Entre os dias 4 de junho e 7 de junho do ano de 1942 ocorreu o maior
embate entre forças Americanas e Japonesas no Pacífico. No embate o
Japão perdeu o poderio de seus 4 maiores porta aviões e jamais pode
recuperar as tripulações perdidas neste que foi o combate que "virou" a
Guerra do Pacífico em favor dos Aliados.
O ataque à ilha de Midway (um atol de 6,2 quilômetros quadrados) foi uma estratégia militar dos japoneses que tinha por objetivo arrastar os navios norteamericanos na direção de uma armadilha. Com a destruição do que restava dos navios americanos que tinham sido destruídos, as forças armadas do Japão esperavam vingar o bombardeio de Tóquio ("Doolittle Raid" - Em 18 de abril de 1942).
Midway, deveria ser segundo os planos japoneses, a grande e definitiva batalha que arrasaria a esquadra americana, permitindo o completo domínio japonês no Pacífico.
Ainda influenciados pela decisiva vitória japonesa na batalha de
Tsushima sobre os russos em 1905, parte dos comandos japoneses
acreditavam que uma vitória decisiva do Japão sobre os Estados Unidos
seria possível e que essa vitória levaria os Estados Unidos a assinarem a
Paz.
Midway estava ainda defendida por aeronaves dos fuzileiros estacionadas
na ilha, mas havia apenas 54 aviões dos fuzileiros navais (metade dos
quais completamente obsoletos), 38 aviões da marinha (sendo 32 deles
aviões de reconhecimento Catalina e 6 Avenger) e 23 aviões da Força
Aérea, (entre os quais 17 bombardeiros B-17).
Midway, também estava equipada com dois radares que também foram importantes no aviso antecipado de aproximação de inimigos.
O Plano de Yamamoto
O plano japonês era atrair os porta-aviões remanescentes dos Estados
Unidos para uma armadilha e afundá-los, ocupando Midway em seguida para
ampliar o perímetro defensivo do Japão no Pacífico, afastando-o das
ilhas metropolitanas japonesas. Esta operação era considerada como um
preparativo para a invasão das ilhas Fiji e Samoa, assim como para uma
possível invasão do Havaí.
A ocupação do atol, assim como havia sido o ataque a Pearl Harbor, não
era parte de uma campanha para a conquista dos Estados Unidos, mas
visava a eliminar o poder estratégico dos norte-americanos no Pacífico,
deixando o Japão com as mãos livres para estabelecer uma grande esfera
de influência política e econômica no sudeste da Ásia. Os japoneses
também esperavam que, com uma nova derrota, os Estados Unidos fossem
forçados a negociar a paz em condições favoráveis ao Japão.
A primeira preocupação estratégica do almirante Isoroku Yamamoto, comandante-em-chefe da frota combinada da Marinha Imperial, era com relação aos porta-aviões norte-americanos, aumentada depois do ataque Doolittle, em 18 de abril de 1942, quando bombardeiros B-25 Mitchell lançados do USS Hornet atacaram Tóquio e outras cidades japonesas.
Apesar de militarmente insignificante, a ousada ação foi um grande choque psicológico para a nação, provando a existência de um buraco nas defesas ao redor do território nacional.
Afundar
os porta-aviões e ocupar Midway, a única posição estratégica aliada
remanescente, localizada a 2100 km do Japão, no meio do Oceano Pacífico,
parecia ser o único meio de eliminar esta ameaça.
O
plano de batalha do almirante era complexo, como era típico dos planos
navais japoneses durante a Segunda Guerra Mundial. Adicionalmente,
partia do pressuposto do acerto das informações fornecidas pelos
serviços de inteligência, de que os porta-aviões USS Enterprise e USS
Hornet eram os únicos disponíveis no momento na frota norte-americana do
Pacífico. O USS Lexington tinha sido afundado e o USS Yorktown
seriamente danificado (e se acreditava ter sido afundado) na Batalha do
Mar de Coral, um mês antes.
Mais importante ainda era a crença japonesa de que os norte-americanos
se encontravam desmoralizados e desmotivados por suas frequentes
derrotas nos seis meses anteriores.
Yamamoto
sentia que a frustração poderia ser fundamental para levar os
americanos a cair numa armadilha, motivados por uma revanche a qualquer
preço, e comprometessem definitivamente seu poder naval e aéreo no
Pacífico. Para que isso acontecesse, ele dispersaria suas forças de
maneira que a que não pudessem ser descobertas antes da batalha e
caíssem de surpresa em cima do inimigo, de maneira concentrada, quando o
confronto tivesse início.
