O Google informou a legisladores dos Estados Unidos que continua a permitir que outras empresas recolham e compartilhem dados de contas do Gmail, em resposta a questões surgidas no Congresso americano sobre privacidade e potencial abuso de informações contidas em e-mails dos usuários do serviço.
Em carta a senadores, uma executiva importante do Google disse que a empresa permite que desenvolvedores de aplicativos recolham dados de contas do Gmail, ainda que o Google tenha abandonado essa prática, para fins de direcionamento de publicidade, no ano passado.
Logo do Google iluminado em Zurique, na Suíça; Logo do Google iluminado em Zurique, na Suíça; Empresa revelou que permite que desenvolvedores de aplicativos recolham dados de contas do Gmail para fins de direcionamento de publicidade, no ano passado - Arnd WIegmann/Reuters
A empresa também revelou que desenvolvedores de aplicativos em geral têm liberdade para compartilhar com terceiros os dados recolhidos, desde que cumpram critérios de transparência do Google sobre a utilização dos dados.
"Os desenvolvedores podem compartilhar dados com terceiros, desde que sejam transparentes com os usuários sobre a maneira pela qual os dados estão sendo usados", afirmou Susan Molinari, vice-presidente de políticas públicas e assuntos governamentais da divisão Américas do Google, na carta.
Ela acrescentou que a empresa, parte do grupo Alphabet, garante que as normas de privacidade relevantes "sejam facilmente acessíveis a revisão pelos usuários, antes que eles decidam se concederão ou não acesso aos seus dados".
Usando instrumentos de software fornecidos pelo Gmail e outros serviços de e-mail, desenvolvedores de apps têm acesso a informações sobre os produtos que as pessoas compram, os lugares aos quais viajam e os amigos e colegas com os quais elas mais interagem.
Em alguns casos, funcionários das empresas produtoras desses apps puderam ler mensagens de e-mail reais, a fim de melhorar seus algoritmos de software.
A carta do Google, recebida pelos legisladores em julho, foi enviada como resposta a questões escritas propostas por diversos legisladores, entre os quais o deputado John Thune, republicano do Dakota do Sul e presidente do Comitê de Comércio da Câmara, depois de uma reportagem do The Wall Street Journal que detalhava de que maneira os desenvolvedores de apps ganham acesso, frequente, ao conteúdo das contas dos usuários do Gmail.
A carta do Google provavelmente vai servir de munição a uma audiência do Comitê de de Comércio da Câmara, que pode ser contenciosa, na quarta-feira, sobre as práticas de outras plataformas de internet e de algumas empresas de telecomunicações quanto à privacidade de dados.
Na carta, a empresa delineou as medidas que toma para verificar os apps de e-mail de terceiros, que incluem revisão humana de normas de privacidade e o uso de ferramentas computadorizadas para detectar quaisquer mudanças significativas no comportamento dos apps.
m porta-voz do Google disse que a empresa não tinha comentários adicionais ao conteúdo da carta enviada ao Congresso. Os legisladores expressaram preocupações quanto aos gigantes da tecnologia, entre os quais Google, Facebook e Twitter, por diversos motivos, como privacidade e manipulação de plataformas por agentes estrangeiros.
 mais recente revelação ecoa preocupações sobre o compartilhamento de dados quanto a usuários do Facebook por desenvolvedores de apps, e demonstra que "o modelo de normas de privacidade fracassou, e de maneira irreparável", de acordo Marc Rotenberg, presidente do Electronic Privacy Information Center, uma organização de pesquisa sem fins lucrativos.
"Os usuários do Gmail simplesmente não tinham como imaginar que seus dados pessoais poderiam ser transferidos a terceiros." O Google e outros fornecedores de serviços de e-mail compartilham dados com parceiros, que os usam para compreender o comportamento dos usuários e melhorar seu direcionamento de publicidade a eles.

Da Folha