Um acordo militar bilateral assinado pela França e o Kuwait no final de 2009 previa um aumento de cooperação na área de defesa e aumentaria o interesse do Kuwait pelo super valorizado caça francês Rafale da Dassault, mas nessa semana, um grupo de parlamentares alertou o governo do Kuwait para bloquear o acordo de compra do caça pois a negociação seria “suspeita”.
“O bloco reintera sua firme rejeição ao acordo suspeito, especialmente após a informação de que os recentes relatórios técnicos recomendaram a rejeição do negócio,” disse um comunicado oficial emitido pelo Bloco de Desenvolvimento e Reforma.
O comunicado não elabora, ou explica o que está sendo considerado suspeito no acordo, nem detalha os aspectos técnicos do relatório. Ainda assim, o site Defense News relata, que o apelo do bloco poderia estar relacionado com o preço “inflacionado” do acordo. “Nós alertamos o governo contra o esbanjamento das verbas públicas em negócios suspeitos,” informou o porta voz do bloco Waleed al-Tabtabai.
Os detalhes do acordo ainda não foram a público, diferente da aprovação parlamentar do Kuwait para autorizar a transação para até 28 aviões de combate Rafale.
O caça Rafale, mais recente aeronave de combate da Dassault Aviation da França, tem sido o programa carro-chefe de vendas de armas da França mas ainda não encontrou nenhum comprador estrangeiro, apesar dos inúmeros esforços do governo francês.
A aeronave está em serviço apenas com as forças militares da França e participa da competição no Kuwait contra as concorrentes norte americanas Lockheed Martin e Boeing, além do caça europeu Eurofighter Typhoon.
Apesar de tudo, o prospectivo negócio e o acordo bilateral de defesa sinaliza a crescente influência da França no Golfo.
Efetuando uma pressão política juntamente com a fabricante aeroespacial francesa Dassault, o presidente da França Nicolas Sarkozy visitou o Kuwait no ano passado – a primeira visita de um presidente francês desde 1991 – na esperança de fechar o negócio. Meses antes, em abril, os militares franceses, os quais foram ajudar o Kuwait na sua libertação em 1991, efetuaram manobras militares com as forças armadas do Kuwait no deserto dos emirados.
Mas os parlamentares islamistas do Kuwait parecem desprezar o avião Rafale, dizendo que o governo deve elaborar com cuidado acordos com outros países que manifestaram interesse, mas ficam aquém de selar um acordo. Um acordo com o Kuwait poderia aumentar o apetite militar das outras nações na região. Já em andamento, os Emirados Árabes Unidos estão estudando uma possível aquisição de 60 caças Rafale.
O Kuwait também expressou interesse em outros artigos militares franceses, indo de helicópteros até sistemas navais.
Alguns analistas militares duvidam que as intenções da França para definir-se como uma parceira alternativa estratégica aos Estados Unidos na região do Golfo são genuínas. Ao invés disso, os franceses estariam utilizando acordos bilaterais de defesa para empurrar as vendas das novas versões do caça Rafale, introduzidas oito anos atrás.
Fonte: UPI – Tradução: Cavok
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