Por Marcelo Gonçalves é sócio-diretor da BDO Trevisan. E-mailgoncalves@bdotrevisan.com.br.
Encontra-se na reta final a concorrência para a aquisição pelo governo brasileiro de 36 aviões de combate supersônicos que serão incorporados pela FAB – Força Aérea Brasileira. As três empresas que seguem na disputa pela fabricação dos caças militares do chamado Projeto F-X2 (a norte-americana Boeing, com o F-18 Super Hornet; a francesa Dassault, com o Rafale; e a sueca SAAB, com o Gripen NG) já entregaram suas ofertas finais e definiram suas condições de fornecimento.
Com a aquisição das aeronaves, a FAB pretende renovar sua frota de combate e ampliar a capacidade de defesa aérea sobre o território nacional. A Força Aérea, que é responsável pela análise das três propostas finais, encaminhará as informações apuradas ao Ministério da Defesa e à Presidência da República. A última avaliação sobre qual empresa será escolhida como vencedora da concorrência é feita pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, e pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com base nos dados reunidos pela Aeronáutica. A concordância final sobre o projeto vencedor cabe ao Conselho de Defesa Nacional.
As estimativas do mercado indicam que o custo do Projeto F-X2 para o governo brasileiro pode ultrapassar os US$ 2 bilhões, ou algo em torno de R$ 4 bilhões. A grande vantagem para o país é que a concorrência leva em consideração duas importantes exigências apresentadas aos futuros fornecedores: a transferência de tecnologia e a possível fabricação das aeronaves no Brasil.
Todas as três concorrentes teriam se comprometido a produzir pelo menos parcialmente os aviões no país. Essa é uma grande notícia para a indústria de defesa brasileira, que, além de passar a ter acesso às tecnologias de ponta envolvidas no projeto do caça vencedor, poderá gerar inúmeros (possivelmente milhares) empregos diretos e indiretos.
As três empresas estrangeiras já promoveram contatos, sondagens, avaliações e análises de diversas companhias nacionais dos setores de defesa, tecnologia e aeronáutica que poderão se tornar parceiras na empreitada. Algumas das potenciais sócias já teriam inclusive firmado compromissos que dependem apenas do desfecho da concorrência para serem fechados.
É interessante destacar que o Vale do Paraíba (SP) está entre as regiões de vanguarda nas discussões sobre a formação de possíveis parceiras no Projeto F-X2. Afinal, a região abriga o ITA – Instituto Tecnológico de Aeronáutica, centros de pesquisa tecnológica de ponta e algumas das maiores e mais importantes empresas de aeronáutica, defesa e tecnologia do país. A produção dos futuros caças da FAB deve envolver empresas e pessoas daquela região. Nessa linha, é provável que as oportunidades também cheguem a outros pólos de excelência do Brasil, contribuindo para a evolução de nossa tecnologia de ponta e indústria, o que representará mais um importante fator de estímulo ao desenvolvimento de nosso país.
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