Brasileiros contestam origem de asteroide que extinguiu dinos
Características de família de asteroides 'acusada' pelo impacto não são compatíveis com vestígios na Terra
Observações feitas por astrônomos brasileiros põem em xeque uma hipótese apresentada em 2007, por pesquisadores americanos e europeus ,sobre a natureza do objeto espacial que, há 65 milhões de anos, teria desencadeado a extinção dos dinossauros.
Segundo o trabalho de 2007, publicado na revista Nature, a desintegração de um grande asteroide no cinturão de objetos que orbita o Sol entre Marte e Júpiter teria dado origem a toda uma família de rochas espaciais, a Baptistina.
Cálculos feitos pelos autores do trabalho indicaram que vários desses fragmentos teriam mergulhado em direção ao Sistema Solar interior, provocando, entre outras, a cratera de Tycho, na Lua, e a de Chicxulub, no México. O fim dos dinossauros estaria ligado ao impacto de Chicxulub.
Mas Jorge Carvano e Daniela Lazzaro, do Observatório Nacional, encontraram uma falha grave na sequência que vai de Baptistina ao México: os vestígios deixados pela grande colisão de 65 milhões de anos atrás e a composição do maior asteroide da família, o 298 Baptistina, são incompatíveis.
"Quando caiu o objeto no México, o material foi volatilizado e se espalhou pela atmosfera, depositando-se pelo planeta todo", explica Carvano. Em camadas de sedimento do subsolo, cientistas encontraram vestígios do asteroide de Chicxulub e foram capazes de determinar suas características.
"As camadas de sedimento da época do impacto são compatíveis com um tipo de meteorito, o CM2, que é um material muito antigo, e que tem algumas propriedades, como albedo, que é a quantidade de luz que reflete". Os meteoritos CM2 têm albedo baixo, o que significa que refletem pouca luz e, portanto, são muito escuros.
Já o asteroide 298 Baptistina, de acordo com as observações realizadas por Carvano e Daniela em três telescópios - dois baseados no Chile e um no Brasil - tem albedo, nas palavras do astrônomo, "muito alto". Isso indica uma composição e uma história diferentes do meteorito de Chicxulub.
A medição do brilho do asteroide não apenas quebra o suposto elo entre a família de asteroides e a extinção dos dinossauros, mas também põe em questão o resultado de todos os cálculos apresentados no trabalho de 2007, que propunha uma conexão entre Baptistina e diversos eventos do Sistema Solar. "A família tem um albedo diferente, e seria muito mais jovem do que eles dizem", explica Carvano.
Além disso, o albedo de um objeto no espaço afeta a forma como ele reage à pressão da luz do Sol e, portanto, sua trajetória.
Um artigo descrevendo as conclusões dos brasileiros deve ser publicado em breve na página na internet do periódico especializado Monthly Notices of the Royal Astronomical Society
Por: Carlos Orsi, do Estadao
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GENEBRA (Reuters) - A matéria escura, que os cientistas acreditam que forme até 25 por cento do universo, mas cuja existência nunca foi provada, poderá ser detectada pelo acelerador de partículas gigante da Organização Europeia para Pesquisa Nuclear (Cern), disse nesta segunda-feira o diretor-geral do centro de pesquisas.
Rolf-Dieter Heuer afirmou em uma entrevista coletiva que alguma evidência da matéria poderá surgir até mesmo no curto prazo a partir do acelerador de partículas destinado a recriar as condições do Big Bang, o nascimento do universo ocorrido há cerca de 13,7 bilhões de anos.
"Não sabemos o que é a matéria escura", disse Heuer, diretor do Cern que fica na fronteira entre Suíça e França, nas proximidades de Genebra.
"Nosso Grande Colisor de Hádrons (LHC, na sigla em inglês) poderá ser a primeira máquina a nos dar um insight sobre o universo escuro", disse ele. "Estamos abrindo a porta para a Nova Física, para um período de descobertas."
Astrônomos e físicos afirmam que apenas 5 por cento do universo é conhecido atualmente e que o remanescente invisível consiste de matéria escura e de energia escura, que formam cerca de 25 por cento e 70 por cento, respectivamente.
"Se formos capazes de detectar e compreender a matéria escura, nosso conhecimento vai se expandir para abarcar 30 por cento do universo, um enorme passo adiante", afirmou Heuer.
O LHC, a maior experiência científica do mundo centralizada num túnel subterrâneo oval de 27 quilômetros, está atualmente em atividade para, até o final do mês, colidir partículas com a maior energia já alcançada.
Seg, 08 Mar,
Por Robert Evans