Entretanto, esta grande dispersão faria com que suas unidades se vissem
impedidas de protegerem-se mutuamente e, ponto crucial e desconhecido
para Yamamoto, qualquer benefício que os japoneses pudessem tirar disto
havia sido neutralizado pela quebra dos códigos navais japoneses,
conseguida secretamente pelos peritos em criptografia dos serviços de
inteligência dos Aliados.
O ponto crítico de toda a operação era que os encouraçados e cruzadores de apoio à força tarefa de porta-aviões do Vice-almirante Chuichi Nagumo (foto), comandante do ataque, deveriam seguir a força principal a centenas de quilômetros de distância. Sua missão era a de afundar qualquer esquadra americana que viesse em socorro de Midway após as defesas do atol serem destruídas ou enfraquecidas pelo ataque dos aviões de Nagumo, o que era típico da doutrina de batalha da maioria das marinhas da época.
Porém, a distância desta esquadra de superfície da força principal de ataque teria grandes implicações durante o confronto, pois eram os grandes navios que transportavam os necessários aviões de reconhecimento de longo alcance, fundamentais para a descoberta da posição da frota inimiga, e que não teriam utilidade para a esquadra de Nagumo.
No dia 20 de maio do ano de 1942, as escutas dos aliados acusaram um sinal do almirante Yamamoto. Nesta escuta, foi descoberto que uma esquadra japonesa estava planejando um ataque ao atol de Midway, ilhas Aleutas e Dutch Harbor. Então as forças americanas entraram em alerta, pois os japoneses contavam com 160 navios, nos quais se encontravam oito porta-aviões carregando aproximadamente quatrocentas aeronaves.*
*Nota: ficou conhecida e famosa depois da guerra, uma armadilha criada pelos norte-americanos para descobrir as intenções do inimigo naqueles dias cruciais da guerra. A grande interrogação entre o alto comando Aliado era saber onde seria o próximo ataque dos japoneses, de modo a poderem se preparar com antecedência. Os criptógrafos da marinha encontraram em diversas mensagens trocadas entre os comandantes inimigos a referência a um tal ponto AF, que parecia ser o alvo do próximo ataque pela constante repetição, que até então, apesar de interceptarem suas comunicações, eles desconheciam. Um oficial britânico trabalhando com a inteligência norte-americana em Pearl Harbor, acreditando que o ponto AF se referisse ao atol de Midway, lançou uma falsa mensagem codificada nas ondas de comunicação aliada avisando que “a ilha de Midway precisa de água potável”. Horas depois, os serviços de escuta de todo o Pacífico decodificavam a comunicação japonesa ao quartel-general em Tóquio: “Falta água potável no ponto AF”. O pretenso ataque surpresa a Midway tinha sido descoberto antes mesmo de começar.
Na época, o comandante
das forças do pacífico era Chester Nimitz, que ficou encarregado de
enfrentar a esquadra japonesa. Para isso, ele montou uma estratégia que
contava com dois grupos: Força Tarefa 16, (2 porta-aviões Hornet e
Enterprise), e a Força Tarefa 17 (porta-aviões Yorktown).
Com
os militares americanos em seu encalço, os japoneses entraram em alerta.
Em um primeiro momento, conseguiram repelir bombardeiros de mergulho
dos E.U.A. utilizando caças japoneses A6M Zero (foto). Porém, a segunda
investida americana obteve imenso sucesso, com os bombardeiros afundando
os porta-aviões Akagi e Kaga.
Um dos fatores que ampliou o
poder destrutivo dos americanos foi que os aviões japoneses
encontravam-se carregados com bombas e torpedos. Na sequência, foram
atingidos o Soryu e o Hiryu (ilustração abaixo). Este último resistiu até o final do
primeiro embate, mas não foi páreo para os americanos e acabou
afundando.
A batalha de Midway causou grandes perdas para as
duas nações envolvidas. Porém, o principal prejuízo ficou com o Japão,
que teve sua esquadra praticamente dizimada. Os E.U.A., que travaram uma
batalha com um número inferior de soldados, terminaram o confronto com
uma superioridade importante que so se ampliou no decorrer do conflito.
