A guerra Irã x Iraque - 1980–1988
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Combatentes | |||||||
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Iraque Apoiantes: | Irã Apoiantes: | ||||||
Comandantes | |||||||
Saddam Hussein Ali Hassam al-Majid | Abolhassan Bani-sadr(1980/81) Ruhollah Khomeini | ||||||
Forças | |||||||
190.000 Soldados Nº. Desconhecido de Voluntários | 305.000 Soldados Aproximadamente 700.000 Soldados de milícias islâmicas | ||||||
Baixas | |||||||
Estimativas 375.000 a 400.000 mortos ou feridos, civis e militares | Estimativas 750.000 a 1.000.000 mortos ou feridos, civis e militares |
Fonte: Brasil Escola
o Iraque foi acusado de usar armas biológicas em tropas iranianas.
PRÓLOGO
A Guerra Irã-Iraque foi o conflito entre o Irã e o Iraque com fins de ganhos territorial e político no Oriente Médio, durando cerca de 10 anos, entre 1980 e 1990. Tudo começou em 1980 quando Saddam Hussein, líder iraquiano, revogou um tratado firmado em 1975, no qual cedia cerca de 518 quilômetros quadrados de sua área ao Irã e em troca o país cessaria a assistência militar à minoria curda no Iraque, que lutava pela independência.
Linha Iraquiana sob ataque
Husseim queria reconquistar seu território cedido ao Irã por meio do acordo, então invadiu três ilhas iranianas no estreito de Ormuz e em 22 de Setembro de 1980, invadiu a zona ocidental do Irã. Os interesses iraquianos eram claros: desestabilizar o governo islâmico iraniano de Teerã e anexar importantes territórios ricos em petróleo.
No início do conflito, o Iraque não conseguia vencer as tropas iranianas e a ofensiva iraquiana encontrou forte resistência. Todas as vezes que o Iraque conquistava um território, o Irã recapturava-o. Somente Khorramshahr ficou inteiramente em poder do Iraque. Vendo que era forte a resistência iraniana, o Iraque propôs um cessar-fogo, que não foi aceito pelo Irã.
Nesse sentido, a sorte do Iraque foi o fato do país ter o apoio de todas as potências, como EUA e URSS. Isso foi muito importante para assegurar ao país, uma condição mínima de resistância à vontade de guerra iraniana. Porém esse apoio foi abalado quando em meados da década de 80, o país foi acusado de ter utilizado armas químicas contra as tropas iranianas.
Em 1988, o Conselho de Segurança da ONU exigiu um cessar-fogo. O Iraque, que desde antes já havia proposto, aceitou logicamente, porém o Irã contuinuava a retalização à ofensiva iraquiana. O principal fator que levou o Irã, depois de exaustivas negociações, a aceitar o cessar-fogo foi o fato de sua economia estar totalmente abalada. O acordo de paz se deu no dia 15 de agosto de 1988.
Em 1990, o Iraque aceitou o acordo de Argel de 1975, que estabelecia as mesmas fronteiras com o Irã que já havia antes da guerra. O resultado da Guerra Irã-Iraque foi zero, pois não houveram vencedores, ambos os países perderam. Ambas economias foram completamente desestruturadas, os domínios territoriais e políticos continuaram iguais, além da morte de cerca de 1,5 milhão de vidas no conflito. Em Setembro de 1990, enquanto o Iraque se preocupava com a Guerra do Golfo, ambos os países restabeleceram relações diplomáticas.
Linha Iraniana
A GUERRA
A Guerra Irã/Iraque ou Guerra Irão/Iraque foi um conflito militar entre o Irã/Irão e o Iraque entre 1980 e 1988. Foi o resultado de disputas políticas e territoriais entre ambos os países. Os Estados Unidos, cujo presidente era Ronald Reagan, apoiavam o Iraque.
Em 1980, o presidente Saddam Hussein, do Iraque, revogou um acordo de 1975 que cedia ao Irã cerca de 518 quilômetros quadrados de uma área de fronteira ao norte do canal de Shatt-al-Arab em troca da garantia de que o Irã cessaria a assistência militar à minoria curda no Iraque que lutava por independência.
Tanque iraquiano em chamas
Exigindo a revisão do acordo para demarcação da fronteira ao longo do Shatt-al-Arab (que controla o porto de Bassora), a reapropriação de três ilhas no estreito de Ormuz (tomado pelo Irã em 1971) e a cessão de autonomia às minorias dentro do Irã, o exército iraquiano, em 22 de Setembro de 1980, invadiu a zona ocidental do Irã.
