O Setor de telecomunicações no Brasil se articula para pressionar as
autoridades a fim de acabar com a neutralidade da rede por aqui. A
pressão seria um reflexo das discussões que acontecem atualmente nos
Estados Unidos e podem colocar fim ao mesmo princípio no país
norte-americano.
Em reportagem desta terça-feira (5), o jornal O Globo cita uma fonte do setor de telecomunicações para afirmar a existência da articulação pelo fim da neutralidade, garantida pelo Marco Civil da Internet.
Na opinião das empresas, o princípio de uma internet neutra interfere
na gestão da rede e impede que as companhias deem prioridade a alguns
clientes sem reduzir a qualidade do serviço de outros.
“A mudança
nos EUA vai criar um debate no Brasil que pode resultar na mudança do
Marco Civil da Internet”, afirmou a fonte anônima. “Não é cabível que
uma lei interfira no processo de gestão de rede. Com o avanço da
internet das coisas e da digitalização das empresas, não faz sentido
todos os clientes terem o mesmo tratamento. A decisão dos EUA reforça
esse entendimento.”
Sem justificativa
Luca Belli é
pesquisador do Centro de Tecnologia e Sociedade da FGV e acredita que a
Internet das Coisas, ou seja, a integração cada vez maior de aparelhos
do dia a dia com a internet, não justifica o fim da neutralidade. Para
ele, o Marco Civil permite a utilização de parâmetros diferentes para
diferentes tipos de rede, mas uma empresa ou marca não pode ter
privilégio em relação à outra.
“O texto [do Marco Civil] não
impede a internet das coisas. O princípio da não discriminação é
importante para garantir que o desenvolvimento da internet das coisas
privilegie as mais importantes e inovadoras, não as de grupos
dominantes”, explicou. Em suma, a lei permite que a conexão de um carro
seja diferente daquela usada por um smartphone, mas nenhuma fabricante
pode ser priorizada.
O
Marco Civil já garante a possibilidade de diferença de tratamento, mas
desde em casos emergenciais e não por motivos econômicos
O
Marco Civil traz um mecanismo que permite às teles tratarem seus
clientes de forma diferenciada, mas apenas em casos emergenciais, não
por motivos comerciais. Com um possível fim do princípio, a tendência é
que clientes menores sejam prejudicados e tenham que pagar mais para
aproveitar a conexão com a rede.
“Sem as regras do Marco Civil, os
pequenos clientes vão perder qualidade de rede e velocidade para os
grandes clientes que consomem mais dados e são mais importantes para as
teles”, afirmou um advogado que não quis se identificar. Nos Estados
Unidos, uma reunião do dia 14 de dezembro pode decretar o fim da neutralidade da rede,
algo defendido pelas empresas do setor e por Ajit Pai, o presidente da
FCC (órgão que regulamente as telecomunicações na terra do Tio Sam).
Outros exemplos
Portugal
é um país onde não há neutralidade da rede e lá as pessoas não
contratam mais um único pacote de internet. Elas partem sempre de um
pacote básico e precisam contratar “blocos” de conteúdo extra.
Tal qual em uma TV por assinatura, onde você pode assinar o pacote
Telecine, HBO e de esportes, algumas empresas de internet em Portugal
vendem separadamente os pacotes para acesso a serviços de vídeo, de
música e redes sociais.
Do Tecmundo
1 Comentários
Isso deveria ser cobrado pelo desgoverno.
Eu chamo esse tipo de proposta de desvio de foco