Autoridades miram sede da Marinha, estaleiro e uma das duas firmas alemãs
acusadas de envolvimento em caso de submarino desaparecido.
Investigadores tentam determinar se protocolos de segurança foram
seguidos.A polícia argentina realizou operações de apreensão e busca na
central da Marinha da Argentina e nos escritórios de um estaleiro
estatal. Segundo fontes judiciais, as operações fazem parte da
investigação sobre alegadas irregularidades nos reparos do submarino ARA
San Juan, que desapareceu em novembro com 44 tripulantes a bordo.
Investigadores estão tentando determinar se os protocolos de segurança e
de material foram corretamente seguidos quando o submarino foi
submetido à manutenção e reparos entre 2007 e 2014. O comandante do
submarino relatou um problema nas baterias pouco antes de desaparecer
nas águas do Atlântico Sul.
O juiz Sergio Torres ordenou as buscas na sede da Marinha e no
estaleiro estatal Tandanor para apreender quaisquer documentos que
possam mostrar irregularidades em trabalhos no submarino, que foi
construído na Alemanha em 1983 e adquirido pelo governo argentino dois
anos depois.
Nas últimas semanas, emergiram notícias e alegações de corrupção
envolvendo duas companhias alemãs, Ferrostaal e EnerSys-Hawker, e
problemas em consertos elétricos no submarino. Autoridades argentinas
também realizaram buscas nos escritórios de Buenos Aires da Ferrostaal.
A parlamentar Elisa Carrió, da coalizão governista do presidente
Mauricio Macri, afirmou que houve irregularidades e, possivelmente,
"comportamento ilegal" no processo de adjudicação de contratos de
reparos de navios e submarinos entre 2005 e 2015.
Carrió apresentou uma queixa legal contra dois ex-ministros da Defesa
que atuaram nos governos dos ex-presidentes Néstor Kirchner e Christina
Kirchner. Segundo ela, as irregularidades favoreceram as empresas alemãs
Ferrostaal e EnerSys-Hawker.
No começo deste mês, a emissora pública alemã Bayerischer Rundfunk
divulgou que as duas empresas alemãs pagaram subornos para conseguir os
contratos e que ofereceram peças de qualidade inferior.
Além disso, a juíza Marta Yáñez está supervisionando outro inquérito
sobre "possíveis irregularidades", este visando atender às questões dos
familiares dos tripulantes.
Numa terceira frente de investigação, a Câmara dos Deputados votou
nesta quarta-feira para criar uma comissão encarregada de emitir um
relatório final dentro de um ano, "com amplos poderes para solicitar
documentação, coletar declarações de funcionários públicos, ordenar
estudos e análises de especialistas", comunicaram fontes legislativas. A
iniciativa aguarda o crivo do Senado.
O ARA San Juan reportou sua posição pela última vez na manhã de 15 de
novembro na área do Golfo de San Jorge, a 432 quilômetros da costa
argentina. Poucas horas antes, o comandante do submarino havia
comunicado uma entrada de água que molhou as baterias, o que provocou um
curto-circuito e um princípio de incêndio. O problema teria sido
corrigido, e o San Juan seguiu seu curso rumo à sua base, em Mar del
Plata.
Depois do desaparecimento do submarino e com as investigações sobre
supostas irregularidades, o governo argentino demitiu ou suspendeu três
chefes da Marinha argentina. O ARA San Juan era um dos três submarinos
do país. Apenas um dos outros dois está operacional.
Do DW - Via Terra
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