Segundo analistas russos citados pela imprensa daquele país, após a última visita do presidente da Venezuela Hugo Chaves, o país do Caribe tem planos para a aquisição de veículos de combate russos, que deverão substituir os actuais veículos em operação.
A necessidade de modernização de forças blindadas da Venezuela é sentida desde há alguns anos, mas o processo tem recebido prioridade secundária.
Aparentemente, aquando da última crise entre a Venezuela e a Colômbia - crise que levou Hugo Chaves a ordenar o envio de forças militares para a fronteira - foram demonstradas algumas das deficiências das unidades militares venezuelanas, especialmente das unidades equipadas com carros de combate leves.
A Venezuela, considerando as características do país, dispõe de dois tipos de veículos blindados.
Tem uma força blindada pesada constituída por carros de combate de origem francesa AMX-30 que foram fornecidos nos anos 70 e modernizados nos anos 90. Não se tratando de veículos modernos, eles foram objecto de uma modernização que os converteu em veículos mais actuais e adequados para o cenário sul americano, embora a sua futura substituição não tenha deixado de ser considerada.
Além dessa, dispõe de uma força blindada ligeira, equipada com veículos britânicos (cerca de 80 unidades) que foram recebidos entre 1989 e 1991, e com veículos franceses AMX-13/90 que foram recebidos um pouco antes, para substituição de outros AMX-13 equipados com canhão de 75mm que a Venezuela tinha ao serviço desde os anos 50.
A existência deste tipo de veículo no exército da Venezuela, prende-se com o facto de os militares venezuelanos considerarem necessário dispor de veículos relativamente ligeiros mas poderosamente armados, que possam ser utilizados nas regiões do país, onde as características do terreno desaconselham a utilização de carros de combate médios ou pesados.
Sprut-SD / 125mm
A aquisição de um veículo ligeiro, armado com canhão de 125mm para substituir os tanques leves já foi noticiada por alguma imprensa. Embora ainda não exista confirmação oficial, a Venezuela poderá vir a adquirir o relativamente recente SPRUT-SD, um projecto da fábrica Volgograd VTZ.
O SPRUT-SD segue uma tradição russa de colocar armamento tão poderoso quanto possível num chassis.
Ele é na prática um veículo blindado ligeiro BMD-4 «esticado», e ao qual foi adaptada uma torre armada com um canhão de alta pressão de 125mm.
Embora o fabricante afirme que o veículo deverá revolucionar o combate entre tanques, por causa de ser um veículo ligeiro anfíbio, com o equipamento e armamento de um carro de combate principal, analistas no ocidente consideram que o conceito do SPRUT-SD não é novo e não faz muito sentido, principalmente porque o SPRUT é pensado para ser utilizado por forças ligeiras que tenham que defrontar forças blindadas poderosas.
A sua arma principal de 125mm é adequada para destruir a blindagem de tanques pesados e é aí que reside o principal problema do carro de combate.
O SPRUT-SD é um caça-tanques puro. Mas ele é demasiado leve para a arma que transporta. Embora possa disparar contra carros de combate pesados a força do recuo da arma é enorme para esse tipo de veículo.
O canhão é estabilizado e o sistema de pontaria é moderno, mas o problema reside no facto de o veículo acusar o choque provocado pelo lançamento de munição perfurante a alta velocidade.
A vibração e o choque, inevitavelmente começarão a produzir rachaduras e fissuras no chassis. Os russos, reconhecendo o problema, consideram no entanto que o sistema de suspensão do BMD-4 pode ser utilizado para amortecer o disparo, mas o fabricante nunca produziu um veículo com estas características e especializou-se na produção de veículos anfíbios.
Os veículos blindados com capacidade anfíbia, parecem ser da preferência dos militares da Venezuela e além da aquisição de veículos como o SPRUT, existem vários rumores e comentários sobre futuras aquisições ou pelo menos intenção de aquisição de veículos blindados adequados ao transporte de forças de infantaria. Esses veículos tanto podem ser de rodas (8x8) do tipo BTR-90 ou veículos blindados sobre lagartas do tipo BMP-3.
A aquisição de tais veículos será necessária para o transporte da infantaria, ainda mais que a Venezuela forçosamente dará baixa dos seus vetustos veículos de transporte de infantaria AMX-13 ao serviço.
T-90
Embora as decisões venezuelanas quanto à aquisição de viaturas blindadas tenham que considerar a necessidade de modernizar a frota de veículos mais ligeiros, com capacidade para operar em áreas mais remotas e com condições de terreno mais difíceis, analistas russos referiram à imprensa daquele país, que a Venezuela tem planos para adquirir carros de combate pesados, tendo mesmo afirmado que o T-90S será o modelo de escolha dos venezuelanos.
A possibilidade de aquisição daquele sistema de armas, faz sentido quando se considera a necessidade de substituir tanto os veículos blindados ligeiros (tanques leves AMX-13 e Scorpion) como os veículos blindados mais pesados (tanques médios AMX-30) que a Venezuela tem ao serviço.
A partir do momento em que a Venezuela optar pela compra de veículos equipados com canhão de 125mm, não faria sentido que os seus tanques leves estivessem melhor armados que os seus tanques mais pesados.
Isto dá mais crédito à afirmação dos analistas russos sobre a possibilidade de compra do T-90 por parte da Venezuela.
Já se existirá necessidade de substituir todos os AMX-30 por número idêntico de carros T-90, é algo que só decisões e análises posteriores poderão determinar.
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