http://www.space.gc.ca/asc/img/viking1-01.jpg
A viking 1 foi lançada do Cabo Canaveral, Flórida, a 20 de agosto de 1975, acoplada a um foguete Titã. A sonda entrou em órbita de Marte a 19 de junho de 1976, e o lander desceu nas encostas ocidentais de Chryse Planitia a 20 de julho de 1976. Logo começou sua procura de micro-organismos marcianos (ainda hoje se discute se as sondas teriam ou não encontrado vida em Marte), e enviou para a Terra incríveis imagens a cores do cenário à sua volta. Foi através delas que os cientistas viram que o céu de Marte tinha uma cor rosada, e não azul escuro como eles pensavam anteriormente. (a cor rosa da atmosfera é o reflexo da luz solar nas partículas de poeira avermelhadas da atmosfera rarefeita). O lander desceu num local de areia vermelha e matacões, que se estendia até onde suas câmeras podiam alcançar.
http://www.space.gc.ca/asc/img/viking1-02.jpg

A Viking Lander 1 fez sua última transmissão em 11 de novembro de 1982. O controladores de vôo da JPL tentaram, por mais seis meses e meio, retomar o contato com a Viking Lander 1, mas não conseguiram. A missão chegava assim a seu término, em 21 de maio de 1983.

Um detalhe interessante: o lander da Viking 1 tinha sido projetado pela Thomas A. Mutch Memorial Station em memória do falecido líder da equipe de formação de imagens da lander. O National Air and Space Museum , em Washington, DC, é responsável pela guarda da placa da Mutch Station, até que ela possa ser afixada à espaçonave por uma missão tripulada.


O Projeto Viking

Fonte: História da Conquista Espacial By Karl H. Benz

O Projeto Viking da NASA foi constituído por uma missão composta por duas naves, as Vikings 1 e 2, idênticas, cada qual constituída por um módulo orbital e um de pouso. Os objetivos primários do programa eram: transportar os módulos de pouso até Marte e assim obter imagens de alta resolução da superfície do planeta, caracterizar a estrutura e composição da atmosfera e da superfície e pesquisar alguma evidência de vida. O Programa Viking foi responsável pelos dois primeiros pousos suaves na superfície marciana, com o envio de fotografias de ótima qualidade. Os módulos orbitais, por sua vez, mapearam uma grande parte da superfície do planeta.

Após alcançar o planeta vermelho, cada nave estava programada para enviar imagens à Terra, com vistas a selecionar o local de pouso. Então os dois módulos das naves deveriam se separar, e o módulo de pouso desceria suavemente na superfície marciana, no local previamente escolhido.

Os módulos orbitais continuariam em órbita, transmitindo imagens e realizando experimentos científicos diversos, em comunicação com os módulos pousados em Marte. O peso do módulo orbital de cada Viking era de 883 quilos, enquanto o módulo de pouso pesava 590 quilos.

As naves Viking foram lançadas no topo de foguetes Titan 3/Centauro, que tinham um comprimento de cerca de 50 metros e um peso total de aproximadamente 635 toneladas.

O projeto do módulo orbital, baseado na Mariner 9, era um octágono de aproximadamente 2,5 metros. O peso total no lançamento era de 2.328 quilos, dos quais 1.445 quilos eram combustível e gás para controle de atitude. A altura total era de 3,29 metros, e havia 16 compartimentos modulares para instalação dos sensores e equipamentos científicos. Oito painéis solares de 1,57 x 1,23 metros, montados aos pares, geravam eletricidade para a nave; com os painéis abertos, a Viking chegava aos 9,75 metros nas duas dimensões. Havia ainda duas baterias de níquel-cádmio.

O propulsor principal era montado na base do corpo da nave. O controle de atitude era orientado pelo Sol e pela estrela Canopus, além de uma unidade inercial constituída por 6 giroscópios tri-axiais, e consistia de 12 pequenos jatos de gás. Também havia dois acelerômetros a bordo. Uma antena parabólica com 1,5 metros de diâmetro e uma antena de baixo ganho no topo completavam o conjunto.

