Ao lado de países como Rússia, Irã, Israel e EUA, o Brasil recusa-se a assinar o tratado que bane as chamadas "bombas de cacho" (Bomba Cluster) - um dos mais devastadores armamentos para civis em zonas de guerra. O País ainda é um dos 17 fabricantes desse tipo de arma no mundo. Ao todo, 108 países já assinaram a Convenção sobre Armas de Fragmentação, que passou a vigorar em agosto.
Embora o Itamaraty e o Ministério da Defesa não admitam, o Brasil mantém-se longe do tratado por causa da pressão de militares e de setores da indústria armamentista. Segundo o Instituto Sou da Paz, as bombas de cacho "made in Brazil" - mais precisamente em São José dos Campos, pela Avibrás - renderam dois contratos com a Malásia de US$ 200 milhões cada, firmados em 2002 e 2007. "Catar e Arábia Saudita também compraram", diz Daniel Mack, da ONG brasileira.
Oficialmente, o Brasil justifica sua posição com um argumento formal. Diz que o debate sobre o veto foi conduzido por uma coalizão independente de países, enquanto deveria ter ocorrido no âmbito da ONU. Ativistas afirmam que, com mais de cem signatários, o tratado é suficientemente "representativo" e apontam contradições no discurso do Itamaraty. O Brasil, por exemplo, é signatário do tratado contra minas terrestres, de 1997, também articulado fora das Nações Unidas.
Fonte: Estadão
Nota: a bomba cluster - após ser lançada e alcançar uma determinada altura, abre-se, deixando cair dezenas ou centenas de sub-munições, ou pequenas bombas de diversos tipos, com alto poder explosivo, anti-pessoa, perfurantes ou incendiárias, dependendo do modelo usado.
As bombas cacho têm sido amplamente criticadas e condenadas, pois sub-munições que não tenham explodido podem permanecer enterradas mas ativas, sendo perigosas caso um civil tropece acidentalmente numa delas ou se crianças as manipularem. Cada ano centenas de pessoas morrem ou são mutiladas ao tropeçarem ou tocarem acidentalmente as munições que não explodiram.
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