seu antecessor MiG-29. Além disso, na relação custo-benefício, o MiG-35 supera seus análogos, como o francês Rafale, o sueco Gripen e o norte-americano F-16.

Apesar das vantagens, os especialistas acreditam que não será fácil entrar no mercado mexicano.

“Devemos trabalhar duro para conseguir isso. Há vários fatores que atuam contra Moscou: a dependência do México em relação aos EUA, a falta de experiência mexicana no manejo de aeronaves russas, e as dificuldades associadas com formação de pilotos e pessoal técnico, além da manutenção das aeronaves”, disse à Gazeta Russa o especialista do Centro de Estudos da Sociedade em Situações de Crise, Aleksêi Krivopálov.

“Por exemplo, quando os peruanos adquiriram MiG-29s em 1990, eles tiveram vários problemas com a manutenção e a operação dos caças. A Rússia deve fazer uma oferta especial para que o México escolha seus aviões”, acrescentou. 
O novo caça multifuncional de geração 4 ++ MiG-35 foi apresentado ao público pela fabricante de aeronaves militares russa Mikoyan no final de janeiro. A diretoria da empresa afirma que “vários países já demonstraram interesse na aquisição do avião”.

Produção localizada
Em entrevista à edição mexicana da “Forbes”, o diretor-presidente da Mikoyan, Iliá Tarasenko, o objetivo da fabricante de aviões russa é expandir sua presença no mercado latino-americano e fomentar sua relação com os países da região.

Além disso, a empresa estaria disposta a oferecer ao México um “generoso acordo de compensação” que inclui não só a manutenção de pilotos e o treinamento de pilotos e engenheiros, como também a produção de modelos MIG-35 em solo mexicano.

Para os especialistas, a intenção russa de iniciar a produção de caças no território do México aumenta as chances de assinatura do acordo. Ainda assim, o fator político deve pesar sobre as negociações.

“As chances do MIG são pequenas. O México é muito dependente dos EUA e não tem potenciais inimigos. Sua necessidade de caças se limita a duas dúzias de aviões. É improvável que o país, que sempre compra tecnologia americana, escolha um avião russo, e um modelo que ainda nem tem produção em série”, explica o editor-chefe do portal russo “Paridade militar”, Adrian Nikoláiev.

30 anos de atuação
Há dois anos, quando as Forças Armadas do México celebraram seu centenário, o comandante da Força Aérea Mexicana, general Carlos Antonio Rodriguez Munguia, anunciou que duas a cada dez aeronaves militares do país estavam em serviço há mais de 30 anos e deveriam ser substituídas.

A situação dos bombardeiros no país é ainda mais crítica. Dos 12 caças F-5 Tiger II comprados dos EUA em 1982, apenas três puderam integrar o último desfile do Dia da Independência do México.

Durante os seis anos de mandato do ex-presidente Felipe Calderón, concluído em 2012, esses aviões lutaram ativamente contra os traficantes de drogas, interceptando criminosos que tentavam atravessar a fronteira a partir da Guatemala.
 
Da Gazeta Russa