O arsenal de instrumentos científicos encarregados de coletar imagens, medir a umidade da atmosfera e efetuar o mapeamento infravermelho de Marte estavam acondicionados num recipiente termicamente estável, situado fora do corpo principal da nave. A instrumentação científica pesava cerca de 72 quilos; também foram realizados experimentos com sinais de rádio. O processamento dos comandos da nave era feito por dois processadores idênticos e independentes, cada qual com uma memória de 4.096 bytes (4 KBytes), algo simplesmente insignificante se compararmos com a capacidade de qualquer computador atual. Estes processadores também eram responsáveis pela aquisição de dados dos instrumentos.

Os módulos de pouso das naves Viking eram protegidas por capas biologicamente isoladas, para não contaminar a superfície marciana com micro-organismos terrestres, e assim não falsear os dados relativos à busca de seres vivos em Marte.

Cada módulo de pouso consistia numa base sextavada de alumínio com dimensões entre 0,56 e 1,09 metros, apoiada em 3 pernas dotadas de amortecedores e sapatas, que formavam um triângulo equilátero, de modo a dar estabilidade ao veículo. Cada sapata, com a nave nochão, distava 2,2 metros das outras duas.

Os instrumentos científicos eram montados na base do módulo de pouso. A energia elétrica era fornecida por dois geradores atômicos, contendo plutônio 238, auxiliados por quatro baterias recarregáveis de níquel-cádmio.

Havia um foguete para propulsão e 3 foguetes pequenos para a desaceleração final e o pouso. O controle era obtido através de uma unidade de referência inercial, 4 giroscópios, um aerodesacelerador, um altímetro por radar e um radar específico para o pouso.

Uma antena parabólica biaxial direcionável de alto ganho e uma antena unidirecional de baixo ganho, montadas sobre a nave, permitiam comunicações diretamente com a Terra. Uma terceira antena mantinha as comunicações com o módulo orbital. O computador do módulo de pouso possuía uma memória de 6.000 palavras para as instruções de comando.

Os instrumentos científicos da nave se destinavam a estudar a biologia, a composição química (orgânica e inorgânica), a meteorologia, a sismologia, as propriedades magnéticas, a aparência e as propriedades físicas do solo e da atmosfera marcianos.

Havia duas câmaras cilíndricas com visão de 360 graus montadas num dos lados da nave, próximas ao braço coletor de material, que continha um recipiente de coleta, um sensor térmico e um ímã na extremidade. Havia também um conjunto de sensores meteorológicos (de temperatura, direção e velocidade do vento), além de um sismômetro e outros instrumentos.

Um compartimento interno continha os recursos necessários para a realização de experiências biológicas e um espectrômetro de massa e cromatógrafo de gás. Também havia um espectrômetro de raios-X e um sensor de pressão. O peso total dos equipamentos científicos era de cerca de 91 quilos.

Viking 1

A Viking 1 foi lançada em 20 de agosto de 1975, e levou 10 meses para entrar na órbita marciana, o que ocorreu em 19 de junho de 1976, numa órbita extremamente excêntrica (1.513 km x 33.000 km). Começou então o processo de seleção de locais para o pouso, a partir das fotografias tiradas pela nave e enviadas ao Centro de Controle da NASA. A nave tirou fotos de toda a superfície marciana numa resolução de 150 a 300 metros.

Foi selecionado um local chamado Planície das Crises (Chryse Planitia), e o pouso ocoreu com sucesso no dia 20 de julho de 1976. A missão primária do módulo orbital encerrou em 5 de dezembro de 1976, no início de uma conjunção solar. A missão estendida iniciou no dia 14 de dezembro, após a conjunção solar. Foi realizada uma aproximação com o satélite natural Phobos em fevereiro de 1977, mediante alteração dos parâmetros orbitais da Viking 1. Também foram obtidas fotos do outro satélite de Marte, Deimos. Posteriormente, foram realizadas diversas alterações orbitais, de modo a evitar que a nave caísse sobre Marte antes do ano 2.019, para evitar eventuais contaminações bacterianas no planeta. As operações do módulo orbital da Viking 1 encerraram no dia 17 de agosto de 1980, após 1.485 órbitas.