As forças envolvidas
Estados Unidos
Para
combater uma esquadra inimiga que se sabia antecipadamente ser formada
por quatro ou cinco porta-aviões, o Almirante Chester Nimitz (foto a
esq.), comandante-em-chefe da Marinha dos Estados Unidos na área do
Pacífico, precisava de todo e qualquer convés disponível. Ele ainda
possuía os dois porta-aviões da força tarefa do almirante William
Halsey, mas este havia baixado ao hospital vítima de uma infecção e teve
que ser substituído pelo contra-almirante Raymond Spruance (foto
abaixo),
um comandante
de navios de linha, inexperiente em táticas de combate aeronavais. Por
causa disso, Nimitz foi obrigado a convocar com urgência o almirante
Frank Fletcher e sua frota que haviam participado da Batalha do Mar de
Coral no sudoeste do Pacífico, que chegou a Pearl Harbor em tempo apenas
de reabastecer, carregar provisões e partir imediatamente em seguida
para Midway.
O
USS Saratoga se encontrava em reparos na costa oeste enquanto o USS
Yorktown continuava fora de operação em Pearl Harbor com um período
previsto de dois meses para voltar à ativa. Entretanto, um grande
esforço de operários civis e marinheiros trabalhando 24 horas por dia em
turnos, fez com que o porta-aviões atravessasse a barra do porto apenas
três dias após ali ter entrado severamente danificado, em condições
razoáveis de batalha e com centenas de homens ainda trabalhando em seu
interior e no seu convés (imagem ao lado). Os japoneses avançavam contra
um inimigo que já sabia exatamente onde e quando seria atacado e não os
esperava com dois porta-aviões, mas três.
Japão
Por
seu lado, a esquadra do almirante Nagumo se dirigia a Midway com quatro
porta-aviões, Kaga, Akagi, Hiryu e Soryu, enquanto os dois veteranos de
Pearl Harbor, Zuikaku e Shokaku, ficavam no Japão em reparos, após os
danos sofridos na Batalha do Mar de Coral, sem que o comando naval
fizesse qualquer esforço suplementar para recuperar ao menos um deles e
colocá-lo em condições de integrar a frota de ataque a Midway, devido
inclusive ao desgaste de sua tripulação, em combate desde o ataque a
Pearl Harbor em dezembro de 1941.
Nagumo também seguia rumo a seu destino completamente no escuro sobre as
forças que enfrentaria. Os preparativos estratégicos anteriores à
batalha foram comprometidos em diversos pontos, como a demora dos
submarinos de vigilância da linha do Pacífico em chegar a seu postos
demarcados de observação, sem conseguir detectar a passagem da frota
inimiga em direção ao nordeste de Midway e o fracasso na missão
destinada aos botes camuflados de alta velocidade e quatro motores,
enviados para observação à distância em Pearl Harbor, para observar se a
esquadra norte-americana estava ou não ancorada lá, devido a graves
problemas no reabastecimento destes barcos, pois o local marcado com os
submarinos para o reabastecimento estava vigiado pelos norte-americanos.
A Batalha
O
Almirante Nagumo lançou seu ataque inicial às 4:30 da manhã de 4 de
junho de 1942, num total de 108 aeronaves contra Midway. Ao mesmo tempo,
lançou seis aviões de reconhecimento para procurar a esquadra inimiga,
além de caças Zero para patrulhar o espaço aéreo em volta da frota. As
missões de reconhecimento japonesas eram muito débeis, com poucas
aeronaves cobrindo as vastas áreas de busca, varrendo sob tempo ruim um
enorme imensidão do oceano ao nordeste e a leste da força tarefa.
Às 06:20, os aviões de Nagumo começaram o bombardeio de Midway causando grandes danos às instalações militares na ilha.
Voando em obsoletos F4F Wildcats e Brewster Buffalos, alguns pilotos da marinha ali baseados defenderam a ilha sofrendo pesadas baixas. A artilharia antiaérea porém, estava com a pontaria acurada e derrubou vários aviões atacantes. Os aviões de reconhecimento, enviados para avaliar o estado das defesas de Midway após o ataque, transmitiram mensagem ao almirante avisando que outra missão de bombardeio seria necessária para neutralizar as defesas antes que as tropas pudessem desembarcar no dia 7, como planejado.
Os
bombardeiros norte-americanos baseados na ilha, que levantaram vôo
antes dela ser atingida pelos japoneses fizeram vários ataques contra a
frota atacante. Consistindo principalmente de pesados B-17 (acima) e
lentos torpedeiros TBF Avengers (foto a esq.) e, foram praticamente
todos destruídos pelas defesas antiaéreas dos navios e pelos velozes
caças Zero, sem causar nenhum dano à frota invasora. Apenas três deles
conseguiram voltar à Midway.
