Retirada de tropas brasileiras trará problemas para o Haiti
Fonte: Tribuna do Norte
O embaixador e chefe de gabinete da Secretaria-Geral do Ministério das Relações Exteriores, Flávio Helmold Macieira, avaliou, em palestra para militares no Campo dos Afonsos, base da Força Aérea Brasileira (FAB), que a eventual retirada das tropas que atuam no Haiti será um problema para o Brasil. Para Macieira, a experiência brasileira no Haiti é "altamente sensível". "Há um problema de saída. A missão até agora tem conseguido sucesso parcial de permanência e bom controle da situação, tem contribuído muito para o nosso prestígio, mas o que vai acontecer no momento da saída de um país devastado?", indagou, para em seguida responder: "Aí a missão pode ser vista como malograda. Esse é o nosso problema."
No discurso para a platéia de militares, o embaixador ressaltou a necessidade de um esforço internacional para que o Haiti tenha uma situação de paz consolidada. "A dificuldade é muito séria. Há um progresso interessante, mas o fato é que exige um esforço gigantesco que precisa ser partilhado por toda a sociedade. Um trabalho de mobilização para que essa missão tão difícil para o Brasil dê certo."
Macieira ressalvou, porém, que o Brasil obteve êxito até o momento numa tarefa em que, afirmou, franceses e americanos falharam anteriormente. "O Brasil tem tido um sucesso que grandes potências não tiveram, elas fracassaram ao tentar pacificar o Haiti. E o Brasil, com a presença das Forças Armadas e até da seleção brasileira de futebol, tem conseguido sucesso parcial", disse.
"Mas temos um problema porque, ao sair, a situação se reverte. Temos que sair de uma forma que a situação de paz esteja consolidada. E isso é muito difícil num país devastado como é o Haiti, que já não tem florestas, por exemplo. Não sei o que vai acontecer. É uma tarefa para o governo brasileiro, para a comunidade internacional."
No mês passado, o Conselho de Segurança da ONU decidiu renovar por mais um ano a missão de estabilização no Haiti, liderada pelo Brasil. Com a decisão, por 15 votos a zero, a manutenção das tropas foi estendida pelo menos até 15 de outubro de 2009. A missão foi enviada ao Haiti após violenta deposição, em 2004, do então presidente Jean-Bertrand Aristide.
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