O módulo de pouso, após a separação do módulo orbital, viajava a 4 km/s, quando os retrofoguetes foram disparados ingressar em uma órbita mais baixa. Após algumas horas a altitude de 300 km, o casulo que envolvia o módulo de pouso, formado pelo freio aerodinâmico e pelo escudo térmico, foi orientado a iniciar o pouso. Durante a descida na atmosfera marciana, foram realizados alguns experimentos científicos. A uma altitude de 6 km, quando a nave desenvolvia uma velocidade de cerca de 250 m/s, foi aberto o pára-quedas. Sete segundos após, o freio aerodinâmico foi expelido, e depois de mais oito segundos as três pernas de pouso foram estendidas. Em 45 segundos o pára-quedas reduziu a velocidade para 60 m/s. A 1,5 km de altura os retrofoguetes foram acionados durante 40 segundos, reduzindo a velocidade para 2,4 m/s, o que possibilitou um pouso suave e dentro das especificações.

A transmissão da primeira imagem da superfície iniciou 25 segundos após o pouso. O sismômetro falhou, e o braço coletor de amostras somente conseguiu ser ativado após 5 dias. O restante do equipamento não apresentou problemas.

Em janeiro de 1982, o módulo de pouso da Viking 1 foi batizado como "Thomas Mutch Memorial Station", em homenagem ao líder da equipe de imagens do projeto. A Viking 1 funcionou até 13 de novembro de 1982, quando um comando errado enviado pelo controle da missão resultou em perda de contato.

Viking 2

A Viking 2 foi lançada em 9 de setembro de 1975, menos de 1 mês após a Viking 1, e entrou na órbita marciana em 7 de agosto de 1976. O módulo de pouso da Viking 2 pousou suavemente, repetindo a rotina de sua irmã, na Planície da Utopia (Utopia Planitia) em 3 de setembro de 1976. O módulo orbital da Viking 2 foi desligado em 25 de julho de 1978, após ter realizado 706 órbitas; o módulo de pouso encerrou suas comunicações em 11 de abril de 1980.

Os módulos de pouso Viking 1 e 2 transmitiram imagens da superfície (mais de 1.400 no total), coletaram amostras e as analisaram quanto à composição química e sinais de vida, estudaram a composição da atmosfera e a meteorologia do planeta vermelho, e colocaram sismômetros.

Os resultados das experiências realizadas pelas naves Viking nos deram a mais completa visão sobre Marte até aquela época. As fotografias revelaram vulcões, superfícies planas de lava, cânions imensos, crateras, formações eólicas e evidências de superfícies líquidas (certamente água) em outras eras.

O planeta parece ser dividido em duas regiões principais, planícies baixas ao norte e planaltos com crateras ao sul. Sobrepostas a estas regiões há duas áreas áreas vulcânicas altas, chamadas de Tharsis e Elysium, e um gigantesco cânion próximo ao equador, o famoso Valles Marineris. As regiões onde pousaram as duas naves Viking são caracterizadas por alta concentração de ferro.

A maior elevação de Marte é o Monte Olympus (Olympus Mons), de origem vulcânica.

As temperaturas medidas nos locais de pouso variavam entre 150 K e 250 K, com uma variação diária de 35 a 50 K.

Foram registradas tempestades de poeira sazonais, como as que parecem ter sido as responsáveis pelos problemas ocorridos, em 1971, com os módulos de descida das sondas soviéticas Mars 2 e Mars 3.

Também puderam ser observadas mudanças de pressão atmosférica e migração de gases da atmosfera marciana entre as capas polares do planeta.

As experiências biológicas, nas quais havia muita esperança, não detectaram qualquer indício de vida presente ou passada nas regiões pesquisadas.

Uma curiosidade: uma das naves Viking enviou uma foto de uma região de Marte, conhecida como Cydonia, na qual um determinado ângulo formado pelas sombras dava a impressão de uma gigantesca face humanóide. Desnecessário dizer que, por mais de 20 anos, esta foto incendiou a imaginação de ufologistas e crédulos em geral, que afirmavam ser esta uma escultura esculpida por uma civilização marciana, que os dados das naves Viking haviam sido falsificados pela NASA, de modo a ocultar provas da existência desta suposta civilização, e assim por diante.

No entanto, uma foto tirada pela nave americana Mars Pathfinder em 1998 provou que a região citada não possuía nenhuma escultura apocalíptica, mas apenas um conjunto de formações absolutamente naturais.