Após quatro submarinos, França poderá vender aviões ao Brasil

Fonte: Monitor Mercatil - Por: S. Barreto Motta

Ao que tudo indica, a França deverá apoiar a candidatura brasileira ao Conselho de Segurança da ONU ou então proporá a escolha de Lula como presidente do Banco Mundial. Afinal, as relações comerciais entre os dois países estão cada vez melhores - principalmente para os franceses, que têm feito contratos bilionários, durante a atual comemoração do "Ano da França no Brasil".

O jornal La Tribune adiantou que, durante as comemorações do 7 de setembro, em Brasília, Lula deverá anunciar a compra de aviões franceses Rafale por R$ 12 bilhões, para reequipar a Força Aérea Brasileira. A possível encomenda - não confirmada no Brasil - se refere ao projeto FX-2 da Força Aérea Brasileira (FAB), à qual concorrem também o F-18, da Boeing norte-americana, e o Gripen NG, da Saab sueca. Fala-se também em 51 helicópteros pesados Cougar EC-725.

Como recentemente foi anunciado um pacote de R$ 20 bilhões para a produção de quatro submarinos Scorpene no Brasil, a conta bilateral está cada vez mais gorda. Se confirmado o contrato de aviões e helicópteros, esta atingiria R$ 32 bilhões. A propósito, comenta o Relatório Reservado que o fato de o ministro da Defesa, Nelson Jobim, ter dado uma volta em um Rafale francês, às véspéras do anúncio oficial do governo brasileiro, gerou mal-estar em Brasília.

No caso dos submarinos, esta coluna antecipou e a grande imprensa confirmou, no último domingo, que a proposta alemã é mais barata do que a francesa. Nos últimos anos, o melhor desempenho no mercado mundial foi dos submarinos alemães, responsáveis por 81% das vendas internacionais - possivelmente por disporem de tecnologia mais apurada. Também foi levantada polêmica de que, em vez de construir novo estaleiro em Itaguaí (RJ), os alemães teriam proposto simples modernização do centenário Arsenal de Marinha, do Rio, onde já foram construídos diversos navios de guerra.

O Arsenal também construiu quatro submarinos de projeto e tecnologia alemãs e com algumas partes vindas da Alemanha. O último submarino construído no Arsenal seguiu projeto de construção modificado por engenheiros da Marinha. Os alemães da Thyssenkrupp, no entanto, publicaram nota na qual afirmam não desejar polemizar quanto a decisões do governo brasileiro.

Outro ponto do acordo está no fato de que a encomenda de submarinos terá, como parceiro da estatal francesa DCNS a brasileira Odebrecht, escolhida sem licitação - decisão publicada de forma objetiva no Diário Oficial da União. No caso dos aviões, a opinião pública quer saber se haverá transferência de tecnologia ou participação da brasileira Embraer.

Fontes do setor garantem à coluna que o processo da Aeronáutica foi bem encaminhado e a transferência de tecnologia estaria bem orientada, pois é critério de julgamento para definição do vencedor. Qualquer que seja o vencedor - ninguém pode garantir que sejam os franceses, como adiantou o jornal La Tribune, a Embraer vai ser a fabricante da aeronave.

Também em relação a partes e equipamentos está prometida a transferência de tecnologia. Embora negócios militares sejam sempre tratados de forma mais ou menos sigilosa, transparência é sempre positiva, pois permite novas visões e, em geral, implica redução no preço total a ser pago pelos governos de países compradores de tecnologia e equipamentos, como é o caso do Brasil.

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