O Ministério Público do Trabalho recomendou à Embraer
e à norte-americana Boeing que incluam expressamente "salvaguardas
trabalhistas" no acordo comercial que vem sendo negociado entre as
empresas.
O pedido do órgão tem como objetivo impedir que, em um eventual
acordo, a Boeing decida pela transferência das atividades produtivas ao
exterior e prejudique o nível de emprego no Brasil.
Na notificação recomendatória, o Ministério Público do
Trabalho afirma que os fatos apurados, em conjunto com os "elementos de
convicção" dos procuradores, apontam para uma possível redução dos
postos de trabalho na Embraer ou mesmo "o encerramento de suas unidades
produtivas no Brasil, com a transferência de tecnologia e profissionais
altamente qualificados para fora do país".
O órgão informa que começou a atuar preventivamente no mês
passado, com as notícias da imprensa veiculando a venda da unidade de
aviação comercial da fabricante brasileira.
A preocupação está no fato de a Boeing concentrar suas plantas
industriais de montagem final de aeronaves nos Estados Unidos, "o que
sugere uma política corporativa de manter tal tipo de atividade em
território norte-americano", diz o documento expedido.
O Ministério Público do Trabalho também recomendou que as
empresas informem aos sindicatos que representam os funcionários da
Embraer sobre os possíveis impactos, aos empregos, das negociações em
andamento e do acordo comercial que poderá ser firmado. Foi pedido ainda
que as fabricantes recebam sugestões dos sindicatos a respeito do tema.
A notificação cita uma audiência pública realizada neste ano em
Comissão do Senado, durante a qual representantes dos sindicatos dos
metalúrgicos de São José dos Campos e de Botucatu afirmaram que o
eventual acordo entre Boeing e Embraer poderia afetar cerca de 18 mil
funcionários e gerar riscos a postos de trabalho.
As empresas têm 15 dias para informar sobre o cumprimento da
recomendação e apresentar informações adicionais. "A não observância das
recomendações expedidas podem implicar na adoção de todas as medidas
administrativas e judiciais cabíveis em face dos responsáveis", afirma o
órgão.
Do Estadão
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