Chávez foi recebido por Medvedev em Moscou

Chávez foi recebido por Medvedev em Moscou

Aliança russa com Chávez garante segurança da AL, diz Moscou

Presidente da Rússia recebe o líder venezuelano, que está no país para comprar armamentos

Agências internacionais - Estadão

MOSCOU - O presidente russo, Dmitri Medvedev, afirmou nesta terça-feira, 22, ao venezuelano Hugo Chávez que a ativa cooperação entre Moscou e Caracas "se converte em um dos fatores-chave da segurança regional" na América Latina. Chávez chegou ao país em uma visita cujo objetivo é a compra de armas esta está interessado em tanques, sistemas de defesa antiaérea e submarinos russos.

"Nos últimos tempos, nossos contatos e relações adquiriram um caráter não só estável, mas muito dinâmico", disse Medvedev ao receber Chávez, que realiza sua sexta visita ao país. Segundo o líder russo, a prova do elo entre os dois países é o rápido crescimento do comércio bilateral, que no ano passado foi duplicado em relação a 2006, a maior parte por conta da compra de armas russas do governo venezuelano.

Chávez parabenizou Medvedev pela posse, em maio deste ano, e se mostrou convencido de que a eleição do novo chefe do Kremlin será uma "garantia da segurança e da estabilidade dos dois países e do mundo inteiro", segundo a agência oficial russa. Logo em sua chegada, o presidente expressou suas "grandes esperanças" de que a visita permita a continuidade da construção de uma "aliança estratégica".

Segundo o venezuelano, os acordos firmados com a Rússia nos últimos anos, sobretudo a compra de armas, "garantiram a soberania da Venezuela, que é ameaçada pelos Estados Unidos". Após as reuniões dos dois presidentes, Chávez seguirá negociando com executivos de grandes companhias dos setores armamentistas, energéticos e metalúrgico, com o objetivo de firmar novos acordos.

Segundo fontes do complexo industrial militar russo, ambos os países poderiam assinar vários contratos de armamento pesado no valor de US$ 1 bilhão, informou a agência russa Interfax. Caracas está interessada na compra de cerca de dez a vinte sistemas antiaéreos Tor-M1, os mesmos que o Irã adquiriu no final de 2005. Também poderia ser fechada a compra de três submarinos da classe Varshavianka, projeto 636.07/22/10-25/08

O presidente venezuelano ainda transmitiu um recado do ex-líder cubano Fidel Castro, que parabenizou a Rússia pelo "renascimento" 16 anos após a queda da União Soviética.

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Chávez diz receber "calorosamente"

base militar russa na Venezuela

colaboração para a Folha Online

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, encontrou-se nesta terça-feira com o primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, e defendeu o rearmamento do Exército venezuelano como resposta ao que chamou de "agressivos planos" dos EUA. Chávez também disponibilizou a Venezuela para uma base militar russa e reafirmou sua intenção de continuar com a cooperação militar entre os países.

"A Rússia tem suficiente potencial para garantir sua presença em diferentes partes do mundo. Se as Forças Armadas russas querem estar na Venezuela, serão recebidas calorosamente", afirmou.

"Estamos em processo de rearmamento das Forças Armadas. Já fechamos a entrega dos (caças russos) Su-30", acrescentou Chávez durante uma coletiva, segundo a agência russa Interfax.

Chávez, que se reuniu hoje pela primeira vez com o novo presidente russo, Dmitri Medvedev, viajará amanhã a Belarus, na segunda escala de sua viagem pela Europa, que ainda incluirá Portugal e Espanha.

Chávez também afirmou que "trabalha na integração de seu sistema antiaéreo, que garantirá a segurança a curto, médio e longo alcance", processo no qual conta com Rússia e Belarus.

Em sua chegada a Moscou, o líder venezuelano disse que a compra de armas russas servirá para garantir "a soberania da Venezuela, que é ameaçada pelos Estados Unidos".

Armamento

De acordo com uma fonte citada pelo jornal digital Gazeta.ru, Caracas negocia a compra de 20 sistemas antiaéreos Tor-M1, os mesmos que o Irã adquiriu no final de 2005; três submarinos diesel-elétricos do tipo Varshavianka e outros seis da classe Amur; dez navios de superfície de distinta classe; 20 aviões patrulha Il-114 e dez helicópteros Mi-28N.

A exportadora estatal russa de armamento Rosoboronexport divulgou na segunda-feira que Chávez assinaria um acordo para a provisão de material bélico durante sua visita à Rússia.

Antes de viajar, Chávez declarou que a Rússia tinha se mostrado disposta a ceder ao país sul-americano um crédito de até US$ 800 milhões (R$ 1,27 bilhões) para a compra de armas.

A Rússia sempre defendeu a venda de armamento, tanto à Venezuela como ao Irã e à Síria, cujos regimes não agradam aos EUA, ressaltando que não alteram o equilíbrio estratégico nas respectivas regiões.

Nos últimos anos, a Venezuela transformou-se no principal cliente da indústria militar russa na América Latina, já que adquiriu 24 caças-bombardeiros Sukhoi-30MK2, 50 helicópteros de diferentes tipos e 100 mil fuzis Kalashnikov AK-103.


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Rússia pode posicionar bombardeiros em Cuba, diz jornal

Diário russo afirma que Moscou pode voltar a usar a ilha com fins militares como na crise dos mísseis, em 1962

Agências internacionais - Estadão

SÃO PAULO - Bombardeiros russos com capacidade para levar armas nucleares pode ser posicionados em Cuba em resposta ao plano dos Estados Unidos de construir um sistema de defesa antimísseis no Leste Europeu, segundo afirmou o jornal russo Izvestia, citando fontes militares do país. Em resposta, um alto funcionário da Força Aérea americana, o general Norton Schwartz, afirmou nesta terça-feira, 22, que Moscou estaria cruzando "uma linha vermelha" se usar a ilha cubana para abastecimento de combustível de seus aviões.

