Chávez promete comprar tanques após pacto militar Colômbia-EUA

Reuters/Brasil Online - Por Enrique Andrés Pretel Via O Globo

O presidente Hugo Chávez disse na quinta-feira que a Venezuela continuará comprando armas diante da "ameaça" supostamente representada por um projeto da Colômbia de aumentar sua cooperação militar com os Estados Unidos.

Caracas retirou no mês passado seu embaixador de Bogotá e tomou algumas medidas de pressão econômica como protesto contra o acordo do governo do presidente colombiano, Álvaro Uribe, com Washington, que permitirá aos Estados Unidos utilizar sete bases militares do país sul-americano.

O militar da reserva, que afirma realizar uma revolução socialista em favor dos pobres, disse que em sua próxima visita a Moscou prevista para setembro comparará "ao menos três batalhões de tanques russos" para preparar-se ante uma eventual guerra com Colômbia ou Estados Unidos.

"Lamentavelmente temos que nos armar. Cada quadro do partido tem que ser um soldado combatente... pronto para a guerra para defender a pátria ante uma agressão do império norte-americano", disse Chávez em um ato com militantes de seu Partido Socialista Unido da Venezuela.

A Venezuela iniciou no ano passado negociações para comprar tanques T-72M, segundo fontes da indústria de defesa da Rússia.

Chávez já comprou em Moscou mais de 4,4 bilhões de dólares em armamento, incluindo aviões de combate, fuzis Kalashnicov e helicópteros. Tais compras foram criticadas pela Colômbia e pelos Estados Unidos.

"Transformaremos a Venezuela em uma fortaleza inexpugnável, como Cuba", afirmou o presidente, saudado pelos seguidores, após saudar seu amigo e aliado Fidel Castro.

Uribe realizou esta semana um giro por países da região para explicar que o projeto não contempla a instalação de bases militares norte-americanas na Colômbia, mas sim o uso compartilhado de instalações colombianas, e que o acordo é necessário para fortalecer a luta contra o tráfico de drogas e a guerrilha.

No entanto, o presidente venezuelano denunciou que a Casa Branca deseja invadir seu país para assumir as principais reservas de petróleo do Ocidente.

"Os yankees estão desesperados porque já não têm petróleo e não puderam capturar o petróleo do Iraque. Nós estamos outra vez na mira porque querem a Faixa Petrolífera de Orinoco", acusou Chávez.

A Venezuela, um dos principais fornecedores de energia para os EUA, afirma que a Faixa de Orinoco possui os maiores campos de hidrocarbonetos do mundo.



Chávez vai a Moscou comprar tanques

Fonte: AFP

Rússia e Venezuela firmarão um "importante" acordo armamentista, que incluirá a compra de "cerca de 40 tanques" durante a visita do presidente Hugo Chávez a Moscou, em meados de setembro, informou nesta quarta-feira o próprio líder venezuelano.

"Vai ser um acordo importante de armamento para incrementar nossa capacidade defensiva", declarou Chávez a um grupo de jornalistas, explicando que também firmará acordos agrícolas, de petróleo e mineração.

Após manter hoje uma conversa por telefone com o primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, o presidente venezuelano reafirmou que comprará tanques modernos, ao que parece dos modelos BMP3, MPR e T-72.

"São uns 30 ou 40 tanques. Nos faltavam tanques. Nosso Exército vai seguir crescendo, também as milícias e a defesa de todo o povo", explicou Chávez.

Os tanques "são os mais modernos que há, com visão noturna. Quase voam, se transformam como os (carros) do 007 (agente secreto), que entram na água e se tornam submarino".

"Não queria gastar um centavo em armas e nos primeiros anos do meu governo foi assim (...), mas o Império (americano) quer nos desarmar e se não fosse a Rússia, estaríamos quase sem armas".

Na semana passada, Venezuela e Rússia firmaram em Caracas um acordo que incrementará o intercâmbio entre as forças armadas dos dois países, incluindo venda de armas e transferência de tecnologia militar.

Entre 2005 e 2007, Caracas e Moscou firmaram contratos para a compra de armas totalizando 4,4 bilhões de dólares.

