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INB assina acordo com governo do Ceará para preparar exploração de mina de urânio

CIRILO JUNIOR - da Folha Online, no Rio

A INB (Indústrias Nucleares do Brasil) e a mineradora Galvani assinam nesta quinta-feira com o governo do Ceará um protocolo de intenções para a criação de infra-estrutura que permita explorar a jazida de urânio e fosfato na cidade de Santa Quitéria. O objetivo, entre outras medidas, é disponibilizar abastecimento de água, energia elétrica e acesso rodoviário.

A exploração da jazida Itatiaia será a primeira parceria da INB com uma empresa privada. Está previsto investimento de US$ 377 milhões, que permitirão a produção de 240 mil toneladas de fosfato (usado na produção de fertilizantes) e 1.500 toneladas de urânio por ano, a partir de 2014. A Galvani bancará todo o investimento.

A estatal INB fará a elaboração do cronograma físico das obras de infra-estrutura e a implementação do empreendimento. O fosfato extraído ficará sob responsabilidade da Galvani. Já o urânio --combustível para as usinas de Angra 1 e 2-- será entregue à INB.

Atualmente, a INB produz 400 toneladas/ano de urânio na mina de Caetité (BA), que são destinados para as usinas de Angra 1 [cujo consumo é de 170 toneladas a cada 14 meses] e Angra 2 [consumo de 270 toneladas em 14 meses]. A INB tem planos de dobrar a produção em Caetité.

Com isso, somada a produção de Santa Quitéria, o país terá produção de 2.300 toneladas/ano de urânio em 2015. O volume será suficiente para atender à entrada de Angra 3 --cujo consumo será semelhante ao de Angra 2-- e das novas usinas nucleares previstas pelo governo. Além de Angra 3, é planejada a entrada em funcionamento de quatro a oito unidades até 2030. Caso haja excedente, o governo pode optar pela exportação ou pela manutenção de reservas estratégicas.

Projeto Itataia vai se retomado com parceiros
Jazida tem maior teor de fosfato do país

Fonte: Jornal “O Diário do Nordeste” - Via sfiec

Suelem Caminha
Da Editoria de Economia

O governo do Estado pretende iniciar a revitalização do Projeto Itataia, uma vez que a jazida localizada no município de Santa Quitéria apresenta o maior teor de fosfato do País. A afirmação é do secretário de Desenvolvimento Econômico (SDE), Régis Dias. Segundo ele, a decisão de retomar este projeto depende de parceiros privados internacionais.

Para se ter idéia da importância de investidores estrangeiros, estudos da SDE em parceria com da Indústrias Nucleares do Brasil (INB) estimam que o empreendimento de Itataia requer investimento da ordem de US$ 111 milhões por parte da iniciativa privada, enquanto a contrapartida é de US$ 20 milhões do governo estadual. Para Dias, o governo tem acompanhado as negociações da INB na busca de parceiros para Itataia, já que deseja conhecer o perfil dos investidores.

JAZIDA - Segundo o chefe da Assessoria de Novos Empreendimentos da Indústrias Nucleares do Brasil (INB/RJ), Luís Felipe da Silva, a INB continua procurando parceiros, entre os produtores de fertilizantes.A iniciativa privada assumiria a produção de ácido fosfórico e derivados, enquanto o governo, através da INB, ficaria responsável pela produção de urânio.

Estudos da INB revelam que a jazida de Itataia tem um potencial geológico de 142,5 mil toneladas de urânio associado ao fosfato. A reserva a ser explorada é da ordem de 79,5 milhões de toneladas de minério, 8,9 milhões de toneladas de fosfato e 80 mil toneladas de urânio. Podem ainda ser extraídos 300 milhões de metros cúbicos de mármore isento de urânio.

O projeto Itataia só será viável com a exploração do fosfato para produção de ácido fosfórico, um dos insumos utilizados na fabricação de fertilizantes. Daí porque a INB está contatando com empresas ligadas a este setor para encontrar parceiros que financiem o projeto. Apesar do grande potencial das reservas de Itataia, as tentativas da INB ainda não deram resultado positivo.

As negociações prosseguem e a INB busca modelos de associação para investimentos em Itataia. O projeto conta com o apoio do Governo do Estado devido à expectativa de geração de empregos, aumento da arrecadação de impostos e a atração de indústrias de fertilizantes para o Ceará.

