O Google informou a legisladores dos Estados Unidos que continua a
permitir que outras empresas recolham e compartilhem dados de contas do
Gmail, em resposta a questões surgidas no Congresso americano sobre privacidade e potencial abuso de informações contidas em e-mails dos usuários do serviço.
Em carta a senadores, uma executiva importante do Google disse que a
empresa permite que desenvolvedores de aplicativos recolham dados de
contas do Gmail, ainda que o Google tenha abandonado essa prática, para
fins de direcionamento de publicidade, no ano passado.
A empresa também revelou que desenvolvedores de aplicativos em geral
têm liberdade para compartilhar com terceiros os dados recolhidos, desde
que cumpram critérios de transparência do Google sobre a utilização dos
dados.
"Os desenvolvedores podem compartilhar dados com terceiros, desde que
sejam transparentes com os usuários sobre a maneira pela qual os dados
estão sendo usados", afirmou Susan Molinari, vice-presidente de
políticas públicas e assuntos governamentais da divisão Américas do
Google, na carta.
Ela acrescentou que a empresa, parte do grupo Alphabet, garante que
as normas de privacidade relevantes "sejam facilmente acessíveis a
revisão pelos usuários, antes que eles decidam se concederão ou não
acesso aos seus dados".
Usando instrumentos de software fornecidos pelo Gmail e outros
serviços de e-mail, desenvolvedores de apps têm acesso a informações
sobre os produtos que as pessoas compram, os lugares aos quais viajam e
os amigos e colegas com os quais elas mais interagem.
Em alguns casos, funcionários das empresas produtoras desses apps
puderam ler mensagens de e-mail reais, a fim de melhorar seus algoritmos
de software.
A carta do Google, recebida pelos legisladores em julho, foi enviada
como resposta a questões escritas propostas por diversos legisladores,
entre os quais o deputado John Thune, republicano do Dakota do Sul e
presidente do Comitê de Comércio da Câmara, depois de uma
reportagem do The Wall Street Journal que detalhava de que maneira os
desenvolvedores de apps ganham acesso, frequente, ao conteúdo das contas
dos usuários do Gmail.
A carta do Google provavelmente vai servir de munição a uma audiência
do Comitê de de Comércio da Câmara, que pode ser contenciosa, na
quarta-feira, sobre as práticas de outras plataformas de internet e de
algumas empresas de telecomunicações quanto à privacidade de dados.
Na carta, a empresa delineou as medidas que toma para verificar os
apps de e-mail de terceiros, que incluem revisão humana de normas de
privacidade e o uso de ferramentas computadorizadas para detectar
quaisquer mudanças significativas no comportamento dos apps.
m porta-voz do Google disse que a empresa não tinha comentários
adicionais ao conteúdo da carta enviada ao Congresso. Os legisladores
expressaram preocupações quanto aos gigantes da tecnologia, entre os
quais Google, Facebook e Twitter, por diversos motivos, como privacidade
e manipulação de plataformas por agentes estrangeiros.
O Facebook
sofreu críticas especialmente pesadas depois da revelação de que dados
sobre dezenas de milhões de seus usuários chegaram à Cambridge
Analytica, uma consultoria de dados que trabalhou na campanha presidencial de Donald Trump em 2016.
mais recente revelação ecoa preocupações sobre o compartilhamento de
dados quanto a usuários do Facebook por desenvolvedores de apps, e
demonstra que "o modelo de normas de privacidade fracassou, e de maneira
irreparável", de acordo Marc Rotenberg, presidente do Electronic
Privacy Information Center, uma organização de pesquisa sem fins
lucrativos.
"Os usuários do Gmail simplesmente não tinham como imaginar que seus
dados pessoais poderiam ser transferidos a terceiros." O Google e outros
fornecedores de serviços de e-mail compartilham dados com parceiros,
que os usam para compreender o comportamento dos usuários e melhorar seu
direcionamento de publicidade a eles.
Da Folha
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