Fonte: Diário de Natal
A Barreira do Inferno (BI) vai lançar hoje, às 15h, o foguete Orion, que servirá para capacitar os seus técnicos. O artefato de 596 quilos deve atingir uma altura máxima de 105 km e cair a uma distância de 73 km da costa. A operação, batizada de ‘‘Parelhas’’, envolve 100 pessoas entre brasileiros e estrangeiros (holandeses e alemães).
O chefe da divisão de operações da Barreira do inferno, o tenente coronel Ricardo Rangel, explicou que o foguete levará uma carga técnica pesando 83 quilos, para acompanhamento e rastreio do foguete. A velocidade máxima atingida é de 1.32o metros por segundo.
‘‘A carga não vai oferecer nenhum experimento de microgravidade’’, disse Rangel. O equipamento está sendo testado pela primeira vez no Brasil. A operação Parelhas tem o apoio da Agência Espacial Brasileira (AEB) e a participação do Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão, além do Instituto de Aeronáutica e Espaço e outras organizações do Comando da Aeronáutica.
A operação Parelhas faz parte de um acordo entre o Brasil e Alemanha e envolve 10 estrangeiros, entre alemães e suecos. Com previsão para lançamento às 15h de hoje, a operação só não ocorrerá se as condições meteorológicas não contribuírem, a janela de espera será aberta entre as 15h e 17h30 de amanhã e quinta-feira. ‘‘Dando tudo certo, continuaremos com outros lançamentos que poderão até transportar experimentos, mas nessa ocasião objetivamos somente a capacitação do pessoal’’, declarou Rangel.
O último lançamento na Barreira do Inferno foi em 16 de dezembro de 2007, na operação Angicos, cujo foguete atingiu uma altura máxima de 142 km.
FÁBIO AMATO - da Agência Folha, em São José dos Campos
Cinco anos depois do incêndio no VLS-1 (Veículo Lançador de Satélites) na base de lançamentos de Alcântara, o CTA (Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial) realizou ontem, em São José dos Campos (SP), o primeiro teste com um propulsor do foguete.
Uma ignição antecipada do propulsor, causada por uma pane elétrica, matou 21 técnicos na base maranhense em 2003, em um dos piores acidentes espaciais da história.
O teste, bem-sucedido, aconteceu às 16h e foi acompanhado pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, e pelo comandante da Aeronáutica, Juniti Saito.
Do local foi possível ver o propulsor entrar em ignição e queimar combustível por cerca de um minuto.
Durante o teste, mais de cem medições foram feitas no equipamento, entre elas observações sobre vibração e temperatura.
Esses dados serão analisados por técnicos do CTA nos próximos dias para avaliar o desempenho do propulsor e o resultado das mudanças feitas nele depois do acidente em Alcântara.
"Foi um teste importante. Nós agora retomamos algo vital para nós, que é exatamente a propulsão de um foguete que possa levar satélites e que está dentro de nossa proposta estratégica. Com aquilo a que assistimos hoje, temos a possibilidade de ter o nosso satélite no ar já em 2012 ou 2015", disse Jobim, referindo-se ao satélite geoestacionário que o Brasil planeja construir.
Até agora, o plano do governo era lançar o foguete nacional com carga útil (ou seja, levando um satélite) ainda durante o governo Lula, o que não acontecerá. O primeiro teste do VLS-1, com apenas um estágio, está previsto para 2010 ou 2011.
O ministro disse que, a partir de agora, o processo de investimentos no programa VLS será acelerado e que se reunirá com o presidente para tentar elevar o valor repassado para o programa, que hoje é de cerca de R$ 50 milhões anuais.
Chamado S43, o propulsor testado ontem integra o segundo dos quatro estágios do VLS. Ele possui cerca de um metro de diâmetro, carrega 7.100 kg de propelente sólido e tem potência equivalente à de 700 carros populares.
Em Vídeo:
VLS-1 em Alcântara (Foto: AEB)
Após teste de motor, Brasil quer lançar VLS versão 'light' em 2011
Segundo estágio do foguete passou por teste em solo nesta segunda-feira.
