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Embraer na Argentina interessa ao País, diz Lula

Etiene Ramos - Gazeta Mercantil

Recife e Buenos Aires, 8 de Setembro de 2008 - O presidente do Brasil , Luiz Inácio Lula da Silva, admitiu o interesse do governo na instalação de uma fábrica da Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer), na Argentina para produzir peças, conforme uma demanda do governo daquele país. "A questão é que a Embraer, embora sendo uma empresa privada, detém um relacionamento muito produtivo com o governo brasileiro. E temos interesse que estabeleça um braço na Argentina para a produção de algumas peças", disse Lula em entrevista ao diário Clarín de Buenos Aires.

O pedido do governo argentino para que a terceira maior fabricante mundial de aviões instale uma subsidiária em seu território foi ratificado pelo ministro do Planejamento, Julio de Vido, que acompanha a presidente Cristina Kirchner em sua visita de três dias ao Brasil. Vido informou no Recife ao jornal La Nación, de Buenos Aires, que o governo argentino deseja adquirir da Embraer 26 aviões para reequipar a empresa aérea Aerolíneas Argentinas e sua subsidiária Austral, recentemente reestatizadas, que controlam 80% do mercado aéreo de cabotagem, e contam com uma frota de 70 aeronaves das quais 40% estão fora de serviço.

Hoje, Argentina e Brasil assinam também um acordo para eliminar o dólar do comércio bilateral, que em 2008 chegará a 30 bilhões de dólares, disse o presidente Lula em comentários publicados no domingo por um jornal argentino. Os dois governos consideram ainda a possibilidade de estender a medida aos outros membros do bloco, Uruguai, Paraguai e Venezuela, e a países em processo de adesão. Anunciada em setembro de 2006 e prevista para ter entrado em vigor em julho de 2007, a iniciativa visa reduzir os custos cambiais do comércio bilateral e simplificar o intercâmbio entre os dois países.

Cristina Kirchner desembarcou no último sábado para sua primeira visita oficial ao Brasil. Um dos principais motivos da viagem é a obtenção de uma linha de crédito de até US$200 milhões para financiar obras de infra-estrutura na Argentina. "Cristina e Lula assinarão um acordo de cooperação junto com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e com os argentinos Banco Nación e Banco de Investimento e Comércio Exterior (BICE)", disse uma fonte oficial. "O acordo deve servir para reduzir o déficit comercial em relação ao Brasil", destacou a fonte. De acordo com a consultoria Abeceb.com, o déficit comercial da Argentina com o Brasil foi de US$ 3,555 bilhões entre janeiro e agosto, um crescimento de 41,6% em relação ao mesmo período de 2007. O volume total do comércio bilateral entre os dois países alcançou US$ 25 bilhões em 2007.

O primeiro compromisso da visita da presidente da Argentina foi inauguração da fábrica de aerogeradores da Impsa, no último sábado, no Complexo Industrial e Portuário de Suape, em Pernambuco, é uma mostra do tipo de integração latino-americana defendida pela presidente. "Sabemos que a integração não é uma opção, é o único caminho possível para remontar a história de desencontros na América Latina", afirmou Kirchner.

Maior fábrica de geradores eólicos da América Latina, a primeira unidade no Brasil da Impsa Wind, braço do grupo argentino Impsa voltado para energia eólica, representa um investimento de R$ 145 milhões que poderá chegar a cerca de R$ 280 milhões até 2010, quando a empresa terá concluído suas três etapas para a produção de geradores, pás e torres eólicas. Até lá, serão criados 1,6 mil empregos diretos e a produção inicial de 200 aerogeradores de 1,5 MW (megawats) por ano, poderá chegar a 300 com aumento da demanda.