Onze empresas petroleiras, asiáticas em sua maioria, pagaram a taxa
para participar do leilão de Libra, maior reserva já descoberta no
pré-sal brasileiro, frustrando expectativas da agência governamental que
organiza a disputa.
A licitação, a primeira do pré-sal, terá a japonesa
Mitsui, a indiana ONGC, a malaia Petronas e as chinesas CNOOC e CNPC,
que já pagaram a taxa à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis (ANP), disse à Reuters uma fonte com conhecimento direto
do assunto --o prazo de pagamento da taxa de pouco mais de 2 milhões de
reais se encerrou na quarta-feira.
Além dessas empresas com sede na Ásia, uma outra com
participação asiática é a Repsol Sinopec Brasil, companhia que tem 60
por cento de participação espanhola e 40 por cento da chinesa Sinopec.
Também pagaram a taxa à ANP a Petrobras, a
anglo-holandesa Shell, a colombiana Ecopetrol, a francesa Total e a
Petrogal, a subsidiária brasileira da portuguesa Galp, que conta também
com participação da chinesa Sinopec.
"A gente já estava prevendo a forte participação das
asiáticas, o interesse deles já existia e foi confirmado agora. Eles têm
uma situação de dependência de importação de petróleo muito grande, uma
necessidade de acesso a novas áreas e reservas de grande porte",
afirmou a fonte, que falou sob condição de anonimato.
A fonte prevê a formação de três consórcios para
disputar Libra, com reservas recuperáveis estimadas pela ANP entre 8
bilhões e 12 bilhões de barris, o que faria da área a maior do país em
petróleo.
A ANP informou mais cedo que 11 empresas pagaram a taxa, mas não revelou os nomes das companhias.
Procurada, a assessoria de imprensa da autarquia
informou que somente divulgará quais são as companhias quando elas
estiverem habilitadas a participar do leilão --após o pagamento da taxa,
as petroleiras ainda passam por um processo de habilitação.
GRANDES DE FORA
Três gigantes do setor de petróleo, a norte-americana
Exxon Mobil e as britânicas BP e BG, estão fora do leilão, afirmou pela
manhã a diretora-geral da ANP, Magda Chambriard.
"Eu recebi telefonemas de três empresas, Exxon, BP e
BG, dizendo que não vão participar do leilão do pré-sal por questões
muito específicas de cada empresa. No entanto, reafirmaram o interesse
no Brasil", disse Magda, após um evento da ANP no Rio.
AQUÉM DO ESPERADO
A diretora-geral da ANP disse que esperava que até 40
empresas participassem da disputa por Libra, mas que a "conjuntura" fez
com que o número fosse menor.
O número reduzido de participantes também surpreendeu
um consultor e ex-diretor da Petrobras. "É uma surpresa. A área (de
Libra) é extremamente promissora, e não tem oportunidades no mundo em
exploração de petróleo como áreas do pré-sal brasileiro", afirmou Paulo
Roberto Costa, da Costa Global Consultoria.
Ele também se disse surpreso com o fato de companhias
como Exxon, BP e BG não terem pago a taxa de participação no leilão, o
que as exclui do processo.
"É uma coisa a ser pensada sobre o motivo de isso ter
acontecido", disse ele, referindo-se ao número relativamente limitado de
companhias.
Questionado sobre os motivos da baixa adesão, ele
avaliou que isso pode ter relação com o fato de a lei determinar a
Petrobras como operadora única de Libra, com no mínimo 30 por cento de
participação na reserva.
Do UOL
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