Estudos elaborados pela INB indicam que o retorno financeiro da exploração de Itataia ocorrerá dentro de cinco anos. Para chegar a esta projeção, foram realizados exercícios com diversas capacidades de produção, entre 50 mil toneladas de fosfato (P205) por ano e 240 mil toneladas. Com investimento de US$ 100 milhões, Luís da Silva explica que é possível obter produção de 100 mil toneladas de fosfato anual e da produção de ácido fosfórico é extraído o urânio. “É possível reduzir o valor do investimento através de novas tecnologias”, salientou o chefe da Assessoria de Novos Empreendimentos da INB.

Um levantamento sobre o mercado de fertilizantes, realizado entre 2001 e 2002, no N/NE mostrou que a demanda é de 200 mil toneladas de fosfato por ano. A partir deste resultado, “achamos que uma planta de jazida com produção de 100 mil toneladas de fosfato anual é adequada para abastecer os estados dessas duas Regiões”, afirmou Luís da Silva. Hoje, a aplicação de fósforo é feita em culturas de cana-de-açúcar e grãos. “Nessas localidades quase não há usinas de beneficiamento em operação, já que a produção é concentrada no Centro-Oeste”, destaca os estudos da INB.

No mercado internacional, o Brasil é o 4º maior consumidor de fertilizantes, ficando atrás apenas da China, dos Estados Unidos e da Índia. Este segmento movimenta, em valor FOB, cerca de US$ 3 bilhões e está em plena expansão. Dados da INB indicam que só para atender à demanda interna de fertilizantes fosfatados, são produzidos em torno de 1,5 milhão de toneladas anuais, representando um déficit de 40% em relação ao consumo total. Como as usinas de beneficiamento estão trabalhando com a capacidade máxima, este déficit no mercado interno, torna favorável o cenário para Itataia. Falta apenas parceiros para tocar o projeto.

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concentrado de urânio

Marinha espera concluir usina para produzir combustível nuclear em 2010

Agência Brasil - Via Correio Brasiliense

A Marinha espera concluir até 2010 sua própria usina para transformar o concentrado de urânio em gás e assim produzir combustível nuclear na quantidade necessária para continuar desenvolvendo seu programa nuclear.

Com o fôlego renovado desde a promessa do governo federal de destinar R$ 1 bilhão para que dê continuidade ao programa, a Marinha estima construir até 2014 um laboratório onde poderá gerar energia elétrica a partir da tecnologia nuclear.

Tanto a Usexa (Usina de Hexafluoreto de Urânio, o gás UF6) quanto o Laboratório de Geração Núcleo-Elétrica (Labgene) irão funcionar no Centro Experimental de Aramar (CEA), instalação que a Marinha mantém no município de Iperó, no interior de São Paulo, a cerca de 130 quilômetros da capital paulista.

Embora já domine todo o ciclo de produção do combustível nuclear, da prospecção mineral à fabricação das pastilhas de urânio que alimentam os reatores nucleares, o Brasil segue dependente de outros países para produzir a quantidade de combustível necessária para alimentar as Usinas de Angra 1 e 2, por não conseguir produzir nem o gás UF6 nem o urânio enriquecido nos volumes necessários.

Segundo o superintendente do Programa Nuclear da Marinha, comandante Arthur Campos, a conversão do urânio em pó (yellowcake) no gás UF6 - processo que poderá ser feito na Usexa tão logo ela fique pronta - hoje é realizada no Canadá. Já o enriquecimento do urânio é feito na Europa, pela companhia Urenco (do inglês Uranium Enrichment Services Worldwide), um consórcio formado pela Inglaterra, Alemanha e a Holanda.

Atualmente, apenas sete países realizam o enriquecimento do urânio: Estados Unidos, França, Rússia, Grã-Bretanha, Alemanha, Japão e Holanda.

Com a Usexa em funcionamento, a Marinha será capaz de produzir 40 toneladas de UF6. Pouco, mas suficiente para suas necessidades. Além disso, o conhecimento tecnológico adquirido pelos pesquisadores da força certamente servirão a outros setores, como já aconteceu no final 2005, quando as Indústrias Nucleares do Brasil (INB) comprou da Marinha e instalou em Resende (RJ) o modelo avançado de ultracentrífugas desenvolvido pelos militares em 1988 para a produção contínua de urânio enriquecido. O valor pago à Marinha é mantido em sigilo.

Para se ter uma noção do potencial energético do material obtido na Usexa, o chefe da divisão do Laboratório de Materiais Nucleares do CEA, Lauro Roberto, explica que com 24 quilos de UF6 podem ser produzidos cerca de 17 quilos de dióxido de urânio (UO2), matéria-prima para a fabricação de quase 3 mil pastilhas utilizadas como combustível nos reatores nucleares.