O Iraque também estava interessado na desestabilização do governo islâmico de Teerã e na anexação do Kuzestão, a província iraniana mais rica em petróleo. Segundo os iraquianos, o Irã infiltrou agentes no Iraque para derrubar o regime de Saddam Hussein. Além disso, fez intensa campanha de propaganda e violou diversas vezes o espaço terrestre, marítimo e aéreo iraquiano. Ambos os lados foram vítimas de ataques aéreos a cidades e a poços de petróleo.
O exército iraquiano engajou-se em uma escaramuça de fronteira numa região disputada, porém não muito importante, efetuando posteriormente um assalto armado dentro da região produtora de petróleo iraniana. A ofensiva iraquiana encontrou forte resistência e o Irã recapturou o território.
Em 1981, somente Khorramshahr caiu inteiramente em poder do Iraque. Em 1982, as forças iraquianas recuaram em todas as frentes. A cidade de Khorramshahr foi evacuada. A resistência do Irã levou o Iraque a propor um cessar-fogo, recusado pelo Irã (os iranianos exigiram pesadas condições: dentre elas a queda de Hussein). Graças ao contrabando de armas (escândalo Irã-Contras), o Irã conseguiu recuperar boa parte dos territórios ocupados pelas forças iraquianas. Nesse mesmo ano, o Irã atacou o Kuwait e outros Estados do Golfo Pérsico. Nessa altura, as Organização das Nações Unidas e alguns Estados Europeus enviaram vários navios de guerra para a zona. Em 1985, aviões iraquianos destruíram uma usina nuclear parcialmente construída em Bushehr e depois bombardearam alvos civis, o que levou os iranianos a bombardear Bassora e Bagdá.
O esforço de guerra do Iraque era financiado pela Arábia Saudita, pelos EUA e pela União Soviética, enquanto o Irã contava com a ajuda da Síria e da Líbia. Mas, em meados da década de 80, a reputação internacional do Iraque ficou abalada quando foi acusado de ter utilizado armas químicas contra as tropas iranianas.
A guerra entrou em uma nova fase em 1987, quando os iranianos aumentaram as hostilidades contra a navegação comercial dentro e nas proximidades do golfo Pérsico, resultando no envio para a região de navios norte-americanos e de outras nações. Oficiais graduados do exército iraniano começaram a perder credibilidade à medida que suas tropas sofriam perdas de armas e equipamentos, enquanto o Iraque continuava a ser abastecido pelo Ocidente.
No princípio de 1988, o Conselho de Segurança da ONU exigiu um cessar-fogo. O Iraque aceitou, mas o Irã, não. Em Agosto de 1988, hábeis negociações levadas a cabo pelo secretário-geral da ONU, Perez de Cuéllar, e a economia caótica do Irã levaram a que o país aceitasse que a Organização das Nações Unidas (ONU) fosse mediadora do cessar-fogo. O armistício veio em julho e a paz foi reestabelecida em 15 de agosto.
Em 1990, o Iraque aceitou o acordo de Argel de 1975, que estabelecia fronteira com o Irã. Não houve ganhos e as perdas foram estimadas em cerca de 1,5 milhão de vidas. A guerra destruiu os dois países e diminuiu o ímpeto revolucionário no Irã. Em 1989, o aiatolá Khomeini morreu. A partir de então, o governo iraniano passou a adotar posições mais moderadas. Em Setembro de 1990, enquanto o Iraque se preocupava com a invasão do Kuwait, ambos os países restabeleceram relações diplomáticas.
ANÁLISE
A explicação oficial do governo iraquiano para a guerra, iniciada em 22 de Setembro de 1980, foi a disputa de Shatt al Arab. Essa é uma área de acesso ao golfo pérsico localizada na fronteira dos dois países. Essa história vinha desde os tempos de Império Otomano vs Pérsia. Outra disputa antiga que foi usada como desculpa nessa guerra foi a da região do Khuzestan. Este era parte da mesopotâmia (atual Iraque) e havia sido tomado pelo Irã durante o periodo do Império Otomano. O Ba’ath já dizia que o Khuzestan deveria ser retornado ao Iraque desde que chegou ao poder, em 1968.