A Rússia já vendeu à Venezuela 24 caças Sukhoi, 50 helicópteros de combate e 100 mil fuzis de assalto Kalashnikov.

Chavez acusa colombianos de entrarem em território da Venezuela

Incidente reafirma ameaças de retaliação

AREA MILITAR

Neste domingo, durante o programa Alô Presidente, que Hugo Chaves mantém há anos desde que chegou ao poder, o líder «bolivariano» acusou soldados colombianos de terem entrado em território da Venezuela, no que foi considerado por ele mesmo, como «uma provocação do governo de Álvaro Uribe».
A alegada entrada de militares terá ocorrido na região do rio Orinoco

Chavez aproveitou a divulgação dessa notícia para justificar a sua linha de ameaças e avisos, utilizando como pretexto a recente negociação para a transferência de bases norte-americanas do Equador para a Colômbia.
Conforme já tinha vindo a fazer em várias declarações ao longo da semana, Hugo Chavez avisou que qualquer agressão por parte da Colômbia ou partindo da Colômbia contra território venezuelano, seria respondida com ações militares

Também foram dadas ordens às forças armadas para que ficassem alerta contra qualquer possível «agressão», tendo a hipotética invasão sido apontada como mais uma razão para que a Venezuela compre mais armamentos, submarinos e tanques.

A Venezuela transformou-se no maior comparador de armas da América do sul, tendo recorrido à compra de armamentos russos e dispõe de uma clara superioridade aérea perante todos os seus vizinhos.

Como nenhuma força militar da região tem capacidade para movimentar grandes efectivos nem para mante-los em operações durante muito tempo, os conflitos militares acabam por se limitar a conflitos entre aeronaves como aconteceu no conflito entre Equador e Peru.

Por isso neste aspecto, Chavez tem uma vantagem clara com os seus aviões de fabrico soviético e que foram recondicionados e convertidos nos Su-30 que estão presentemente ao serviço.

A superioridade militar venezuelana no entanto, se estende também aos meios navais, onde conta com maior numero de navios de superfície e aos meios terrestres, possuindo carros de combate AMX-30 que pretende substituir por carros de combate T-72 modernizados.

Mísseis nas mãos das FARC
Chavez também se mostrou agastado pela divulgação de que mísseis anti-tanque de fabricação sueca, tinham acabado nas mãos dos narcoterroristas das FARC. Segundo Chavez, os mísseis suecos tinham sido roubados dos arsenais venezuelanos, ainda antes da sua chegada ao poder em Caracas.

Questão interna
Hugo Chavez é acusado de utilizar o medo e de criar crises internacionais para desviar as atenções do fracasso das suas políticas económicas, pois as bases que são neste momento o motivo da sua argumentação já estavam em operação no Equador e não era por isso que desestabilizavam a América Latina.

Entretanto, e na mesma altura em que utiliza o «perigo americano» o presidente da Venezuela foi acusado de utilizar o medo, para criar problemas para os governadores das regiões próximas da fronteira, onde se encontra a região mais rica da Venezuela, e uma das que não apoia Hugo Chavez.

Aproveitando a tensão que ele próprio tem vindo a criar com a Colômbia, Hugo Chavez aproveitou para avisar os dirigentes e políticos da oposição nas regiões de fronteira de que serão esmagados se colaborarem com os «Ianquis». A ameaça foi dirigida especialmente contra os governadores da região de Zulia e de Tachira, as duas governadas pela oposição.

As declarações guerreiras de Chavez, ocorrem numa altura em que a contestação às políticas repressivas continua, especialmente contra a criação de leis que segundo a oposição se destinam a pura e simplesmente calar para sempre toda e qualquer voz que se levante contra os desmandos e a corrupção que mina todo o sistema «Chavista».

Centenas de rádios e canais de televisão contrários ao presidente venezuelano, viram as suas licenças canceladas. O controlo da televisão é especialmente importante para os actuais líderes venezuelanos, que criaram mesmo uma rede de televisão especialmente destinada à divulgação da revolução bolivariana, chamada TELESUR e de onde se ouvem as tradicionais palavras de Chavez contra a burguesia capitalista controlado pelos americanos, a que chama de «burguesía pitiyanqui».