A Marinha dos EUA vai transferir o capitão do porta-aviões USS
Theodore Roosevelt como punição pelo vazamento de uma carta enviada a
seus superiores pedindo ajuda para evacuar a tripulação, após um surto
de coronavírus a bordo do navio.
Coronavírus:capitão de navio militar dos EUA com 4 mil marinheiros pede ajuda à Marinha para evacuar tripulação
A
remoção do capitão Brett Crozier chegou a ser anunciada pelo secretário
da Marinha dos EUA, Thomas Modly, na quinta-feira. No entanto, após a
grande repercussão negativa da decisão, Modly voltou atrás nesta
sexta-feira e disse que Crozier será apenas "transferido".
— Ele será transferido, não será expulso da Marinha — afirmou.
À Reuters, o secretário também informou que uma investigação vai determinar se o oficial deverá enfrentar ação disciplinar.
A
transferência, três dias após o vazamento da carta do capitão,
demonstrou como o coronavírus desafiou todos os tipos de instituições
americanas, mesmo aquelas acostumadas a missões perigosas e complexas,
como as Forças Armadas.
Segundo
Modly, a carta de Crozier foi enviada através da cadeia de comando, mas
o capitão não salvaguardou sua confidencialidade.
— Não tenho
informações nem estou tentando sugerir que ele vazou as informações —
disse Modly em entrevista coletiva na quinta-feira. — Ele a enviou (a
carta) de maneira bastante ampla e não teve o cuidado de garantir que
não pudesse vazar, e isso faz parte de sua responsabilidade.
Trump critica capitão
Cerca de mil marinheiros — um quinto
da tripulação do porta-aviões — foram retirados do navio na base da
Marinha em Guam, um território insular dos EUA no Pacífico Ocidental, e
colocados em quarentena na quarta-feira, uma semana após o primeiro caso
de coronavírus ser relatado na embarcação.
Um total de 114
tripulantes testou positivo para Covid-19, doença respiratória causada
por vírus altamente contagioso, disse o almirante John Menoni, principal
comandante da Marinha da região, a repórteres em Guam na quinta-feira.
Ainda
segundo Menoni, os marinheiros evacuados estavam sendo transportados em
grupos para hotéis vagos na ilha para completar uma quarentena de duas
semanas. Por outro lado, embora a Marinha tenha dito que 2.700
tripulantes ficariam em quarentena no navio, Menoni insistiu na
quarta-feira que o navio "poderia ir para o mar amanhã", se necessário.
Em entrevista coletiva, o presidente Donald Trump também criticou a
postura de Crozier. Perguntado se não achava que o capitão havia sido
prudente ao tentar salvar a vida de seus marinheiros, ele apenas
respondeu que “não concorda nem um pouco” com essa afirmação. Por sua
vez, o pré-candidato que lidera a corrida à indicação democrata à
Presidência, o ex-vice-presidente Joe Biden, disse que o governo Trump
mostrou "julgamento equivocado" na condução do caso, e que o secretário
da Marinha "atirou no mensageiro".
Do O Globo
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