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O chanceler brasileiro Celso Amorim disse nesta terça-feira, em Bucareste, que considera um sinal positivo a vontade do Irã, apesar das sanções internacionais, de manter vigente a proposta de troca de combustível nuclear com a qual se comprometeu num acordo com o Brasil e a Turquia.

"Há uma disposição de manter o acordo que assinamos como base (...), o que é positivo, já que se for levado em conta o ocorrido no Conselho de Segurança se poderia temer reações menos inflexíveis", declarou Amorim em coletiva de imprensa, depois de, na véspera, ter anunciado que o Brasil renunciava à mediação desta questão.

"É animador que a declaração de Teerã (como é denominado o acordo) continue sendo válida", acrescentou o ministro brasileiro, que antes de sua visita a Bucarest se reuniu em Viena com o embaixador iraniano na Áustria, na sede da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

Brasil e Turquia fecharam em 17 de maio um acordo com o Irã no qual esse país comprometeu-se a trocar em território turco 1.200 quilos de urânio levemente enriquecido (a 3,5%) por 120 kg de combustível processado a 20% para alimentar seu reator de pesquisas médicas de Teerã.

Mas as grandes potências lideradas pelos Estados Unidos, que suspeitam que o Irã disfarça de civil seu programa nuclear com o objetivo de fabricar a bomba atômica, criticaram desde o primeiro momento o pacto que, segundo a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, tornava o mundo "mais perigoso".

Em 9 de junho, o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou uma resolução que impõe novas sanções ao Irã por sua política nuclear, com a única oposição de Brasil e Turquia.

Em entrevista ao jornal Financial Times em sua edição de segunda-feira, Amorim anunciou que Brasil renunciou à mediação das negociações sobre o tema nuclear iraniano, depois da rejeição dos Estados Unidos e de outras potências ao acordo.

"Queimamos os dedos fazendo coisas que todo mundo dizia serem úteis e, no fim das contas, descobrimos que algumas pessoas não aceitavam 'sim' como resposta", declarou Amorim ao jornal econômico londrino em uma clara referência à administração do presidente Barack Obama.

"Se precisarem de nós, podemos continuar sendo úteis. Mas não vamos agir de novo por iniciativa própria, ao menos que nos peçam", completou o chanceler brasileiro.

Fonte: AFP