Em maio de 2013 um drone Predador americano estava voando em águas
internacionais, próximo ao Irã, quando um caça Phantom F-4 iraniano
começou a se aproximar, com intenções de abate. Os EUA já estavam
cientes, e na região tinham um F-22, stealth. Sem ser detectado
o F-22 se aproximou pela traseira, voou para baixo do Phantom para
checar o armamento, então nivelou ao lado do inimigo.
Achmed tomou o maior susto da sua vida quando ouviu no rádio o piloto americano, que provavelmente acenava enquanto falava “Olha, você realmente deveria ir para casa”.
Ninguém foi abatido naquele dia, nenhum tiro disparado e com sorte o iraniano até estava usando as calças marrons.
O F-22 teve seus problemas, mas ele ainda é a coisa mais avançada
voando hoje em dia. É uma maravilha tecnológica levando os dois mais
avançados computadores já instalados em um avião, e um deles é o backup.
Ele voa com impunidade em qualquer cenário, sua tecnologia stealth torna qualquer combate covardia, mas por um tempo ele não foi desejado.
O primeiro voou em 1997, mas as especificações foram colocadas no
papel em 1981. O objetivo era avançar os caças em uma geração, evitando a
desvantagem estratégica em relação aos russos, que estavam começando a
construir aviões realmente bons e em muito maior número.
O protótipo voou em 1991, foi aprovado e a politicagem foi ativada no
grau máximo. A Lockheed Martin espalhou os fornecedores de componentes
entre 46 estados dos EUA, a linha de produção envolvia 1.000 empresas e
95.000 trabalhadores. Um pesadelo logístico, um custo altíssimo mas ao
menos assim o Senhor Deputado podia bater no peito e dizer que estava
garantindo empregos para o seu estado.
O projeto original era produzir 750 caças, a um custo total de US$
26,2 bilhões; mas como bom projeto de governo, chegou a custar US$ 62
bilhões por 183 aviões. Em dado momento surgiu uma opção que reduziria o
custo total mas aumentaria o custo individual.
Em 2012 o custo estimado por F-22 era de US$ 412 milhões, ou seja: o
sujeito pilotava com a ponta dos dedos, se arranhasse a pintura pagaria
carnê pelo resto da vida.
Já em 2008 o F-22 estava sendo questionado. Ele foi projetado para
uma guerra que não mais aconteceria: os russos agora eram amigos. Não
faz sentido um avião de US$ 400 milhões quando seu inimigo são dois
idiotas em um camelo. No martelo final foram produzidos 195 aviões dos
750.
Desses 195 187 são operacionais, o resto são unidades de demonstração, teste, etc.
Desses 187, somente 1/3 estão em condições de vôo, o resto está em upgrade ou manutenção preventiva.
O último F-22 saiu da linha de montagem em 2011: o ferramental foi
aposentado, as linhas reorganizadas para produzir outros aviões, como o
F-35, muita gente foi demitida, e a experiência se perdeu.
Aí alguém se tocou que o mundo mudou, que a Rússia não é mais
boazinha, que a China está botando as manguinhas de fora, e que todos
esses têm excelentes aviões. A Melhor Coréia não tem nada que voe e seja
decente mas tem muitos mísseis, e isso também é ruim.
Em 2016 o Congresso pediu discretamente que alguém fizesse um estudo
formal para reinstaurar a linha de produção do F-22. O estudo saiu, mas
foi tão desastroso que o classificaram como secreto. O resultado
confirmou o que todo mundo do meio havia dito: a produção do F-22 não
deveria ter sido encerrada com tão poucas unidades, e agora vai sair
caro, muito caro.
O consenso é que produzir 194 novos F-22 custaria US$ 50 bilhões.
Pior, levaria cinco anos para a linha colocar o primeiro avião na rua.
Heather Wilson, secretária da Força Aérea já avisou que não há
qualquer interesse em reativar a produção do F-22, isso significa que o
foco está no novo caça de 6ª geração, a ser lançado por volta de 2030.
Esperemos que os caras maus tenham paciência e não façam nada contra os
EUA até lá…
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