“A energia contida em uma só pastilha de urânio de 7 gramas, enriquecida a 3,5%, equivale a três barris de petróleo e a uma tonelada de carvão. Não significa que você vá obter toda essa energia, mas é possível ver o potencial do material”, explica Roberto.

Já o projeto do Labgene visa a construção de uma planta nuclear capaz de gerar energia elétrica. O reator que deverá ser utilizado terá cerca de 11 megawatts de potência, o que, segundo a Marinha, é suficiente para iluminar uma cidade de aproximadamente 20 mil habitantes. Sozinha, Angra 1 gera cerca de 600 megawatts.

Além de garantir que as instalações do laboratório servirão de base para um eventual projeto de desenvolvimento de um reator nuclear brasileiro, a Marinha também assegura que o Labgene servirá como um protótipo do sistema de propulsão naval, que permitirá a obtenção de parte do conhecimento necessário à possível construção de um submarino nuclear.

As empreiteiras contratadas pela Marinha preparam o terreno onde serão construídos os prédios que vão abrigar o reator e o protótipo de uma turbina. De acordo com o engenheiro civil consultor da obra Roberto Marczynski, o local foi escolhido devido a estabilidade geológica, já que seu subsolo rochoso atinge cem metros de profundidade. Além disso, o projeto dos dois prédios, interligados por uma ponte rolante e licenciados pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cenen), prevê as mesmas contenções de proteção que usadas nas Usinas de Angra dos Reis (RJ). “A população pode estar segura”, garante o engenheiro.

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Brasil quer parte do mercado nuclear da Índia

Agência Estado - Via RPC

O Grupo de Supridores Nucleares (NSG, na sigla em inglês) deverá aprovar no dia 5, em Viena, uma exceção para que seus 45 membros possam firmar acordos na área nuclear com a Índia. A medida vai desencadear uma super concorrência entre três potências nucleares - Estados Unidos, Rússia e França - pela construção e fornecimento de combustível para as usinas nucleares que a Índia planeja construir até 2020.

Conjuntamente, esses reatores seriam capazes de gerar 20 mil megawatts de energia elétrica - quase duas Itaipu - e atender a cerca de 25% da demanda por eletricidade.

O valor total do negócio é estimado em US$ 100 bilhões. Mas a tendência é que, nessa disputa, os Estados Unidos corram na lanterna.

Com um acordo de cooperação praticamente finalizado com a Índia, o governo brasileiro igualmente espera a decisão do NSG para iniciar sua parceria com a Índia na área nuclear e dar uma mordida nesse mercado.

O acordo Brasil-Índa envolverá o projeto de construção de uma usina nuclear conjunta, que permitirá também a exportação de urânio enriquecido para os indianos, além do desenvolvimento da tecnologia nuclear aplicada à medicina, à agricultura e à indústria.

Especialistas brasileiros que acompanham o tema afirmam que o mercado indiano será estratégico para os países que atuam no desenvolvimento de reatores de potência - negócio que não envolve somente a construção e a instalação de maquinário, mas também o fornecimento corrente de combustível nuclear.

No caso da Índia, essa questão é especialmente sensível. O país dispõe de grandes reservas de tório, mas não de urânio. O Brasil, que ambiciona tornar-se competitivo na exportação de urânio enriquecido, avalia que essa é uma oportunidade para entrar no mercado.

Salvaguardas

A negociação dessa brecha nas regras da NSG tomou impulso com a aprovação pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), no dia 1º de agosto, de um acordo de salvaguardas com a Índia. Esse acordo significou a reintrodução da Índia no circuito internacional dos negócios relacionados à tecnologia nuclear com fins pacíficos, a despeito de o país não ser membro do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP). Como contrapartida à autorização para a inspeção das Nações Unidas em suas plantas nucleares, o acordo de salvaguardas permitirá a venda de material e de tecnologia nuclear à Índia. O país possui reservas limitadas de urânio e depende da importação de combustível nuclear, especialmente para as suas futuras usinas.

Na disputa por esse novo mercado, os EUA saem em desvantagem por causa da agenda imposta ao Congresso americano pela eleição presidencial. Embora seu acordo nuclear com a Índia esteja pronto e assinado, a administração de George W. Bush disporá apenas do período de 8 a 26 de setembro para analisar e aprovar o acerto. O prazo é menor que os 30 dias de tramitação exigidos pelo regulamento do Capitólio.

A missão de aprovar o acordo no Congresso recairá, inevitavelmente, no colo do vencedor das eleições de novembro. Até fevereiro de 2009, quando se dará a posse do sucessor de Bush na Casa Branca, os governos da França e da Rússia terão cinco meses de vantagem para selar novos compromissos com Nova Délhi.