O Exército israelita anunciou hoje a descoberta de 40 mísseis, com um alcance até 160 quilómetros, 181 obuses e 400 mil balas, a bordo de uma embarcação intercetada, que, como alegou, transportava armas enviadas para Gaza pelo Irão.
O descarregamento e a inspeção dos contentores foram feitos hoje, no porto de Eilat, no sul de Israel, por uma força de intervenção composta por militares da Marinha e do serviço de armamento, adiantou o Exército israelita em comunicado.
"Cada um dos mísseis era uma ameaça contra a segurança dos cidadãos de Israel", sustentou o chefe do Estado-Maior do Exército de Israel, Benny Gantz, citado no comunicado, advertindo que os "esforços para impedir a proliferação de armas (...) na região não terminaram".
A embarcação foi intercetada na quarta-feira no Mar Vermelho, entre a Eritreia e o Sudão, tendo sido escoltada no sábado à noite para o porto de Eilat, por dois navios da Marinha israelita.
De acordo com Israel, o armamento deveria ter sido descarregado em Porto-Sudão e, posteriormente, encaminhado por via terrestre para a Faixa de Gaza, através da península egípcia do Sinai.
O Irão negou qualquer envolvimento no carregamento de armas, mas o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, acusou hoje a República islâmica de "mentir descaradamente".

Do JN



As Forças de Defesa de Israel expuseram à imprensa, hoje, o arsenal encontrado na quarta-feira no mar Vermelho, sugerindo um plano iraniano para enviar o armamento até a faixa de Gaza.
O Exército espalhou diante da costa -contraposta pelas montanhas jordanianas, ao fundo- os 40 foguetes M-302 e os 181 morteiros tomados em um navio interceptado, além de 400 mil projéteis.

Também estavam expostos na base, na região fronteiriça com a Jordânia e próxima à Arábia Saudita, os sacos de cimento "made in Iran" que têm servido ao governo israelense como evidência da origem das armas.

Segundo analistas, a divulgação dos foguetes e de seu disfarce serve, também, como maneira de convencer a imprensa e a opinião internacional da veracidade da operação militar, questionada durante a semana. As evidências conclusivas, que teriam levado o governo a autorizar a missão, são de escopo de Inteligência e não podem, assim, ser divulgadas.

"Apesar de haver respostas, essas questões não podem ser respondidas", afirma à Folha de S.Paulo Reuven Ben-Shalom, ex-militar que participou de operações semelhantes no passado."É um extenso trabalho de Inteligência."

A amplitude da missão deixa evidente, também, a capacidade de monitoramento israelense. De acordo com as Forças de Defesa de Israel, o carregamento iraniano vinha sendo monitorado "há vários meses". Imagens do aeroporto de Damasco foram entregues à imprensa.

"Estamos expondo o Irã", diz Ben-Shalom, "mas mostramos também, assim, as nossas habilidades de Inteligência e o quanto podemos cooperar com as agências internacionais." Israel teve amparo americano na operação.

Tese
A tese israelense é de que os 40 mísseis M-302 foram produzidos em Damasco e enviados para Teerã, de onde foram encaminhados até o porto de Bandar Abbas.

Dali, o carregamento seguiu para o porto iraquiano de Umm Qasr, onde foi camuflado em sacos de cimento. Por fim, o navio rumou ao Sudão, antes do que foi interceptado. O destino das armas era a faixa de Gaza, hoje controlada pelo Hamas.

A teoria é, porém, contestada. O Irã e o Hamas negam. Além disso, o trajeto por meio do deserto do Sinai, no Egito, é fortemente vigiado -e os túneis de contrabando foram quase todos destruídos, no último ano.

Caso os mísseis M-302 tivessem de fato chegado a Gaza, porém, o armamento representaria um drástico aumento nas capacidades bélicas da facção Hamas.

O M-302 tem alcance de entre 100 e 200 quilômetros. Mesmo em sua menor potência, o míssil ameaçaria uma grande parte de Israel, com milhões de civis sob risco.

Do Folhapress - Via Agora