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Num negócio da magnitude do FX2, é inevitável que o fator político além do militar acabem por ter uma influência na decisão.

FAB dá novo prazo para empresas apresentarem novas propostas de caças

O prazo foi definido em função da necessidade da empresa francesa Dassault, fabricante dos aviões militares Rafale, de formalizar uma proposta comercial compatível com os parâmetros referidos pelo presidente francês, Nicolas Sarkozy


As três empresas estrangeiras que disputam o contrato que a Força Aérea Brasileira (FAB) vai assinar para comprar 36 novos aviões de combate terão até o próximo dia 21 para apresentar as propostas de venda de seus caças.

O prazo foi definido em função da necessidade da empresa francesa Dassault, fabricante dos aviões militares Rafale, de formalizar uma proposta comercial compatível com os parâmetros referidos pelo presidente francês, Nicolas Sarkozy, durante visita ao Brasil, entre os dias 6 e 7 de Setembro.

Após assinar uma série de acordos comerciais na área militar, fruto da parceria estratégica entre Brasil e França que começou a ser discutida em 2005, Sarkozy se comprometeu a ofertar os caças Rafale ao Brasil “com preços competitivos, razoáveis e comparáveis aos pagos pelas Forças Armadas francesas”.

A data limite servirá também para que a sueca Saab, fabricante do Gripen NG, e a norte-americana Boeing, produtora do modelo F-18 Super Hornet, reapresentem suas propostas.

A expectativa da FAB é de concluir o processo de análise técnica até o fim de outubro, para que as informações sejam entregues ao ministro da Defesa, Nelson Jobim, que as repassará ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a quem caberá fazer a análise política e estratégica e tomar a decisão final sobre o vencedor da disputa comercial

De acordo com o Comando da Aeronáutica, os concorrentes estão sendo avaliados em cinco áreas prioritárias: transferência de tecnologia; domínio brasileiro do sistema de armas oferecido; acordos de compensação e participação da indústria nacional, além de aspectos técnico-operacional e comercial. O domínio do sistema de armas irá garantir que o Brasil use, sem qualquer restrição, os armamentos próprios, já existentes ou a serem desenvolvidos.

Segundo o Ministério da Defesa, o processo de aquisição das aeronaves está seguindo o seu curso normal e o governo jamais afirmou ter preferência pelos caças franceses, conforme noticiado por vários veículos de imprensa após Lula e Sarkozy anunciarem uma parceria estratégica para o setor aeronáutico.

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Gripen NG Saab (Suécia)
Raio de combate 1.300 km
Velocidade máxima 2.100 km/h
Motor 1 (GE 414)
Peso máximo de armamentos 6,5 toneladas
Ponto forte: Seria o mais barato e poderá agregar tecnologia até o início da produção
Ponto fraco: Como é um projeto em desenvolvimento, poderá ficar mais caro que o previsto
Nunca foi testado em combate

Boeing e Saab pretendem apresentar novas propostas para vender caças


Valor Online - Por: Sergio Leo - Via O Globo

Apesar da franca preferência manifestada pelo governo brasileiro pelos franceses, na concorrência para o fornecimento de jatos de combate à Força Aérea, os concorrentes sueco e americano pretendem apresentar novas propostas, e esperam obter o apoio dos militares para influenciar a decisão a ser tomada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O governo vem mostrando, em declarações públicas, que só um preço excessivamente alto impedirá a escolha dos caças Rafale, da Dassault. A Boeing americana e a Saab sueca apostam nas propostas técnicas para vencer as resistências políticas em Brasília.

" Temos confiança total no processo transparente que vem sendo conduzido pela Aeronáutica " , disse o diretor-geral da Gripen no Brasil, Bengt Janér. " Estamos trabalhando para clarificar pontos que não tenham ficado claros. " Ele afirma que a nova versão do caça fabricados pela Saab, ainda em projeto, permitirá aos técnicos brasileiros desenvolver o jato em trabalho conjunto com os suecos, incorporando equipamentos produzidos no Brasil por companhias do setor, enquanto os Rafale já são um projeto concluído, que limita os ganhos em transferência de tecnologia. " Temos uma janela de oportunidade para desenvolver um caça sueco-brasileiro " , insiste.

Tanto os suecos quanto os americanos afirmam ser possível colaborar com a Embraer no desenvolvimento e construção do futuro avião cargueiro em projeto na empresa, o KC-390. Os americanos afirmam que a proposta de cooperação já consta da última oferta apresentada pela Boeing, candidata a fornecer à FAB os caças F/A-18 Super Hornet.

Esquema mostrando a quantidade de sistemas de armas que podem ser utilizadas a partir do Super Hornet.

Há meses, a Embraer e Boeing discutem a possibilidade de produzir em conjunto o cargueiro que a empresa brasileira não teria condições financeiras de produzir, ainda. Os franceses prometeram não só cooperar, como comprar dez desses aviões, mas a oferta causa estranheza na concorrência, que lembra o compromisso da França com a construção de avião semelhante da Airbus, que tem participação francesa, um projeto que já enfrenta problemas de orçamento e prazo.

Os americanos não se pronunciaram oficialmente, mas também esperam que a simpatia de integrantes da Força Aérea com a oferta de compartilhamento tecnológico e de equipamentos compense a inclinação política do governo contra o caça da Boeing. Membros do governo como o ministro da Defesa, Nelson Jobim, e o assessor internacional da presidência, Marco Aurélio Garcia, já disseram publicamente e em conversas com autoridades americanas que têm dúvidas se o governo dos Estados Unidos poderá manter, sem interferência do Congresso, a promessa de transferência de tecnologia.