De acordo com as táticas de batalha da época, Nagumo guardou metade de seus aviões de reserva,
dois esquadrões compostos de bombardeiros de mergulho e
caças-torpedeiros. Ele tinha opção de armar os bombardeiros com torpedos
(para afundar navios) ou bombas terrestres (ataques à instalações). No primeiro ataque à Midway ele optou por equipar os aviões com torpedos, temendo encontrar navios americanos.
Com isso houve a consequente necessidade de um segundo ataque, pois a pista de pouso e decolagem do atol não havia sido destruída devido a falta das bombas terrestres (conforme mostrado em filme de 1976). Os aviões da segunda leva receberam então ordens de serem todos armados com bombas para uso contra instalações terrestres.
Esta operação acontecia há cerca de trinta minutos quando um avião de reconhecimento de longo alcance, lançado ao amanhecer pelo cruzador Tone, reportou a existência de uma frota inimiga de tamanho considerável a leste. Nagumo imediatamente paralisou o carregamento dos aviões e aguardou as informações sobre a composição da frota localizada. Mais de quarenta minutos foram necessários para que o avião patrulha radiografasse avisando da presença de um porta-aviões na frota inimiga.
O almirante então se viu diante de um dilema. Seus subordinados insistiam para que ele lançasse um ataque contra o porta-aviões inimigo com o que tinha ainda de reserva a bordo. Mas estas operações de preparação e lançamento de aviões demoravam de trinta a quarenta e cinco minutos, e os pilotos da primeira vaga que atacaram Midway estavam retornando.
Muitos
deles estavam quase sem combustível, danificados ou com a tripulação
ferida, e precisariam pousar imediatamente ou se perderiam no mar. Os
cálculos eram de que havia muito pouca probabilidade de que os aviões da
reserva pudessem todos decolar antes da chegada dos primeiros.
Assim, sem ter ainda a confirmação da composição da frota
norte-americana avistada, Nagumo foi cauteloso e preferiu esperar para
decidir o tipo de armamento que seria usado pela segunda leva, se
torpedos para atacar uma frota ou bombas para arrasar instalações
inimigas em terra.
Além disso, outro ataque (Novamente com B-17) sofrido pela aviação baseada em Midway, também rechaçado sem perdas, reforçou ainda mais a necessidade de um segundo ataque ao atol. Preso pela indecisão e raciocinando estritamente pela doutrina japonesa de táticas de batalhas aeronavais seguindo o manual e sem ousadias, o almirante acabou resolvendo esperar que os aviões da primeira vaga retornassem aos porta-aviões para então lançar, com armamento apropriado, a segunda vaga de ataque. Esta decisão lhe custaria a derrota.
Neste meio tempo, enquanto a indecisão tomava conta do comando japonês, o
almirante Fletcher, no comando geral da força tarefa norte-americana,
desde as 07:00 havia lançado os aviões do Yorktown contra os
porta-aviões inimigos, assinalados desde o começo da manhã pelos
hidroplanos de patrulha e busca.
Ao contrário de Nagumo, assim que os inimigos foram avistados, no
comando do Enterprise e do Hornet o almirante Spruance deu a ordem
crucial para os aviões já lançados atacassem imediatamente com tudo que
possuíssem e da maneira que pudessem os alvos assinalados, sem esperar
para que toda a frota aérea estivesse no ar para um ataque conjunto e
coordenado, devido ao tempo que levava esta organização das esquadrilhas
no ar.
Cada
esquadrão, ao levantar vôo, em vez de circular em volta da frota
aguardando que toda a força de ataque estivesse no ar em formação de combate
conjunta, se dirigia diretamente ao inimigo. Esta tática, apesar de
diminuir o volume do impacto dos ataques aos japoneses e custar grandes
perdas aos norte-americanos, teve o mérito de desorganizar a capacidade
de contra ataque de Nagumo e achou os porta-aviões num momento em que
seus navios estavam vulneráveis.
Ataque norte-americano
Os primeiros aviões enviados para atacar os japoneses tiveram
dificuldade para encontrá-los na vastidão do oceano, mesmo com as suas
coordenadas já assinaladas pelas patrulhas de observação. Ao
encontrá-los finalmente, aconteceria uma das maiores ações de sacrifício
numa batalha perdida que se transformaria em vitória da história da
guerra.
No começo de 1942 muitos dos pilotos dos
porta-aviões americanos eram veteranos experimentados. Mas muitos dos pilotos eram
provenientes do programa de expansão da aviação naval iniciado em 1940.
