Desenvolvido na década de 1960, o Concorde foi o primeiro avião supersônico destinado para viagens comerciais: em apenas três horas e meia, era possível voar de Paris a Nova York (enquanto voos convencionais demoravam oito horas). O problema é que, para ultrapassar a barreira do som e alcançar velocidade máxima superior a 2 mil quilômetros por hora, o Concorde fazia muito barulho e sofria restrições ambientais em alguns países.

Para retomar a aviação comercial supersônica de maneira sustentável, a NASA realizará uma parceria com a empresa Lockheed Martin com o objetivo de desenvolver uma aeronave supersônica que não emita alto ruído. Orçado em mais de US$ 247 milhões, o projeto será desenvolvido até 2021.

Batizada de LFBD (sigla em inglês para Voo de Baixo Estrondo) e apelidada de Avião-X, a aeronave será desenvolvida para alcançar velocidade superior a 1,5 mil quilômetros por hora, emitindo um ruído similar ao de uma porta de um carro sendo fechada.

Com previsão de início de voo para 2022, o protótipo da NASA sobrevoará cidades norte-americanas e coletará informações para desenvolver uma versão final do avião, respeitando as diferentes regulações internacionais para a aviação comercial. 

Da Galileu

Nasa escolhe projeto do ‘Avião-X’, um supersônico experimental de US$ 250 milhões

A Nasa anunciou nesta terça-feira que a gigante da indústria aeroespacial americana Lockheed Martin ficará à frente do projeto de quase US$ 250 milhões (cerca de R$ 830 milhões) para o desenvolvimento de um avião capaz de ultrapassar a velocidade do som (aproximadamente 1,2 mil km/h em condições ideais de temperatura e pressão) sem provocar um grande estrondo sônico, o barulho associado às ondas de choque criadas por um objeto viajando tão rápido.

Designado Demonstração de Voo de Baixo Estrondo (LBFD, na sigla em inglês) e apelidado Avião-X, o projeto vai buscar e testar novas tecnologias que permitam o uso destas aeronaves sobre regiões densamente povoadas sem perturbar seus habitantes. Com isso, a agência espacial americana espera abrindo caminho para a volta da oferta de voos comerciais supersônicos para passageiros e cargas, suspensa desde a “aposentaria” do franco-britânico Concorde, um dos únicos modelos de avião supersônico a operar comercialmente, entre 1969 e 2003. Devido justamente ao estrondo sônico, o Concorde só podia voar à sua velocidade máxima de quase 2,2 mil km/h sobre zonas desabitadas ou os oceanos, o que restringia suas vantagens em termos de tempo de viagem sobre as aeronaves “normais” e aumentava seus custos de operação.


Assim, o contrato concedido pela Nasa à Lockheed Martin prevê o desenvolvimento de um avião que possa voar a uma velocidade de cerca de 1,5 mil km/h a uma altitude de mais de 1,65 mil metros produzindo um barulho que não passe de 75 decibéis, ou o equivalente à porta de um carro fechando, para as pessoas em terra. A empresa tem até 31 de dezembro de 2021 para entregar a aeronave experimental à Nasa, que espera já a partir de meados de 2022 voar com ela sobre algumas das principais cidades americanas e coletar dados sobre a percepção de seus habitantes quanto ao seu uso para subsidiar novas regulamentações nacionais e internacionais de voos supersônicos.
- É super animador voltar a desenhar e voar aviões-X (experimentais) nesta escala – comemorou Jaiwon Shin, vice-diretor de Aeronáutica da NASA. - Nossa longa tradição em resolver barreiras técnicas para os voos supersônicos para o benefício de todos continua.

Do O Globo