Nos últimos 12 meses, a Boeing e o governo americano negociaram no Congresso dos EUA autorização para fornecimento do caça F/A-18 Super Hornet com um pacote alentado de equipamentos, como sistemas de radar, iscas anti-míssil, mísseis e até o compromisso de fazer as adaptações necessárias para que o caça carregasse mísseis de fabricação estrangeira, algo nunca aceita nos contratos anteriores de venda de jatos americanos. O governo brasileiro não se satisfez, porém, por exigir abertura de códigos-fonte do avião que permitam alterações posteriores a serem feitas pela própria FAB - demanda rejeitada pelos EUA.

A Boeing admite fabricar o caça no Brasil, como promete a Dassault, embora, no caso francês, a promessa alcance somente a fabricação local de caças adicionais aos 36 que serão vendidos nessa concorrência. A criação de linhas de montagem no país aumentaria o preço dos aviões, porém. Os americanos insinuam que a escolha do concorrente francês será por um modelo mais caro e com menos qualificação técnica.

Os suecos enfatizam o baixo custo de operação do Gripen, um avião de apenas uma turbina, e rejeitam o argumento levantado pela área política do governo, de que o jato seria mais vulnerável a acidentes com perda total devido à ausência de uma segunda turbina (existente no Rafale e no F/A-18). " Há 230 unidades do modelo antigo do Gripen em operação, vendidas a cinco países, com cerca de 120 mil horas de voo, só na Suécia, sem problema " , argumenta.

“Sarkozy é realmente um grande vendedor”, diz diretor da SAAB

Klecio Santos - Zero Hora - CLICRBS

Diretor-geral no Brasil da SAAB, que fabrica o caça sueco Gripen, Bengt Janér, rompeu ontem o silêncio. Em entrevista a Zero Hora, falou das vantagens do seu avião em relação ao francês Rafale e ao americano F-18. Se mostra resignado com o favoritismo francês, mas põe em xeque a escolha de uma empresa que estaria abalada financeiramente pela crise. A seguir, os principais trechos:

Zero Hora – A SAAB entende que houve confusão ou um anúncio precipitado na forma como o governo brasileiro demonstrou preferência pelos caças franceses?

Bengt Janér –
Não houve confusão. O presidente Lula recebeu o visitante ilustre (Nicolas Sarkozy) e a pressão deve ter sido muito grande. Nós entendemos que foi por aí. No dia seguinte, o ministro (Nelson Jobim) colocou as coisas de novo como eram. Ou seja, o francês fez uma proposta que parecia irrecusável e agora ela precisa ser colocada no papel. Só vai valer o que está escrito na concorrência. Também fomos chamados para melhorar a nossa proposta.

ZH – Vocês consideram que o governo brasileiro foi pressionado neste caso?

Janér –
Foi uma pressão grande do governo francês. Esse processo tem sido muito profissional comparado com outras concorrências. O trabalho da Aeronáutica é primoroso. Temos alguns dias para melhorar a nossa proposta.

ZH – A questão técnica vai prevalecer sobre a político-diplomática, já que está clara a vontade do Brasil em estabelecer uma relação mais próxima com a França nesses dois campos?

Janér –
Para nós, o que vale é o relatório técnico. Podemos até perder numa decisão política. Faz parte do processo. É o risco que corremos. Agora, nós achamos que temos uma proposta extremamente atraente.

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ZH – Uma das vantagens de vocês seria a oferta de produção do avião aqui no Brasil?

Janér –
Sim, vamos produzir juntamente com a indústria nacional. Os outros dois já estão com o bolo pronto, vão dar uma receita de uma coisa pronta que estão chamando de transferência de tecnologia. Temos um produto pronto que é o Gripen C/D, que ganhou mais de 50% das concorrências que participamos. Para o Brasil será uma versão mais atualizada, com um motor mais possante.

ZH – Qual a principal diferença entre o Gripen e o Rafale?

Janér –
O Rafale é um produto de 2003 com algumas pequenas modificações. O Gripen NG (versão modernizada) é um produto de 2012. Ou seja, quando estivermos entregando o primeiro Gripen, em 2014, ele estará 10 anos na frente do seu concorrente mais próximo. Isso sem falar no F-18 americano, que é um modelo ainda mais antigo.

ZH – O senhor acha que o presidente Lula voltaria atrás na decisão?

Janér –
Não. Ele está fazendo uma coisa positiva para a nação. Se no final, o presidente, por questões políticas, se decidir pelo Rafale, é um direito que ele tem.

ZH – A Dassault contou com um apoio de peso, o do presidente Nicolas Sarkozy. Essa é a grande vantagem da empresa?

Jáner –
Sarkozy é realmente um grande vendedor. Nós não temos essa força política que a França e os EUA têm. Mas o que estamos oferecendo é uma parceria de verdade e não simplesmente a venda de um produto. Fico imaginando que essa compra irá salvar a Dassault, que é uma concorrente da Embraer. Para nós essa é uma questão estranha. Elas são concorrentes na área de aviação corporativa.

ZH – Que outras vantagens o Gripen tem?

Janér –
Vamos criar empregos só no Brasil. A montagem da aeronave será aqui. E estamos acreditando numa parceria com a Embraer para vender esse avião pelo mundo. Juntos, seremos imbatíveis. Os caças monomotores (como o Gripen) dominam o mercado. Em comparação com o Rafale, é como se você ganhasse uma Ferrari, mas não pode vendê-la. Ou seja, os bimotores são caças caros para operar. Estamos falando hoje de US$ 4 mil o custo da hora de voo, que inclui manutenção e combustível. O caça bimotor mais barato do mercado não sai por menos de US$ 14 mil a hora. Se multiplicar por 200 horas de voo por ano, que é a média, são US$ 2 milhões. Multiplica por 36 caças, imagina. Uma coisa é receber o produto, outra é mantê-lo com o orçamento limitado das Forças Armadas.