O grupo islamita que realizou o ataque seguido de sequestro coletivo
no campo de exploração de gás na Argélia teria se beneficiado de uma
"ajuda logística" por parte dos islamitas na Líbia, onde há um
crescimento dos extremistas desde a queda do regime de Muammar Kadhafi.
"Uma ajuda logística foi fornecida da Líbia", indicou uma fonte
próxima aos grupos extremistas na Líbia sob condição de anonimato.
Ela não informou a natureza desta ajuda, mas reconheceu que islamitas
líbios foram encarregados de estabelecer o contato entre os
sequestradores e a imprensa.
Assim, meios de comunicação internacionais tiveram acesso aos números
de telefone dos sequestradores, fornecidos por islamitas líbios que
estabeleceram suas bases no leste do país.
Após o ataque contra o complexo de gás de In Amenas, 1.300 km ao
sudeste de Argel, vários meios de comunicação revelaram uma "conexão
líbia" com o caso.
O site argelino TSA, que cita uma fonte de segurança da Argélia,
indicou que os sequestradores entraram no país a partir da Líbia em
veículos oficiais líbios. Outros afirmam que as roupas e armas
utilizadas pelos atacantes vieram da Líbia.
Questionados pela AFP, autoridades líbias se contentaram em repetir
as declarações do primeiro-ministro Ali Zidan, que desmentiu que os
sequestradores partiram da Líbia, afirmando que o território líbio não
servirá de ponto de partida para operações que ameaçam a segurança dos
países vizinhos.
Por sua vez, o primeiro-ministro argelino Abdelmalek Sellal afirmou
na segunda-feira que o comando islamita veio do norte do Mali, "de onde
partiu há dois meses".
A fonte islamita líbia informou que os extremistas líbios não tinham
nenhuma ligação organizacional com o grupo que comandou o ataque,
"Signatários com sangue", de Mokhtar Belmokhtar, um dos fundadores da
Al-Qaeda no Magreb Islâmico (Aqmi), que deixou em outubro para criar seu
próprio grupo.
Após a queda do regime de Muammar Kadhafi em outubro de 2011, os
islamitas líbios ganharam espaço e poder, herdando um grande arsenal
militar do conflito líbio.
Terra de ninguém
Este aumento do poderio militar dos grupos radicas foi ilustrado pelo
ataque mortal em 11 de setembro de 2012 contra o consulado americano em
Benghazi (leste), que terminou com a morte do embaixador Chris Stevens
e de três outros americanos.
"O grupo que se formou na Líbia se tornou mais importante do que
'Signatários com sangue' ou do que a Aqmi. Ele atua sozinho e tem seu
próprio emir", indicaram.
"Esses nomes de grupos não querem dizer nada. É evidente que há uma
ligação entre grupos extremistas líbios e aqueles que realizaram a
operação em In Amenas", considerou Jaber al-Abidi, um analista e
ativista político.
"Os extremistas líbios estão presentes no norte do Mali e
contribuíram com o tráfico de armas vindas da Líbia após a queda do
regime" de Kadhafi, acrescentou.
Segundo uma fonte líbia, o comando islamita que realizou o ataque
veio do Mali, "passando pelo Níger e depois pela Líbia, no triângulo do
'Salvador'", uma terra de ninguém no deserto onde se encontram as
fronteiras da Líbia, Argélia e Níger.
A Líbia ainda tem enormes dificuldades para patrulhar suas fronteiras terrestres de 4.000 km.
Com as novas autoridades, as forças encarregadas de monitorar as
fronteiras são dirigidas em sua maioria por islamitas radicais como
al-Seddik al-Obeidi, ex-ministro da Defesa para os guardas-fronteiriços,
que é um ex-membro e fundador do Grupo Islamita Líbio pelo Combate
(Gilc), ligado à Aqmi.
Obeidi está sendo investigado pelas autoridades por ter deixado seu
posto no sábado. Mas nenhuma ligação entre este fato e o ataque de In
Amenas não foi traçada.
Fonte: EM
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