Roberto Azevêdo vence mexicano e é eleito novo chefe da Organização
Mundial do Comércio. Para especialista, vitória é importante para
diplomacia brasileira e brasileiro tem condições de destravar comércio
multilateral.
O embaixador brasileiro Roberto Azevêdo foi escolhido nesta terça-feira
(07/05) novo diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC). Na
disputa com o mexicano Hermínio Blanco, ele obteve a maioria dos votos
dos 159 países-membros da organização, que tem sede em Genebra, Suíça.
O resultado oficial, como também a quantidade de votos recebida por cada
candidato, serão divulgados nesta quarta-feira. Em teoria, os países
podem vetar o nome de Azevêdo, mas, na prática, a decisão desta
terça-feira é considerada final. Os Estados Unidos e a Europa, que
apoiaram o candidato mexicano, já indicaram que não devem usar seu poder
de veto.
Reavivar Rodada de Doha é meta
É a primeira vez que a OMC vai ter um chefe proveniente de um país da
América Latina. Ao todo, nove candidatos de diferentes países disputaram
o pleito e concorreram à sucessão do atual chefe da OMC, o francês
Pascal Lamy, que ficou no cargo por oito anos. Azevêdo deverá assumir o
posto no início de setembro deste ano, e terá mandato de quatro anos.
Em entrevista exclusiva à Deutsche Welle, no início de fevereiro,
Azevêdo afirmara que pretende fortalecer o sistema multilateral de
comércio e destravar as negociações da Rodada de Doha, que tem o
objetivo de remover barreiras comerciais entre os países, e está parada
há 12 anos.
Ele quer, também, transformar novamente a OMC num foro viável de
negociações "para que as atenções voltem ao sistema multilateral e as
negociações voltem a ter um grau de ambição compatível com as
necessidades de crescimento do mundo atual".
Apesar de ser um grande desafio, fortalecer o sistema multilateral de
comércio e destravar Doha é possível. "O fato de ele ter conseguido
contornar o veto dos europeus e norte-americanos é um sinal de que terá
condições de avançar nas negociações da OMC", afirmou Antonio Carlos
Alves dos Santos, professor de Economia e Comércio Internacional da
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
Vitória para a diplomacia brasileira
Azevêdo, de 55 anos, ocupou vários cargos importantes, tanto no governo
brasileiro quanto em organizações internacionais – como, por exemplo,
entre 1997 e 2001, na Delegação do Brasil junto à ONU e outros
organismos internacionais em Genebra. Além disso, desde setembro de 2008
atua como Representante Permanente do Brasil junto à OMC, atuando como
negociador-chave nas transações multilaterais de comércio.
O embaixador brasileiro teria recebido o apoio de países de todas as
regiões, e isso pode ser considerado uma grande vitória para a
diplomacia brasileira. "A estratégia de se aproximar mais dos países
africanos [que têm 50 votos na OMC, quase um terço do total], uma
estratégia do governo Lula, começa a dar frutos. Foi muito importante o
apoio dos africanos neste processo", comentou Alves dos Santos, da
PUC-SP.
Criada em 1995, a Organização Mundial do Comércio tem o objetivo de
avançar nas negociações comerciais globais, num esforço para estimular o
crescimento através da abertura de mercados e reduzir as barreiras
comerciais, incluindo subsídios, impostos e regulamentações excessivas.
O diretor-geral da OMC não é eleito formalmente. Ao contrário de
organizações internacionais semelhantes, como os vários braços da
Organização das Nações Unidas (ONU), cujos chefes são nomeados, a OMC
escolhe seu chefe por consenso.
Fonte: DW
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