Meu último 01 de maio foi como se fosse 11 de setembro: de 2001, em Nova Iorque; de 73, em Santiago. Assassinaram Bin Laden. Sua fortaleza, destruída por dois helicópteros estadunidenses. Dia 01 de maio foi 11 de setembro. Para mim, foi. Mataram o árabe porque, com dois Boeings, ele derribou o maior símbolo do capitalismo mundial: o World Trade Center. Num 11 de Setembro.
Em 73, dois caças Hawker Hunter bombardearam La Moneda e derribaram o socialismo na América do Sul. Fim das utopias. Início da passagem, sob as patas de chumbo dos militares, para o que vimos na década de 90: o terrorismo neoliberal, em que o cidadão foi trocado pelo consumidor.
Em 73, dois caças Hawker Hunter bombardearam La Moneda e derribaram o socialismo na América do Sul. Fim das utopias. Início da passagem, sob as patas de chumbo dos militares, para o que vimos na década de 90: o terrorismo neoliberal, em que o cidadão foi trocado pelo consumidor.
Allende foi encontrado morto, solitário, com sua metralhadora, presente do amigo Fidel. Foi assassinado como se fosse terrorista.
Bin Laden era terrorista. E morreu como se fosse um. Seu corpo jogado ao mar, porém, contrariou a tradição islâmica, mesmo sendo o corpo de um terrorista (que tinha lá seus motivos para desgostar do Ocidente, ao qual ajudou a expulsar os russos do Afeganistão). Contudo, nada neste mundo pode contrariar o terrorismo do Destino Manifesto Protestante (WASP)estadunidense.
Richard Nixon, presidente norte-americano em 1973, que apoiou logisticamente e festejou o golpe de Pinochet, não foi assassinado como terrorista. E ponto.
Mas vamos lá, vamos resumir: foram seis aeronaves: quatro mataram dois terroristas, no Chile e no Paquistão. Duas mataram milhares no umbigo capitalista do planeta. O que inclui muitos que não merecem o adjetivo de “inocentes”. Foram três 11 de setembro (incluindo o 01 de maio de 2011).
Na verdade, creio que foram mais. O 11 de setembro virou, há tempos, símbolo moderno de massacres (de índios, negros, homossexuais, socialistas), de golpes de estado, corrupção, devastação ambiental, exploração no trabalho, marginalidade; e em alguns locais do planeta ele ocorre todos os dias: na África, na Ásia, na América Latina, no Oriente Médio e no Leste europeu.
Mas com os EUA, país salvador do mundo e algoz de Salvador Allende, não nos preocupemos: a crise já passa. Com base na exploração do resto do mundo chamado por eles, muitas vezes, de terrorista.
Fonte: Paulo Sandrini blog
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