Na reta final para que o governo anuncie o vencedor da licitação para compra de novos caças para a Força Aérea Brasileira (FAB), a empresa americana Boeing, que ofereceu o F18 Super Hornet, pela primeira vez faz críticas abertas ao governo brasileiro. Os americanos não estão nada satisfeitos com as notícias de que o Ministério da Defesa só teria tratado do assunto com a Dassault, empresa francesa que quer vender para o Brasil o caça Rafale . E querem que eles também tenham a oportunidade de apresentar uma nova proposta.


[Finalistas+FX-2+Brasil.jpg]

Se estão negociando com outros competidores, não acho que isso é certo - disse Mike Coggins, gerente-sênior de Desenvolvimento de Negócios da Boeing Defesa.
Há seis meses sem receber notícias oficiais da licitação, a Boeing sustenta que o governo brasileiro não tem mais como ter uma garantia formal do preço que está negociando. Isso porque todas as ofertas feitas para a FAB no ano passado tinham validade apenas até junho de 2010. Ou seja, as propostas apresentadas por eles, pelos franceses e os suecos da SAAB - a terceira participante da licitação - já expiraram.

- Agora, virou um faroeste - disse Coggins.


https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlx6Yq1ifu-32mJNy_aFwPFstOjIbr5R3MFuIRR7Zab9joAEPXK9sNJbBwnZtLKKqGabz1YWMFkULNtJTj0xkYlL_aWhpkaLpzOWAWJEVbldi2bzFwoavXiWROmVT85uC8lEZMgcvX5_ex/s400/f-18+brasil.jpg
Super Hornet F-18
Fabricante Boeing (EUA)
Raio de combate 1.800 km
Velocidade máxima 2.100 km/h
Motores 2 (GE 414)
Peso máximo de armamentos 8 toneladas
Ponto forte: É o mais testado. Foi muito usado no Afeganistão, Bosnia e Iraque e está sendo produzido em larga escala, a fabricante garante abrir mercado americano exatamente no momento em que a USAF re-lança requerimento para comprar 100 aeronaves similares ao Super Tucano.
Ponto fraco: Há poucas chances de o Brasil aperfeiçoar a tecnologia, pois o modelo já está consolidado.

Segundo Joseph McAndrew, vice-presidente da Boeing Defesa para Europa, Israel e Américas, a empresa americana quer ter o direito de reapresentar sua proposta, tendo em vista a validade da enviada à FAB no ano passado. Ele confirma que a empresa tentou novo contato com a Força Aérea para tratar do assunto, mas a resposta seria de que o processo já não estava com os militares. A FAB já apresentou relatório final ao Ministério da Defesa, que também já elaborou um documento para embasar a decisão do presidente Lula. Nos últimos dias, Lula reafirmou que vai escolher o novo caça após conversar sobre o tema com a presidente eleita, Dilma Rousseff.

- A nova administração pode ter novas prioridades e nós queremos ter a oportunidade de apresentar uma proposta para atendê-las - comentou Joseph McAndrew.

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8rIWNmvzW2FdchWh2jX2XForLGGjK-bQb2nnj5L_yfzsknk32Cpw69MJJhUyId0Y4Xg4juBDPEB8rvRcntvn5K1gscjSgCE6IPwUHiIBvjH5LyfxuAmhB6D0ISpLs2Oaht9Kjg2t9Ck8B/s400/tabela_cacas_FX2.JPG

O Ministério da Defesa informou nesta sexta-feira que não iria se manifestar sobre as críticas da Boeing. Segundo o ministério, a decisão agora será tomada pelo presidente da República. Em 2009, Lula já tinha manifestado predileção pelo caça francês e chegou a anunciar que acertaria o negócio com o presidente daquele país, Nicolas Sarkozy, que estava no Brasil para assistir ao desfile militar de 7 de Setembro.

O processo de compra de novos caças para a FAB começou ainda no governo Fernando Henrique Cardoso. Na época, quatro consórcios disputavam o negócio. Entre eles, americanos, russos, suecos e franceses. O processo se arrastou até o fim de 2002 e Fernando Henrique preferiu adiar o assunto para o próximo governo. Lula assumiu o cargo e suspendeu a compra. Uma nova licitação foi aberta. Nesse processo mais uma vez disputavam o negócio americanos, suecos, franceses e também russos. Depois da análise de todas as propostas, mais uma vez o governo desistiu da compra e abriu novo processo. Desta vez exigindo aeronaves ainda mais modernas e caras. É nessa licitação que o Rafale aparece como o preferido do governo.


Fonte: O Globo