A VarigLog iniciou na segunda-feira a demissão de 962 funcionários, sendo 850 aeroviários (trabalhadores administrativos) e 112 aeronautas (pessoal de bordo), segundo informou a Federação Nacional dos Trabalhadores em Transportes Aéreos.

A assessoria de imprensa do fundo americano Matlin Patterson, que controla a empresa transportadora de cargas, confirmou que a VarigLog vai fazer um corte de funcionários para adequar seu quadro ao atual número de aeronaves em funcionamento, mas não especificou quantas pessoas seriam desligadas.

A empresa, que já operou com mais de 20 aviões, hoje trabalha com apenas cinco, sendo que quatro deles foram reincorporados à frota recentemente.

A VarigLog é a ex-subsidiária da Varig de transporte de cargas. A companhia é alvo de um imbróglio empresarial envolvendo o fundo Matlin Patterson e os três sócios brasileiros (Marco Antonio Audi, Luiz Eduardo Gallo e Marcos Haftel), que travam disputas judiciais no Brasil e no exterior desde a metade do ano passado.

O fundo se associou, por meio da Volo do Brasil, com três brasileiros para controlar a empresa, mas houve um desentendimento na gestão dos recursos recebidos pela venda da Varig para a Gol _a VarigLog comprou as operações da Varig em leilão e depois revendeu a companhia aérea à Gol por US$ 320 milhões.

Por conta das disputas judiciais, há meses a VarigLog enfrenta sérios problemas, como suspensão de serviços e arresto de aeronaves por falta de pagamento a fornecedores e prestadores de serviços. Os funcionários também estão com salários atrasados.

Em abril, o juiz José Paulo Magano, da 17ª Vara Cível de São Paulo, determinou a volta do fundo americano para a gestão da VarigLog e excluiu os brasileiros da sociedade. À época, o advogado Nelson Nery Junior, que representa o Matlin, informou que havia sido fixado pagamento de US$ 428 mil para cada um dos três sócios.

Logo em seguida, o juiz mandou bloquear uma transferência de recursos da conta na Suíça da VarigLog para o Brasil e afastar Lap Chan, então gestor do fundo, do comando da empresa. Sobre isso, Nery Junior afirmou que o dinheiro seria usado na criação de uma linha de crédito para socorrer a empresa e não era uma tentativa de desvio.

OceanAir

A Federação Nacional dos Trabalhadores Aéreos também afirmou que a diretoria tenta marcar uma reunião com German Efromovich, dono da companhia aérea OceanAir, que ontem anunciou a demissão de 600 funcionários, a redução de destinos oferecidos (de 37 para 25) e o enxugamento da frota de aviões (de 16 para dez).

"A crescente alta do petróleo no mercado mundial e a necessidade de maior eficiência operacional e de custos obrigam a OceanAir a adequar-se ao novo cenário. A empresa está tomando todas as providências necessárias para minimizar o impacto de tais medidas para colaboradores e clientes", informou a companhia, em comunicado oficial.

"Nós devemos entrar também com uma ação civil coletiva para garantir os direitos trabalhistas dos funcionários da OceanAir, e para fazer respeitar a convenção coletiva do setor", afirma o presidente da Federação Nacional dos Trabalhadores em Transportes Aéreos, Uébio José da Silva.