A Guarda da Revolução da República Islâmica Iraniana, revelou neste fim-de-semana que testou com sucesso um novo míssil anti-navio com alcance de 300km.
Segundo as afirmações oficiais publicadas pela agência noticiosa iraniana IRNA, nenhum outro país do mundo dispõe de um míssil tão sofisticado, contra o qual não há defesa possível.
A verificação dos dados divulgados é extremamente difícil, senão mesmo impossível, pois os iranianos normalmente não divulgam nenhum tipo de dado específico sobre os seus equipamentos, limitando-se a afirmar que se trata normalmente de equipamento de elevada tecnologia que deixa o Irã num patamar de igualdade com os Estados Unidos.
As afirmações da Guarda Revolucionária têm sido entendidas ao longo dos últimos anos, acima de tudo como afirmações de propaganda para utilização interna sem qualquer correspondência com a realidade do parque industrial iraniano.
Em 2006, por exemplo, o Irão fez voar o caça Sahege, e afirmou que se tratava de uma aeronave do tipo do F-18E/F norte-americano, mas depois de a aeronave ter sido fotografada, verificou-se que se tratava de um pequeno caça F-5 modificado na traseira, com leve vertical duplo. As prestações da aeronave não são nem de perto nem de longe parecidas com a de qualquer aeronave de primeira linha presentemente ao serviço.
A afirmação iraniana no entanto, pode não ser completamente desprovida de fundamento. O Irã não tem uma industria militar com capacidades para permitir o desenvolvimento autónomo de sistemas de armas complexos, mas já demonstrou ter pelo menos capacidade para replicar sistemas de outros países.
SS-N-27 Sizzler
Com estas características, o míssil anti-navio que terá sido «desenvolvido» pela Guarda Revolucionária, poderá ser um derivado ou uma versão do míssil russo NOVATOR 3M54E, código NATO SS-N-27 Sizzler, ou mesmo o próprio míssil russo, que pode ter sido entregue através dos dúbios circuitos de distribuição. Tais circuitos funcionam quer na Rússia quer nos países da antiga União Soviética, com vendas de equipamentos russos a serem feitos através da Bielorrússia, onde não existe qualquer controlo sobre a venda de armas e onde as redes de contactos da antiga KGB continuam a funcionar em pleno.
A China é outro provável fornecedor de um sistema equivalente, pois o país alegadamente terá recebido uma quantidade não revelada de mísseis SS-N-27 e como é normal nestes casos a China começa o processo de retroversão e cópia de um sistema de armas logo que o recebe, pelo que não é de excluir que o míssil testado no Irão seja uma versão chinesa do SS-N-27.
O Irão parece ter desenvolvido com o apoio da China, versões de mísseis de curto e médio alcance baseadas em terra, pelo que esta será uma possibilidade a considerar.
A afirmação por parte da Guarda Revolucionária de que o novo míssil iraniano é tão poderoso que nenhuma marinha terá defesa contra ele, parece estar relacionada com o míssil SS-N-27.
No inicio de 2007, especialistas do Congresso dos Estados Unidos afirmaram num relatório, a propósito da venda do SS-N-27 à China, que os navios da esquadra norte-americana não estão preparados para se defenderem daquele míssil de concepção russa, pelo que em caso de crise com Taiwan, a esquadra americana correria riscos se estivesse colocada nas proximidades do estreito de Taiwan.
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