A China desenvolveu um novo míssil terra-mar que poderá alterar o equilíbrio estratégico no Extremo Oriente, revelaram fontes da defesa americana, citadas pelas agências de notícias. O míssil Dong Feng 21 D é lançado a partir de terra e pode atingir um navio em movimento, incluindo os porta-aviões da frota norte-americana, a uma distância de 1500 quilómetros e com grande precisão.

A divulgação da existência desta nova tecnologia poderá iniciar uma corrida aos armamentos na região e, sobretudo, segundo dizem os especialistas, terá profundo impacto psicológico, alterando as doutrinas militares americanas. Após duas décadas a manter crescimentos anuais de dois dígitos no orçamento das suas forças armadas, a China assume-se como rival da hiper-potência, estruturando a ameaça através de rupturas tecnológicas.

A notícia da existência deste novo equipamento surgiu dias depois de manobras navais conjuntas entre Coreia do Sul e EUA, as quais provocaram protestos de Pequim, por visarem treinar para um eventual confronto com a Coreia do Norte. Os chineses protestaram devido à proximidade desta acção e, embora Washington desminta qualquer cedência, a zona prevista para as manobras, o mar Amarelo, foi mudada para a costa pacífica da península coreana.

Segundo os estrategas americanos, o novo míssil permitirá à China criar "zonas de não acesso", na prática impedindo a operação de navios de guerra em áreas de oceano onde Pequim tem ambições.

Inicialmente os sistemas DF-21 e DF-21A, eram transportados por tratores com reboque. Já o DF-21D utiliza o veículo de transporte modelo WS-2500 com dez rodas copiado dos sistemas MZKT da Bielorússia tipo MAZ-543. O DF-21D tem características idênticas ao DF-21A e foi consebido para utilizar ogivas convencionais a um peso de até 150kg e uma carga perfurante. Possui capacidade de iludir sistemas anti-missil graças a sua mobilidade e velocidade (estima-se: Mach 6 ou Mach 8). Possui ainda, capacidade de utilização do sistema GPS para corrigir a rota na fase final do voo. Momento no qual utiliza o sistema de designação de alvos que compara as 'silhuetas' dos provaveis alvos na memória, com a imagem dos seus sensores, podendo distinguir identificar um porta-aviões ou outros navios. O míssil transporta várias ogivas, cada uma delas com capacidade para corrigir a rota e atingir um alvo com uma precisão de até 50m.

Os chineses têm reagido com protestos a todas as incursões navais no mar Amarelo, que consideram área restrita. Não apenas no mar Amarelo, entre as costas da China e da Coreia, mas também no mar da China Oriental, onde a geopolítica é mais complexa. Nesta zona há arquipélagos reivindicados por vários países e que a China reclama, como as ilhas Spratly e Paracel. No passado, os chineses já fizeram exibições de força nestas regiões.

Outro foco de eventual conflito é Taiwan, cuja defesa, do ponto de vista dos EUA, implica a utilização de porta-aviões. A ameaça dos Dong Feng 21 D tornará mais difícil defender a ilha, em caso de ataque militar chinês.

Ainda esta semana, Taiwan pediu aos EUA a venda de aviões F-16 avançados, para substituir modelos antigos, mas a venda de armas americanas a Taiwan é um dos temas mais sensíveis da relação entre Pequim e Washington. Os taiwaneses também querem comprar fragatas modernas e submarinos. A Coreia do Sul poderá igualmente ficar em posição difícil, ameaçada pela imprevisível Coreia do Norte, aliada da China.

O aparecimento de uma ameaça explícita aos porta-aviões americanos muda todos os cálculos militares a nível global. Estes dispendiosos navios não eram vulneráveis desde os tempos da Guerra Fria. Aliás, tirando a aviação soviética e, na Segunda Guerra Mundial, a aviação japonesa, os porta-aviões americanos sempre dominaram os mares sem adversário à altura.

Fonte: Diario de Noticias - Portugal - Por: LUÍS NAVES