O governo brasileiro cobrou dos Estados Unidos uma resposta à
proposta de uso da base de Alcântara, entregue a Washington há quase um
ano e até agora sem resposta, disseram à Reuters fontes que acompanharam
a reunião entre o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes
Ferreira, e o secretario de Estado interino dos EUA, John Sullivan.
"Nós
apresentamos um resumo de 10 pontos que estamos esperando resposta.
Alguns avançaram outros não. Na questão de Alcântara estamos esperando e
cobramos uma resposta", disse à Reuters uma das fontes.
A
proposta brasileira para uso da base substituiu o texto que foi
rejeitado pelo Congresso no ano 2000 por ser considerada muito intrusiva
pelos parlamentares, já que dava acesso total à base pelos
norte-americanos com pouco retorno tecnológico para o país.
"Nossa
contraproposta avançou nas questões que preocupavam o Congresso e acho
que cobre bem as preocupações americanas com propriedade intelectual,
proteção à tecnologia", disse uma das fontes. "O que foi dito agora é
que a proposta já passou por todas as agências americanas e em seguida
eles estarão prontos para negociar."
O governo brasileiro
apresentou a propostas no início de junho de 2017. Desde então, diversas
empresas demonstraram interesse em lançar foguetes da base em Alcântara
(MA) que, por sua localização na linha do Equador exige 30 por cento
menos combustível que outras regiões.
Pelo menos cinco empresas
norte-americanas demonstraram interesse depois de uma visita à base.
SpaceX, Lockheed Martin e Boeing estiveram em Alcântara, além da Vector
Space Systems, que lança pequenos satélites, e da Microcosm. Todas elas,
no entanto, só podem usar a base depois de assinado um acordo de
salvaguardas de tecnologia entre os dois países, por exigência das leis
norte-americanas.
"A própria Boeing tem pressionado o governo
americano para resolver essa questão porque eles têm muito interessem no
uso da base", disse uma das fontes.
O Brasil abandonou planos de
construir seu próprio foguete para transportar grandes satélites após
uma explosão em 2003 em Alcântara que matou 21 pessoas e dizimou o
programa espacial brasileiro. Depois disso, ainda no governo de Luiz
Inácio Lula da Silva, foi feito um acordo com a Ucrânia para
desenvolvimento conjunto de um veículo lançador de satélites.
O
país europeu, no entanto, nunca pagou sua parte no investimento nem
entregou a tecnologia combinada. O acordo foi rompido em 2015.
A
intenção agora é encontrar uma forma de receber dividendos e também
tecnologia. O uso da base foi oferecido não apenas para os Estados
Unidos e outros países interessados poderão usar também.
Do Extra
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