Segundo o jornal americano The Washington Post, a reportagem relembra a crise do mísseis de Cuba em 1962, que quase desencadeou um conflito nuclear entre os Estados Unidos e a ex-União Soviética. Segundo a BBC, o incidente teve início quando aviões de espionagem americanos descobriram bases de mísseis soviéticos em Cuba, a pouca distância dos Estados Unidos. A decisão do governo soviético de enviar os mísseis a Cuba foi, na época, vista como uma resposta à expansão dos mísseis americanos na Europa.

Oficiais do Ministério da Defesa russo tentaram jogar água fria na notícia, afirmando que a história foi escrita por sob um nome falso e cita uma fonte em uma organização que não existe. O Izvestia, segundo aponta o Post, costuma ser usado como fórum para vazar estratégias do Kremlin. "Enquanto eles estão posicionando o escudo antimísseis na Polônia e na República Checa, nossos bombardeiros estratégicos estarão aterrissando em Cuba", diz a fonte anônima citada pelo jornal.

O general Schwartz, cujo nome é considerado para ocupar o cargo mais alto da Força Aérea americana, afirmou ao Comitê de Armas do Senado que se a Rússia chegar a concretizar a instalação em Cuba, o país deve estar forte e indicar que isso é algo que cruza um ponto inicial, a linha vermelha dos EUA". Ainda não está claro, segundo o Post, se a fonte sugeriu que a Rússia poderia reabrir a base em Cuba ou usar o espaço aéreo para escalas de seus bombardeios Tu-160 e Tu-95, que são capazes de atingir os EUA a partir de bases da Rússia.

A Rússia é contra a instalação do sistema de defesa americano no Leste Europeu, afirmando que este plano é uma ameaça à sua segurança. Recentemente, a Rússia disse que usará meios militares contra a instalação do escudo antimísseis perto de suas fronteiras. A chancelaria russa disse que o Kremlin seria forçado a usar "métodostécnico-militares". O primeiro-ministro Vladimir Putin disse em 2007, quando era presidente, que o país poderia voltar seus mísseis contra países europeus caso o sistema fosse instalado.

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Chávez busca 'armas e liderança' em Moscou, dizem analistas

Para observadores, venezuelano quer firmar país como potência militar regional.

Fonte: Estadão

Ao tentar fechar um novo acordo para compra de armas da Rússia, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, quer transformar seu país em uma potência militar na América Latina, na opinião de analistas ouvidos pela BBC.

"O que Chávez está tentando fazer há muito tempo é colocar a Venezuela como uma potência regional, competindo com o Brasil", diz Susanne Gratius, pesquisadora da Fundação para as Relações Internacionais e o Diálogo Exterior (FRIDE), um instituto com sede em Madri, na Espanha.

Mas, segundo Gratius, a Venezuela "não tem capacidade para se transformar em uma potência regional somente com os petrodólares e, por isso, tem comprado armas da Rússia, já que o negócio de armas não é novidade".

O governo venezuelano comprou armas da Rússia em 2005 e 2006, e o presidente Hugo Chávez está novamente no país para um novo acordo de compra de armamentos.

Gastos

A visita a Moscou é a primeira etapa de uma turnê pela europa, que inclui também viagens a Bielorússia, Espanha e Portugal. Durante a visita, Chávez se encontrará pela primeira vez com o novo presidente russo, Vladimir Medvedev.

Gustavo Morales, professor da Universidade de San Pablo CEU, na Espanha, e especialista em defesa e segurança, concorda que a Venezuela tenta se firmar como uma potência militar na região.

"A Venezuela é a nova potência militar emergente que gastou mais de US$ 600 milhões no último ano em compras de armas e se tornou o maior importador de armas de toda a Ibero-América no ano passado", disse Morales.

O especialista avalia que a Venezuela tem, no momento, capacidade de se converter em uma potência regional.

"A macroeconomia lhe dá a razão", afirma Morales. "Devido à alta no preço das matérias-primas, especialmente o petróleo, está recebendo dinheiro extra que está investindo durante os últimos anos, na sua maior parte, na aquisição de um novo sistema de armamentos."

Para Morales, a compra de armas da Rússia pela Venezuela pode ser vista no contexto de um aumento de gastos com material bélico na América do Sul.

"Se olhamos para as cifras do Instituto de Estudos para a Paz, de Estocolmo, e de centros de estudos latinos, durante os últimos seis anos, um aumento no percentual de gastos tem sido detectado em vários países, com exceção apenas da Argentina", acrescenta.

'Corrida armamentista'

Na opinião de Susanne Gratius, além de uma modernização e reforma de seu aparato militar, a Venezuela busca "se colocar na frente na América Latina nessa tendência de uma corrida armamentista, em que o Chile segue sendo o mais avançado e o Brasil, apesar de não ter as Forças Armadas tão modernizadas, com certeza tem as mais potentes."

Em relação aos objetivos de cada país com essa suposta corrida armamentista, Gratius diz não acreditar que as metas da Venezuela estejam relacionados com o recente desentendimento com a Colômbia porque "o nível de conflito baixou".

"As Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) estão debilitadas, e acredito que Chávez quer baixar o nível de conflito", diz a pesquisadora.

"Ele tem feito apelos para que as Farc deixem as armas, e esse negócio com a Rússia não tem a finalidade, digamos, de comprar fuzis como os usados pelas Farc."