Na Batalha de Midway, 62% dos pilotos dos 3 esquadrões foram
comissionados em 1941. Estes pilotos possuíam de 300 a 600 horas de vôo. Só 22% eram
pilotos mais antigos, de antes de 1940,com mais de 3.500 horas de vôo.
Em geral, entretanto um piloto da aviação naval em 1942 possuía pouco ou nenhuma
experiência de combate, mas era muito bem treinado e motivado.
Às 09h20, a primeira vaga dos torpedeiros de Spruance chegou sobre os
alvos. Consistiam de lentos aviões-torpedeiros TDB Devastator, que se
lançaram contra os porta-aviões em fila, quase na altura do mar, sendo
abatidos um por um, com apenas um piloto sobrevivente nesta primeira
incursão.
Com
aviões iguais, a segunda investida acabou quase da mesma maneira, a
frota aérea atacante quase toda destruída e a frota nipônica
praticamente intacta. Parecia que a batalha estava decidida, e restava
apenas aos japoneses, até então atacados quatro vezes e ainda sem danos,
completar o abastecimento e armamento de seus aviões e lançar seu
contra ataque devastador contra a frota americana e contra Midway.
Entretanto,
o horrível sacríficio dos pilotos dos torpedeiros e B-17 tinha seu
preço, porque indiretamente conseguiram três importantes resultados.
Primeiro, obrigaram os porta-aviões a navegarem em semicírculos e fazer
manobras para evitar os torpedos, impedindo-os de se posicionarem para o
lançamento de seus aviões. Segundo, obrigaram os Zeros que os caçavam
no ar a gastar quase toda sua munição e combustível tentando abatê-los.
Terceiro, colocaram a escolta aérea dos porta-aviões fora de posição
para defendê-la de algum outro ataque.
Imediatamente após esses ataques, aproximando-se a grande altura sem serem importunados pelos Zero que perseguiam os torpedeiros próximos ao mar, duas esquadrilhas de bombardeiros de mergulho, vindas do nordeste e do sudoeste, cairam sobre os porta-aviões inimigos, que no momento se encontravam com os conveses cheios de aviões sendo reabastecidos e armados para iniciarem o contra ataque, em condições de defesa extremamente vulnerável.
Às 10h22, os bombardeiros do Enterprise atacaram o Kaga enquanto ao sul, os do Yorktown caíram sobre o Soryu e o Akagi, atingido várias vezes por mais bombardeiros do Enterprise quatro minutos depois. O ataque foi devastador e num tempo total de seis minutos, três dos quatro porta-aviões da até então intacta e vencedora esquadra nipônica estavam em chamas, colocados fora de ação e afundados em pouco tempo.
O Contra-ataque japonês
O Hiryu, único porta-aviões intacto até então, rapidamente colocou no ar seus aviões para contra-atacar a força tarefa norte-americana. A primeira vaga de bombardeiros japoneses danificou seriamente o USS Yorktown com dois impactos diretos. Um segundo ataque fez com que a belonave perdesse a velocidade e adernasse, obrigando o almirante Fletcher a abandonar o navio e transferir sua bandeira de nau-capitânea para um cruzador.
Entretanto,
o segundo ataque ao Yorktown foi confundido pelos japoneses como sendo
ao Enterprise, já que acreditavam ter sido o primeiro afundado no ataque
anterior. Assim os pilotos sobreviventes dos outros porta-aviões
destruídos agruparam-se todos no Hiryu, anunciando terem afundado dois
porta-aviões inimigos, com a moral revigorada e preparando-se para um
terceiro ataque, contra o único porta-aviões que imaginam ainda restar
ao inimigo.
Foi
este porta-aviões repleto de aeronaves sobreviventes reabastecidas
freneticamente num convés abarrotado, que horas depois dos outros três
sofreu um assalto final de bombardeiros de mergulho transformou em
ferragens ardentes o até então único sobrevivente da frota de
porta-aviões que atacaram Midway, que afundou com seu comandante e parte
da tripulação.
Últimos combates
Quando
a noite caiu, os dois lados fizeram planos para continuar a ação. O
almirante Fletcher, sentindo que não poderia comandar adequadamente a
frota a bordo de um cruzador, passou o comando operacional para
Spruance. Este sabia que os Estados Unidos haviam conseguido uma grande
vitória, mas continuava inseguro sobre o tipo de forças que os japoneses
ainda dispunham e estava determinada a salvaguardar tanto Midway quanto
seus porta-aviões restantes. Para ajudar seus pilotos, que haviam sido
lançados ao ataque durante o dia no limite máximo de alcance dos aviões,
ele continuou movendo a frota em direção a Nagumo.
