Rebeldes anunciaram ter derrubado um avião da Força Aérea que realizava ataques em Aleppo (no norte do país), onde insurgentes conseguiram interromper a estrada que liga Damasco (capital da Síria) à cidade. Em Aleppo, rebeldes travam confrontos com tropas do regime sírio ao redor da mesquita Omeia, a mais antiga da capital econômica síria.
"Os rebeldes derrubaram um avião no oeste de Aleppo, onde ocorreram intensos combates. O avião estava bombardeando a aldeia de Jan al Asal", afirmou à France Presse o diretor da organização não governamental Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH, oposição), Rami Abdel Rahman.

Uma dezena de quilômetros ao sul de Maaret al Nooman, localidade estratégica ao sul de Aleppo, nas mãos dos rebeldes há uma semana, os insurgentes bloqueavam uma coluna de blindados e de transporte de tropas, segundo um jornalista da France Presse.
Nesta localização, os rebeldes tentam bloquear os reforços do governo, já que se trata de uma passagem obrigatória para se chegar a Aleppo, mergulhada em combates desde meados de julho.
Os rebeldes conseguiram inclusive que tropas do exército recuassem para contê-las em duas bases militares da periferia leste de Maaret al Nooman, entre elas da Wadi Daif, a mais importante da região.
A aviação bombardeava, neste sábado (13), as posições dos rebeldes para defender a base, segundo o opositor Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH). Os combates e os bombardeios levaram à fuga muitos moradores da região, destacou o OSDH.
Um caça-bombardeiro soltou pela manhã duas bombas no centro da cidade, matando pelo menos dois civis, segundo um jornalista da France Presse.
Segundo especialistas, o exército está enfraquecido pela multiplicação de frentes no país e os ataques nas estradas. Sua superioridade militar, em particular, por si só lhe permite desacelerar o avanço dos rebeldes.
Neste sábado, segundo o OSDH, a violência deixou 75 mortos no país, entre eles 18 civis, 33 soldados e 24 rebeldes.
Os combates também causaram danos importantes à arquitetura de Aleppo. As tropas do regime sírio e rebeldes se enfrentaram em violentos combates ao redor da mesquita Omeia de Aleppo, a mais antiga da capital econômica síria, comentou um correspondente da France Presse.
Os rebeldes lançaram o ataque contra a mesquita, a mais importante de Aleppo, onde o exército instalou posições, acrescentou o jornalista. Os insurgentes acusam o governo de usar a mesquita como base militar devido à sua posição estratégica na cidade velha de Aleppo e de sua arquitetura, que faz dela uma fortaleza.
Uma fonte afirmou à France Presse que os rebeldes usaram explosivos para abrir uma fenda na parte sul da muralha da mesquita e tomaram o controle de uma parte deste imponente templo, construído no século VIII.
"Os combates provocaram um incêndio", afirmou o presidente do Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), Rami Abdel Rahman. No local, o correspondente da agência de notícias pôde constatar a ocorrência de violentos combates com armas automáticas.
A mesquita, construída no século VIII, foi destruída pela primeira vez pelos mongóis. Perto dela há uma biblioteca com uma coleção de livros religiosos. Recentemente, um incêndio destruiu vários locais do mercado de Aleppo, o mais importante do Oriente Médio e patrimônio histórico da cidade velha.
Intensa atividade diplomática
O conflito sírio provocou uma intensa atividade diplomática neste sábado em Istambul, em meio à tensão crescente entre Turquia e Síria, depois que Ancara interceptou um avião civil sírio nesta semana para controlar sua carga.
Em sinal de que as tensões não diminuem entre Turquia e Síria, um caça turco afastou na sexta-feira um helicóptero do exército sírio que tinha se aproximado da fronteira, segundo um funcionário turco.
O premier turco, Recep Tayyip Erdogan, e seu chanceler, Ahmet Davutoglu, tiveram uma reunião sobre a Síria com o secretário-geral da Liga Árabe, Nabil el Arabi, segundo a agência de notícias Anatolia.
Davutoglu e El Arabi conversaram sobre os últimos acontecimentos na fronteira turco-síria após a morte de cinco turcos em 3 de outubro por um obus sírio e a resposta da artilharia turca, segundo a agência Anatolia.
Também falaram sobre a situação da oposição síria, que a Turquia apoia, e da interceptação na quarta-feira de um avião de carreira sírio que viajava de Moscou para Damasco.
Ancara garante que o avião transportava armas de fabricação russa destinadas às forças sírias, o que negam Moscou e Damasco, sendo que este último mencionou simples peças de radar.
Os funcionários turcos também se reuniram no sábado com o ministro alemão das Relações Exteriores, Guido Westerwelle.
Após o encontro entre os ministros alemão e turco, Davutoglu advertiu que a Turquia responderia outra vez "sem hesitar" se a Síria violar sua fronteira. O exército turco responde sistematicamente há dez dias a cada obus que cai em seu território.
Westerwelle renovou o apoio do seu país à Turquia, aliados dentro da Otan, embora tenha pedido moderação.
Os encarregados turcos também se reunirão com o mediador da ONU e a Liga Árabe, Lajdar Brahimi, que iniciou na quarta-feira na Arábia Saudita um novo giro regional. No domingo, Brahimi estará em Teerã e na segunda-feira em Bagdá, segundo a TV iraniana.
Brahimi, encarregado de buscar uma saída para o conflito na Síria, tratará este sábado de "todos os aspectos" da crise com Davutoglu e o presidente turco Abdullah Gul, segundo uma fonte diplomática turca.

Fonte: G1