O presidente-executivo da Boeing, Dennis Muilenburg, disse na quinta-feira que a fabricante norte-americana de aviões pode absorver transações na escala de um acordo proposto com a brasileira Embraer, sem colocar em risco investimentos internos em seu negócio ou a remuneração aos acionistas.

Muilenburg, que também é presidente do conselho de administração da empresa, disse em entrevista à Reuters que a Boeing está “progredindo” nas conversas com a Embraer. A empresa continua estudando algumas estruturas possíveis para o acordo, que alguns analistas disseram que pode avaliar a Embraer entre US$ 5 bilhões e US$ 6 bilhões.

— Aquisições da escala da Embraer não são apenas factíveis para nós, elas também são coisas que nós podemos seletivamente fazer, alinhadas à nossa estratégia (de alocação de caixa) — disse Muilenburg.
— Nós temos muito poder de caixa para fazer todas as três coisas: investir de forma orgânica, remunerar os acionistas e então fazer essas aquisições pretendidas — acrescentou.
A Boeing tem como alvo para este ano fluxo de caixa operacional de 15 bilhões de dólares e gasto combinado de pesquisa e desenvolvimento de 5,9 bilhões de dólares. A empresa prometeu retornar 100% do fluxo de caixa livre aos acionistas.

O presidente do Brasil, Michel Temer, está avaliando uma proposta para a criação de uma empresa conjunta na área de área de aviação comercial entre Boeing e Embraer, informou a presidência na semana passada, após o governo se opor a uma aquisição mais ampla da Embraer, que também fabrica aviões militares.
— Nós ainda não terminamos; ainda tem trabalho a ser feito. Mas nós estamos progredindo então tenho esperança de que possamos concluir isso — disse Muilenburg, reiterando que o acordo não é essencial para a Boeing.
— Nós continuamos a avaliar todas as partes da empresa, diferentes estruturas potenciais de propriedade que variam de apoio a total propriedade — disse ele.
As ações da Boeing fecharam na véspera em alta de 0,5%, a US$ 348,73. Já os papéis da Embraer na bolsa brasileira caíram 3,2%, a R$ 20,75.
Questionado se tais acordos envolvendo outros países estavam mais difíceis com o aumento do sentimento protecionista, Muilenburg disse que a Boeing não desistirá da expansão global que, se feita estrategicamente, aumentará os empregos dentro e fora dos Estados Unidos.

Muilenburg disse que a Boeing não decidiu se vai recorrer após perder um caso de dumping contra a canadense Bombardier, mas disse que vai processar novamente se for provocada a isso.
O executivo disse que a Boeing não tem pressa para decidir se lançará um novo avião médio de mercado, que poderia entrar em serviço em 2024 ou 2025.
— É uma decisão que nós provavelmente avançaremos ao longo do próximo ano aproximadamente — disse.