Por seu lado, apesar das grandes perdas o almirante Yamamoto decidiu
inicialmente continuar seus esforços ocupar Midway e enviou seus navios
de batalha de superfície à procura dos porta-aviões norte-americanos, ao
mesmo tempo em que uma força de cruzadores era destacada para
bombardear a ilha. Entretanto, a frota japonesa não conseguiu localizar o
inimigo no mar.
Às 02h15 da noite de 5 para 6 de junho, um submarino americano assinalou a presença de navios japoneses a 165 km oeste de Midway. Spruance, que ainda não havia conseguido localizar o corpo principal da esquadra de Yamamoto, acreditou que estes navios a compusessem e partiu em sua direção. Era entretanto apenas a frota enviada para bombardear Midway, composta de quatro cruzadores e dois destróieres, que pouco depois recebeu ordens de se retirar da região e se juntar em mar aberto ao resto da frota de batalha de Yamamoto (cuja a Nau capitânia era o Cruzador Yamato - fotos abaixo).
Pela manhã, o submarino lançou um ataque de torpedos contra os cruzadores, sem sucesso, mas nos dois dias seguintes a aviação baseada em Midway e nos porta-aviões fez vários ataques aos cruzadores, afundando o Mikuma (ao lado) e danificando seriamente o Mogami (detalhe esfumaçado na foto acima a direita).
Pelo lado norte-americano, o USS Yorktown, à deriva (acima), quase abandonado pela tripulação e adernado, foi finalmente afundado por três torpedos do submarino japonês I-168 no dia 7, também atingindo o destróier USS Hammann, que ajudava a restabelecer a força no Yorktown, partindo-o ao meio e ocasionando a perda de oitenta tripulantes.
Os Sobreviventes de ataques a navios japoneses foram resgatados por seus inimigos americanos. Estes bravos e cansados, marinheiros acabaram enviados para Pearl Harbor para detenção. Sobreviventes de japoneses e americanos forças navais eram frequentemente encontrados boiando muito tempo depois das batanhas. Um grupo de homens sobreviventes do Hiryu ficou à deriva em barco salva-vidas durante 30 dias e vagaram quase 110 milhas antes de ter serem resgatados.
Consequências
Após
a batalha e sabendo que haviam conseguido uma grande vitória, os
norte-americanos se retiraram da região. A perda de todos os quatro
porta-aviões enviados a Midway, além de um grande número de seus bem
treinados e insubstituíveis pilotos navais, interrompeu a expansão do
Japão pelo Pacífico. Apenas dois grandes porta-aviões sobravam à Marinha
Imperial para ações ofensivas, o Zuikaku e o Shokaku, além de outros
três porta-aviões de bolso, de pouco poder ofensivo e que transportavam
apenas pequenos aviões e em pouca quantidade.
Em
10 de junho, numa conferência do alto comando do planejamento da
guerra, a marinha escondeu a real extensão de suas perdas em Midway.
Apenas o Imperador Hirohito foi informado em detalhes do acontecido,
preferindo manter segredo disso ao exército e à opinião pública, fazendo
com que os planejadores militares continuassem por algum tempo a
planejar seus ataques na suposição de que a frota aeronaval do Japão
continuava poderosa.
A Batalha de Midway é frequentemente chamada pelos historiadores como o ponto de virada da Guerra do Pacífico. A marinha japonesa continuaria lutando com ferocidade e levaria ainda muitos meses até que os Estados Unidos passassem de uma paridade naval até a clara supremacia em que se encontraram no final da guerra. Exatamente depois de Midway é que ja em 1943 os americanos começaram a ser ver as voltas com os Kamikazes.
Um dos mais bem sucedidos ataques Kamikazes ocorreu no dia 25 de Novembro de 1944. Vinte e sete caças bombardeiros convergiam para força-tarefa inimiga; um grupo de seis Zeros, comandados pelo tenente Kimiyoshi Takatake, em seu caminho para encontrar os demais aviões do grupo, avistaram e atacaram o grande porta-aviões Essex e o Independence.
Historiadores militares mencionam que ataques aéreos contra frotas
coordenadas e em movimento, na época atingiam uma eficiência em torno de
10%, com os ataques Kamikazes este número de aproximava de 30%.
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