PATRULHA DE COMBATE DE F-14 IRANIANOS
Como sempre, os reais motivos para a guerra eram bem mais recentes. Saddam e sua turma queriam dominar a região, embalados ainda nas suas teorias Pan-árabes. Mas mais que isso, Saddam estava morrendo de medo. E com razão. Depois da queda do Shah, o Irã se tornou um problema incontrolável para o Ba’ath. Khomeini era tão brutal quanto Saddam, com a vantagem de ter total controle sobre a maioria do seu povo. Era uma questão de tempo para que uma nova revolução islâmica explodisse em Karbala ou Najaf (cidade aonde Khomeini morou por 15 anos). Simplificando, Saddam tinha duas opções: tentar uma arriscada aliança iraniana (como havia feito com o Shah) ou partir para ofensiva.
F-4 IRANIANO ABATIDO
A guerra era uma opção tentadora. O Iraque tinha uma vantagem militar enorme sobre o Irã: 190.000 soldados, 2.200 tanques e 450 aviões MiG-23 e MiG-21 soviéticos de última geração. Do outro lado, o Irã tinha menos de 1.000 tanques, um exército desorganizado e equipamentos muito mais velhos, como os F-4 Phantom americanos da época do Shah. Mais que isso, a revolução islâmica isolou o Irã do ocidente, antigo fornecedor de armas. Todos acreditavam numa vitória rápida do Iraque.
Mas Saddam não contava com o nacionalismo iraniano. O “Army of Twenty Million” mandou 200 mil iranianos para as fronteiras em Novembro de 1980. Muitos eram antigos aliados do Shah, buscando um novo status na teocracia dos aiatolás. Além disso, Saddam cometeu varios erros estratégicos. Ele contava que 3 milhões de árabes do Khuzestan iriam se juntar aos iraquianos. A enorme maioria se juntou ao exército iraniano. Ele achava que conseguiria destruir os aviões iranianos com seus bombardeios iniciais, mas não conseguiu (os hangares era muito mais resistentes do que imaginado). O Iraque só se deu bem no começo da guerra porque o Irã também errou muito. Os xiitas do Sul se juntaram ao exército iraquiano, contrariando as expectativas de Khomeini, que havia colocado poucas tropas no sul. Adicione a tudo isso a ineficiência dos comandantes iraquianos e a abundância de soldados suicidas do Irã, e acabou-se tendo uma guerra muito mais equilibrada (e consequentemente sangrenta) do que qualquer um poderia imaginar.
Mirage F1 Iraquiano
O envolvimento do ocidente nos primeiros anos da guerra foi pequeno, principalmente porque o Iraque estava levando a melhor. Depois da crise dos reféns americanos, o Iraque parecia um mal bem menor que o Irã. Com a gradual ascensão iraniana, e com o aumento dos ataques iranianos aos navios petroleiros, o ocidente e certos paises árabes (principalmente Arábia Saudita e Kuwait) começaram a dar uma mão para o Iraque. E a ajuda chegou na hora certa: Saddam estava ficando sem dinheiro.
O Iraque chegou a gastar 3/4 do seu GDP em armamentos durante a guerra. Entre 1981 e 1985, o Iraque vendeu 48.4 bilhões de dólares em petróleo. No mesmo periodo, os gastos com armas chegaram a 120 bilhões de dólares.
Apesar de quase 80% dar armas virem da União Soviética e França, não fatavam outros candidatos dispostos a entrar na fila: Alemanha, China, Coréia do Norte, Síria, Líbia, Egito… Brasil (quarto maior fornecedor de armas). Os EUA ajudaram o Iraque de outras maneiras: dinheiro, materiais, e expertise militar.
Os EUA também se envolveram no lado iraniano, no famoso episódio do Ira-contras. Mas no geral, poucos países ajudaram o Irã durante a guerra (o que diz muito sobre a incompetência iraquiana).
Em 1988, depois de matar 1.5 milhão de pessoas e de basicamente voltar ao ponto de partida na disputa territorial, os 2 lados aceitaram uma trégua (o fim da guerra nunca foi assinado).
O retrato do Iraque não poderia ser pior: uma dívida de aproximadamente 77 bilhões de dólares (27 bilhões para o ocidente e 50 bilhões para paises do Golfo), produção de petróleo comprometida, disputas internas, e o quarto maior exercito do mundo: um milhão de soldados, 4500 tanques, medium range missiles, arsenal de armas biólogicas e químicas (usadas durante a guerra), e um programa nuclear.
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