EUA e UE duvidam de aceno do Irã para acordo nuclear
Chanceler iraniano disse que acordo para enriquecer urânio fora de seu país 'está próximo'.
Fonte: Estadão
Chanceler iraniano disse que acordo para enriquecer urânio fora de seu país 'está próximo'.
Fonte: Estadão
Os Estados Unidos e a União Europeia responderam com ceticismo à declaração iraniana, neste sábado, de que "estaria próximo" um acordo entre o Irã e as potências ocidentais em relação ao programa nuclear iraniano.
A declaração otimista do ministro dos Negócios Estrangeiros do Irã, Manouchehr Mottaki, foi recebida com ceticismo pelos porta-vozes dos países ocidentais.
O ministro iraniano falava, em uma conferência na Alemanha, sobre o que disse ser a iminência de um acordo pelo qual o urânio iraniano seria enriquecido no exterior e só então devolvido ao país para uso não-militar.
"Nas atuais condições, creio que estamos nos aproximando de um acordo final que possa ser aceito por todas as partes", disse Mottaki, em uma entrevista coletiva.
"A República Islâmica do Irã demonstrou que é séria em relação a isto (a possibilidade de acordo), e no mais alto nível."
Entretanto, porta-vozes de países envolvidos nas discussões - incluindo o EUA e a Alemanha - mostraram ceticimo em relação à boa-vontade iraniana na questão.
"Eu não tenho a sensação de que estamos próximos de um acordo", reagiu o secretário americano de Defesa, Robert Gates, que está em Ancara, na Turquia.
Ele disse que, se o Irã estivesse realmente disposto a seguir o plano, que começou a ser alinhavado em outubro, teria levado sua mensagem à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
O ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Guido Westerwelle, também expressou sua visão negativa em relação às declarações do ministro iraniano.
"Estamos mantendo nossa mão estendida para o Irã, mas até agora não estamos alcançando nada", disse o chanceler, durante a conferência de Munique.
"Não vi nada desde ontem (sexta-feira) que me faça querer mudar minha visão."
Na mesma conferência, a chefe de Relações Exteriores da União Europeia, Catherine Ashton, disse que ainda falta diálogo para "restaurar a confiança na natureza pacífica do programa nuclear iraniano".
Já o conselheiro para Segurança Nacional dos EUA, general James Jones, advertiu que ainda podem ser tomadas medidas para punir e isolar o Irã.
Idas e vindas
O correspondente da BBC para o Irã, Jon Leyne, disse que as declarações do ministro iraniano podem ser apenas uma nova tentativa de protelar sanções internacionais contra o país.
A base para o acordo seria o entendimento fechado em outubro entre o Irã, a AIEA e o chamado grupo P5+1, formado pelos cinco países do Conselho de Segurança da ONU (Estados Unidos, Rússia, China, Grã-Bretanha e França) mais a Alemanha.
A negociação previa o envio de cerca de 70% do urânio iraniano com baixo índice de enriquecimento (3,5%) para a Rússia e para a França, onde seria processado e transformado em combustível para um reator nuclear, com enriquecimento de 20%.
Mas em janeiro, diplomatas informaram que o Irã havia rejeitado os termos do acordo, pedindo uma troca simultânea entre o urânio e o combustível em seu próprio território.
Dias depois, o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, disse que "não haveria problema" em enriquecer o urânio de seu país no exterior - declaração que foi recebida com cautela no ocidente.
Entre as idas e vindas do regime iraniano, EUA, a Grã-Bretanha e a França passaram a discutir abertamente novas medidas de pressão.
Já a China, que se opôe a novas sanções, afirmou que é preciso paciência nas negociações, neste "momento crucial".
"As partes envolvidas devem ter em mente a visão do todo e o interesse de longo prazo, aumentar os esforços diplomáticos, manter a paciência e adotar uma política mais flexível, pragmática e proativa", disse o ministro chinês do Exterior, Yang Jiechi, que também está na conferência de Munique.
"O objetivo é encontrar uma solução ampla, definitiva e de longo prazo através do diálogo e das negociações."
As declarações do ministro iraniano não suscitaram reação imediata dos países ocidentais.
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