Fokker T.V (5)



INTRODUÇÃO

O Fokker T.V era a principal aeronave de bombardeio da Força Aérea Holandesa no começo da Segunda Guerra Mundial. O bombardeiro T.V tinha construção mista de aço e madeira, com revestimento de alumínio. Era propulsado por dois motores radiais Bristol Pegasus XXVI de 925 hp cada.

DESENVOLVIMENTO

A aeronave foi inicialmente desenhada como um “caça de cruzeiro”, em 1933-1934, pelo time de design da Fokker liderado pelo engenheiro Beeling, que também desenhou o Fokker G.I e o protótipo do T.IX. Tinha o propósito de dominar e proteger um determinado espaço aéreo ou um objeto por um longo período. Para esse fim, foi equipado com quatro metralhadoras 7,9 mm nas posições ventral, dorsal, cauda e lateral da fuselagem. Durante a guerra, a metralhadora lateral foi excluída e um canhão de 20 mm foi montado no nariz.

O Fokker T.V tinha capacidade para carregar 1.000 kg de bombas. A Fokker esperava receber uma encomenda de pelo menos 130 exemplares da Força Aérea das Índias Orientais Holandesas, mas a escolha foi feita pelo Glenn Martin 139 (também conhecido como B-10), que era em todos os aspectos inferior ao T.V. A fábrica holandesa sentiu-se humilhada. Era a segunda vez que as Índias Orientais escolhiam comprar aeronaves estrangeiras ao invés das nacionais Fokker. Anteriormente, o Fokker D.XXI havia sido rejeitado em favor do Brewster Buffalo. Mais tarde, o mesmo destino aguardaria o Fokker T.IX.

O protótipo do T.V voou pela primeira vez em 16 de outubro de 1937, comandado pelo piloto de testes (e ás da Primeira Guerra) Emil Meinecke, o preferido da Fokker. A aeronave de alumínio pintado mostrou boas características de manobrabilidade, mas a velocidade do ar estava abaixo da média. As miras de bombardeio também eram uma dor de cabeça. Elas não podiam ser operadas eletricamente, e tudo tinha de ser feito manualmente. Mas o que poderia ser considerado o maior defeito dessa aeronave, era seu dramático vôo com um motor, que era virtualmente impossível.

O Fokker T.V levava cinco tripulantes: um bombardeador/artilheiro do nariz; um piloto; um co-piloto/artilheiro dorsal; um mecânico/operador de rádio/artilheiro ventral; e um artilheiro da cauda. O modelo foi posto em serviço no outono de 1938, mas então já era ultrapassado por todos os caças inimigos. O conceito do caça de cruzeiro foi deixado de lado, e em 1940, o Fokker T.V recebeu o papel de bombardeiro. Mas ainda havia um pequeno contratempo: apenas duas das 16 aeronaves disponíveis (numeradas de 850 a 865) estavam equipadas com os suportes de bombas necessários para a realização de um bombardeio preciso. As outras tinham suportes improvisados que podiam carregar 200 kg de bombas.

BATALHA DA HOLANDA

Pode ser considerado um milagre que durante e curtíssima Batalha da Holanda, os Fokker T.V tenham derrubado sete aeronaves alemãs. A base aérea de Schiphol era o lar do “Bombardeervliegtuig Afdeling” (Grupo de Bombardeio). Lá, encontravam-se nove T.Vs, dentre os quais estavam os dois equipados com os suportes (nºs 850 e 856). No primeiro dia da invasão, Schiphol foi atacada por bombardeiros alemães. Os T.Vs receberam ordem para decolar e estabelecer patrulha em três grupos de três aeronaves, mas por causa da confusão, tiveram de lutar separados; houve, contudo, algum sucesso. Uma das aeronaves, a 859, não conseguiu decolar por falha no sistema hidráulico. O 853 fez um pouso forçado em Ruigenhoek; o 858 conseguiu derrubar um caça inimigo e pousou em Souburg para reabastecimento e rearmamento, sendo mais tarde danificado por flak amigo e fazendo pouso forçado, resultando em incêndio; o 865 decolou, voando com as rodas abaixadas e, ao pousar em Kooy, foi destruído por caças inimigos; o 850 derrubou uma aeronave alemã perto de Leiden, e voou para Bergen para manutenção; o 855, pilotado pelo jovem Tenente Swagerman, conseguiu derrubar duas aeronaves inimigas com o canhão do nariz; o 862 também conseguiu derrubar uma aeronave e danificar outras duas.


Após a primeira hora da batalha quatro Fokker T.Vs haviam sido perdidos, e cinco aeronaves inimigas tinham sido derrubadas por eles. O 855 decolou sozinho de Schiphol para bombardear o aeródromo de Ockenburg, destruindo pelo menos quatro aeronaves no solo. Foi então interceptado por cinco caças alemães e derrubado sobre o mar, com somente o Tenente Swagerman sobrevivendo e nadando até a praia. Na primeira oportunidade, o 854, 856 e 862 decolaram para bombardear Ockenburg. A fumaça resultante do ataque do 855 fez a navegação bastante fácil, e a operação foi bem-sucedida. Mais tarde, as três aeronaves decolaram para bombardear Waalhaven, escoltados por caças D.XXI. Durante a volta, foram atacados por 15 Messerschmitt Bf 109, com o 854 e 862 sendo derrubados, matando nove tripulantes.

Agora haviam somente duas aeronaves restantes, o 850 e o 856. Em 11 de maio de 1940, foram ordenadas a bombardear duas pontes capturadas pelos alemães em Roterdã, com escolta de 3 D.XXIs. Durante as duas primeiras tentativas, todas as bombas erraram as pontes. No retorno, o 850 conseguiu derrubar um Messerschmitt Bf 110, mas foi derrubado perto de Waddinxveen, matando todos os tripulantes; seus destroços foram encontrados em 1999. O único sobrevivente, o 856, foi bombardear as pontes em 13 de maio, novamente sem sucesso. Quando retornava à Schiphol, foi interceptado e derrubado por um Bf 109, matando os cinco tripulantes.

DADOS TÉCNICOS

Tripulação: 5
Comprimento: 16 m
Envergadura: 21 m
Altura: 5 m
Área alar: 66,2 m²
Peso vazio: 4.650 kg
Peso cheio: 7.250 kg
Motor: 2× Bristol Pegasus XXVI de 925 hp (690 kW)
Velocidade máxima: 417 km/h
Alcance: 1.550 km
Teto operacional: 7.700 m
Armamento: 1× canhão Solothurn S-18/100 de 20 mm (nariz), 5x metralhadoras 7,9 mm (dorsal, ventral, laterais e cauda), 1.000 kg de bombas


Em Video Fokker T. V em escala: