Fomos conversar com um dos maiores especialistas na aérea de defesa da imprensa brasileira, Roberto Godoy, que escreve para o jornal O Estado de São Paulo, para comentar sobre a assinatura do Memorando de Entendimento entre o Brasil e a Rússia, para o desenvolvimento em conjunto do caça supersônico multifuncional de 5ª Geração PAK-FA. Na minha opinião, o objetivo final do acordo, que é a produção de um super caça trinacional de 5ª geração não vai dar certo. Por que? Fundamentalmente porque a Força Aérea Brasileira não possui a cultura de emprego de produtos do Leste Europeu - principalmente russos. Isso implica uma refundamentação de conceitos e sistemas. Mais: por qualquer viés que você olhe, não é factível - e basta olhar para a questão financeira. Um caso concreto: o bombardeiro leve AMX, por exemplo, foi um projeto binacional (Brasil e Itália) do início dos anos 1980. O Brasil, naquele momento, investiu entre US$ 2 e US$ 4 bilhões. Foram produzidos poucos exemplares desse jato de ataque -- que possui características muito boas mas não vingou por ter chegado num momento desfavorável ao mercado internacional -- mas o envolvimento da indústria no programa gerou frutos reais, tecnologias que foram absorvidas pela Embraer permitindo à empresa desenvolver os aviões com os quais, hoje, domina o mercado das aeronaves destinadas a linhas regionais. Ora, na década de 1980, o Grumman F-14 Tomcat era o que havia de mais moderno no Ocidente e seu preço unitário era de aproximadamente US$ 22 milhões, numa época que os demais caças custavam em torno de US$ 16 milhões. Seus sistemas eram tão modernos que sobre ele pesava um veto do governo americano a exportações -- exceção feita ao Irã, ainda monárquico, que recebeu o caça por conta de interesses políticos norte-americanos. Hoje, o Lockheed/Boeing F-22 custa US$ 225 milhões (sendo que o custo total programa foi de US$ 62 bilhões). Pela lógica e analogia de todos os casos citados, eu não acredito que o projeto do PAK-FA vá custar apenas US$ 20 bilhões divididos entre o Brasil, Índia e Rússia. E mesmo que o cronograma anunciado pelo bureau Sukhoi seja mantido (primeiro vôo em 2009/2010, primeiras entregas em 2014/2015) esse ritmo não atende as necessidades brasileiras. Quando é que começariam a ser recebidos os lotes da FAB? Com certeza não antes de 2018/2020.
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