Mudanças de projeto e atraso em obra de Alcântara atrasaram novo vôo.
Segundo estágio do foguete passou por teste em solo nesta segunda-feira.
Mudanças de projeto e atraso em obra de Alcântara atrasaram novo vôo.
Salvador Nogueira Do G1, em São Paulo
Após o teste de um dos motores do foguete, nesta segunda-feira (20), em São José dos Campos (SP), a expectativa da Agência Espacial Brasileira é a de que o país esteja na trilha certa para fazer um lançamento do seu VLS-1 (Veículo Lançador de Satélites) em Alcântara em 2011. Mas ainda em versão "light".
O projeto está paralisado desde 2003, quando um acidente com o terceiro protótipo do lançador causou um incêndio no Centro de Lançamento de Alcântara e matou 21 técnicos e engenheiros do IAE (Instituto de Aeronática e Espaço), órgão da Força Aérea responsável pelo desenvolvimento do foguete.
Os problemas exigiram um redesenho de certos elementos do foguete, para aumentar a segurança e diminuir o risco de falhas. O procedimento contou com a ajuda de especialistas russos.
O teste de segunda-feira envolveu o motor do segundo estágio do foguete. Ele foi ligado às 16h15 e operou por 62 segundos, preso em terra. Queimou mais de sete toneladas de propelente. Foram conduzidas mais de uma centena de medições de sua operação, e tudo saiu conforme esperavam os engenheiros.
O VLS é um lançador com quatro estágios. Cada estágio pode ser visto, grosso modo, como um "andar" do foguete. Para diminuir o peso ao longo do vôo, aumentando o alcance, os lançadores são projetados em estágio. Assim que um deles termina de queimar seu combustível, é deixado para trás, reduzindo a massa total do conjunto, que segue subindo. Para que se tenha uma idéia, o único estágio do VLS que chega a entrar em órbita é o quarto, sobre o qual fica o satélite que ele leva até lá.
Por isso exatamente que o lançamento marcado para 2011 é considerado "meia-bomba" -- apenas o primeiro e segundo estágios serão acionados, levando o foguete até o espaço, mas num vôo suborbital (uma parábola que vai até a borda da atmosfera e retorna, sem ficar em órbita).
Dessa forma, os engenheiros esperam testar a porção inferior do foguete sem correr o risco de desperdiçar verbas na porção superior -- mais cara e delicada. Com um projeto iniciado em 1980, e três tentativas de vôo malogradas, a estratégia permite validar o projeto por etapas.
Mas por que demorou tanto?
Para conduzir um vôo do VLS-1, é preciso não só construir o foguete, mas também a chamada torre móvel de integração. É um prédio em que o lançador é montado, após suas partes serem levadas até Alcântara. No acidente de 2003, a torre antiga foi completamente destruída. Tornou-se necessário construir uma nova, incluindo aí também modificações ao projeto para aumentar sua segurança.
Ocorre que a obra teve de ficar parada, por conta de uma avaliação do Tribunal de Contas da União, que colocou sob suspeita a forma como foi conduzida a licitação da obra. Agora, o TCU entendeu que o procedimento foi feito da forma correta e a construção deve finalmente ser iniciada. "A obra já está em condição de ser tocada, e a expectativa é termos concluído a torre até o final de 2009", disse ao G1 Carlos Ganem, presidente da Agência Espacial Brasileira. Seria o caminho para permitir o lançamento do VLS-1 dali a dois anos.
Ainda assim, em 2011, e num vôo suborbital, o VLS-1 pode acabar se tornando um lançador sem função. Pois é expectativa da AEB ter em 2010 o primeiro lançamento do foguete ucraniano Cyclone-4, a partir de Alcântara. O projeto de exploração comercial do espaço é uma joint-venture Brasil-Ucrânia, chamada Alcantara Cyclone Space. A iniciativa fornecerá lançamentos comerciais a clientes interessados, além de permitir que o Brasil consiga colocar seus satélites no espaço sem ter de contratar os serviços fora do país. Até agora, os satélites nacionais foram colocados no espaço com auxílio de americanos e chineses.
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