Consórcio liderado pela empresa ficará responsável por sistema que trará mais tecnologia ao monitoramento das fronteiras do País.
A
Embraer levou a melhor na disputa pelo contrato do novo sistema de
monitoramento de fronteiras do Exército, o Sisfron, estimado em cerca de
R$ 12 bilhões, que se estende por dez anos. O projeto havia atraído a
atenção de vários pesos pesados, como a Odebrecht, a Queiroz Galvão e a
Andrade Gutierrez, que participavam da disputa em associação com grandes
grupos internacionais de defesa e tecnologia.
O
consórcio Tepro, que saiu vencedor, é liderado pela Savis Tecnologia e
Sistemas e pela Orbisat Indústria e Aerolevantamento – as duas empresas
são controladas pela Embraer Defesa e Segurança. O contrato envolve o
fornecimento de equipamentos
e a construção de novas instalações para os quase 17 mil quilômetros de
fronteira seca do País. A área inclui as divisas com 11 países,
englobando 12 Estados brasileiros e cerca de 27% do território nacional.
Um dos objetivo do Sisfron é dar mais agilidade ao combate ao crime
organizado, como o contrabando e o tráfico de drogas.
A
decisão anunciada ontem pelo Exército considerou o Tepro o único
consórcio apto a levar o empreendimento adiante. De acordo com
comunicado divulgado pela Embraer, agora começa a fase de ajuste de
valores do contrato, o que pode alterar um pouco o valor final do
Sisfron.
Em um primeiro momento, o trabalho ficará
restrito à região Centro-Oeste, com a instalação de equipamentos em uma
área que ficará a cargo da brigada de fronteira baseada em Dourados
(MS). Segundo apurou o Estado, a implantação do plano começará pela
região por causa da maior facilidade de instalação das antenas, radares e
sensores que permitirão o monitoramento em tempo real das fronteiras.
À medida que o projeto se desenvolver, a Embraer será obrigada a fazer investimentos
complexos em infraestrutura, com a instalação de antenas em regiões de
mata fechada, por exemplo. Segundo especialistas na área, isso
provavelmente exigirá a parceria com empreiteiras para obras de
engenharia.
Além de integrar as diferentes tecnologias a
serem usadas – que poderão ser fornecidas, em parte, por companhias
estrangeiras -, a Embraer também terá de construir a infraestrutura e
levar o número de pelotões de fronteira de 21 para 49. O projeto inclui
também o uso de veículos aéreos não tripulados, que, junto com os
radares, ajudarão os pelotões a monitorar atividades suspeitas nas
fronteiras à distância.
Escolha.
A
opção pela Embraer pode ser entendida como uma forma de proteger não só a
propriedade intelectual da tecnologia aplicada no monitoramento, mas
também como uma maneira de evitar que informações sigilosas sobre a
segurança das fronteiras do País caiam nas mãos de grupos estrangeiros.
Uma
das exigências do governo em projetos para a área de segurança nacional
é a transferência irrestrita da tecnologia de todos os softwares e
hardwares utilizados. Para assegurar esse direito, o governo estaria até
disposto a desembolsar um valor maior no contrato.
Para
a Embraer, o contrato significa a garantia de uma receita considerável
durante um período relativamente longo. A empresa não ficará, porém, com
todos os repasses do governo – terá de remunerar tanto as fornecedoras
de equipamentos quanto as empresas que contratar para obras de
engenharia.
A área de defesa vem ganhando espaço dentro
da Embraer, que registrou lucro de R$ 114,8 milhões no segundo
trimestre de 2012, queda de 25% em relação ao ano anterior. A receita,
porém, subiu 56% na mesma comparação, atingindo R$ 3,385 bilhões. O
mercado de defesa representou 15,6% do faturamento entre abril e junho
de 2012, ante 14,7% do segundo trimestre do ano passado.
Na
mesma comparação, a participação da aviação executiva diminuiu de 18,2%
para 15,5% da receita. A maior parte do faturamento da Embraer
continuou a se concentrar na aviação comercial, cuja fatia subiu para
68,1% no segundo trimestre, ante 65,4% de igual período de 2011.
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